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Cartas Do Brasil - Brasiliana USP

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MANUEL DA NOBREGA<br />

Estes Francezes seguiam as heresias da Allemanha, principalmente<br />

as de Calvino, que está em Genebra, e segundo soube delles<br />

mesmos e pelos livros que lhes acharam muitos, e vinham a esta<br />

terra a semear estas heresias pelo Gentio; e segundo soube tinham<br />

mandados muitos meninos do Gentio a aprendel-as ao mesmo Calvino<br />

e outras partes para depois serem mestres, e destes levou alguns<br />

a Villagalhão que era o que fizera áquella fortaleza, e se intitulara<br />

Rei do <strong>Brasil</strong>.<br />

Deste se conta que dizia que, quando El-Rei de França o não<br />

quizesse favorecer para poder ganhar esta terra, que se havia de<br />

ir confederar com o Turco, promettendo-lhe de lhe dar por esta<br />

parte a conquista da índia, e as naus dos Portuguezes que de lá<br />

viessem, porque poderia aqui fazer o Turco suas armadas com<br />

a muita madeira da terra; mas o Senhor olhou do alto tanta maldade<br />

e houve misericórdia da terra e de tanta perdição de almas,<br />

e mentita est iniquitas sibi, e desfez-lhe o ninho e deu sua fortaleza<br />

em mão dos Portuguezes, a qual se destruiu o que delia se<br />

em que em vez" de ao tempo que cheguei trazem ao tempo que negociei; deste<br />

grave erro typographieo inferiu o illustre historiador para assegurar que Men<br />

de Sá diz que "negociara" com os Francezes, dando esta palavra entre aspas<br />

como aqui está. A edição Barbosa Machado é a que merece fé, porque o<br />

chronista declara que a carta foi copiada do original existente na Torre do<br />

Tombo, gav. 2, maço 10. A edição da Hist. Seb. de Santos menos correcta<br />

que a precedente, também traz cheguei e diz-se á margem que o mse. está na<br />

Torre do Tombo, gaveta extras. O Almanac de Duarte Nunes, e a cópia que<br />

se acha nos Ann. ão Bio, mse. cit. na nota 97, em tudo conforme á edição<br />

da Hist. Seb., trazem também cheguei.<br />

Porto Seguro diz que "os Francezes, sem água nem pólvora, capitularam<br />

em numero de 74, e alguns escravos; aos quaes depois se uniram mais<br />

de 40, dos de um navio apresado, e de outros que andaram em terra." Men<br />

de Sá porém é bastante claro, pois quando falia dos 74 Francezes e alguns<br />

escravos que estavam na fortaleza, quando chegou, nos que depois entraram,<br />

mais de 40 dos da nau tomada (pela galé Esaura), e outros que andavam em<br />

terra, e nos mais de mil Gentios espingardeiros, dá ao mesmo tempo a força<br />

portugueza e a sua auxiliar brasileira, confrontando-as por conseguinte.<br />

Anchieta, que estava em S. Vicente quando ahi chegaram Men de Sá e<br />

Nobrega com a nova da victoria, diz na carta do I o do Junho de 1560: "E<br />

quando já nas naus não havia pólvora e os que pelejavam em terra desfalleeiam<br />

já pelo muito trabalho, fugiram os Francezes, desamparando a torre<br />

e recolheram-se ás povoações dos Bárbaros em canoas de maneira que é de<br />

crer que mais fugiram com espanto que lhes poz o Senhor do que com as<br />

forças humanas." — [Conf. Varnhagen, Historia Geral, I, 402, nota VI, da<br />

4 a ed.]. — G. .<br />

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