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Cartas Do Brasil - Brasiliana USP

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ANTÔNIO FRANCO<br />

a Deus o negocio e pareceu ser mais necessário sua presença em<br />

S Vicente, ainda para as mesmas pazes, em ordem a agasalhar os<br />

Tamoyos que lá fossem e lhes tirar de todo algum resabio de medo.<br />

Portanto consentiram os índios que fosse so o padre Nobrega e<br />

ficasse o' irmão Anchieta, sabendo que em quanto comsigo o tivessem<br />

não receberiam damno algum dos Portuguezes.<br />

Não havia acabar com o padre Nobrega ir-se e deixar alli o<br />

Irmão só; mas emfim á instância do mesmo Irmão se embarcou e<br />

partiu. No caminho padeceu uma noite tal tempestade, que já<br />

todos se davam por perdidos e dous valentes mestiços tratavam<br />

entre si de levar o Padre á praia sobre uma eseotilha;. porém<br />

abrandando a tormenta, no fim de Junho chegaram a S. Vicente.<br />

Com sua chegada se dava tal tractamento aos Tamoyos, que<br />

se deixavam estar lá muitos dias, como em suas casas. O padre<br />

Nobrega os levou ás aldeias dos índios nossos discipulos, onde se<br />

abraçavam uns aos outros sem lembrança das guerras passadas.<br />

O mesmo se fazia em Piratininga, indo os Tamoyos do sertão muito<br />

seguros, tractando com muita paz com os Portuguezes e com os<br />

nossos índios.<br />

O irmão Anchieta ficou entre os Tamoyos, dizendo-lhe o padre<br />

Nobrega que quantos meios se lhe offerecessem para se poder ir,<br />

todos lh'os deixava mandados. Deteve-se alli o Irmão quasi três<br />

mezes, nos quaes lhe succederam cousas mui notáveis, que se contam<br />

em sua prodigiosa vida e não são d'este logar. Depois os mesmos<br />

Tamoyos o levaram a S. Vicente, onde chegou dia de S. Matheus.<br />

Estas tão proveitosas pazes quebraram depois os Tamoyos<br />

do Rio de Janeiro, do que se lhes originou sua destruição e o principio<br />

da cidade, que alli têm hoje os Portuguezes e o do nosso Collegio,<br />

que nella ha. Aquelle bom Indio7 que foi o amparo dos Padres<br />

entre os Tamoyos, em prêmio desta sua obra o fez Deus filho<br />

seu pelo baptismo e veiu a morrer como bom christão.<br />

CAPITULO VII<br />

<strong>Do</strong> grande zelo que o padre Nobrega teve na conquista do Rio de,<br />

Janeiro e do que nisso passou e como alli falleceu santamente.<br />

HAVENDO em Portugal noticia do estado das cousas do Rio de<br />

Janeiro, entendendo os do governo, quanto convinha fazer<br />

alli cidade e fortifieação, mandou a Rainha D. Catharina alguns<br />

galeões e por capitão delles a Estacio de Sá, sobrinho de Men de<br />

Sá, o qual sujeito em tudo ás ordens do tio fosse povoar o Rio de<br />

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