a consciência em crise na narrativa de clarice lispector
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Correlacio<strong>na</strong>ndoo com suas instâncias significativas, ele subverte os postulados do<br />
“Espírito absoluto”. Isso nos leva a enten<strong>de</strong>r que, mesmo a abstração, não po<strong>de</strong><br />
prescindir dos constituintes materiais resultantes do contexto situacio<strong>na</strong>l da<br />
mediação “sujeitoobjeto”. Outro dado <strong>em</strong>butido nessa experiência ajuda a <strong>de</strong>sfazer<br />
o mal entendido <strong>de</strong> que o pensamento marxiano seria <strong>de</strong>terminista, posto que, <strong>na</strong><br />
mediação sujeitoobjeto, tanto aquele quanto este são partícipes <strong>de</strong> um princípio no<br />
qual a materialida<strong>de</strong> concreta pressupõe como condição única o ininterrupto<br />
tensio<strong>na</strong>mento dos agentes <strong>de</strong>ssa relação com as <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ções subsumidas neste<br />
processo. Nestas circunstâncias,<br />
Tratase <strong>de</strong> pensar a <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção não como algo inexorável, que<br />
não <strong>de</strong>ixa lugar para a agência huma<strong>na</strong>, mas como o exercício <strong>de</strong><br />
pressões e o estabelecimento <strong>de</strong> limites. A frase <strong>de</strong> Marx do 18<br />
Brumário, ‘os homens faz<strong>em</strong> sua história mas não <strong>na</strong>s condições<br />
que escolheram’, exprime b<strong>em</strong> essa dialética entre ação huma<strong>na</strong> e<br />
condições prédadas (CEVASCO:2003, 67).<br />
Como alter<strong>na</strong>tiva, o que não significa uma oposição ao pensamento hegeliano,<br />
tomando como âncora o comentário <strong>de</strong> Cevasco, tentarei explicitar que o<br />
materialismo histórico se constitui <strong>na</strong> própria história do sujeito, princípio que rege a<br />
compreensão do conceito <strong>de</strong> práxis, uma das orientações teóricas <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Por mais inusitado que possa parecer, é a partir mesmo <strong>de</strong> uma instância<br />
metafísica – vejase a convergência do t<strong>em</strong>a selecio<strong>na</strong>do – que irei a<strong>na</strong>lisar o<br />
romance <strong>de</strong> Lispector no contexto <strong>de</strong> um conflito <strong>em</strong> que está implícita uma questão<br />
social. Nessa perspectiva, acho pouco provável não associar o drama da<br />
perso<strong>na</strong>g<strong>em</strong> G.H. no confronto com a barata como um engenhoso artifício da autora<br />
para manter subsumida <strong>na</strong> esfera do texto a d<strong>em</strong>anda i<strong>de</strong>ológica sugerida <strong>na</strong><br />
culposa relação <strong>de</strong> classe “patroa<strong>em</strong>pregada”. Na vertente <strong>de</strong>ste probl<strong>em</strong>a, o<br />
monólogo da perso<strong>na</strong>g<strong>em</strong> parece estabelecer uma a<strong>na</strong>logia com o contexto da<br />
publicação da obra (1964), justamente <strong>na</strong> época da <strong>de</strong>flagração do golpe militar,<br />
período histórico <strong>em</strong> que a socieda<strong>de</strong> brasileira mantevese praticamente silenciada<br />
e, consequent<strong>em</strong>ente, à marg<strong>em</strong> da renhida luta<strong>de</strong>classes que se estabeleceu<br />
entre nós e, através <strong>de</strong>sta, a supr<strong>em</strong>acia <strong>de</strong> um pensamento heg<strong>em</strong>ônico no qual a<br />
distopia enredava <strong>em</strong> suas teias ardilosas a <strong>de</strong>scrença <strong>na</strong> utopia. Nessa análise,<br />
<strong>de</strong>staquese o papel que é atribuído à “representação da linguag<strong>em</strong>”.<br />
Contextualizando 1964 como um ano marcado pela perseguição aos políticos e<br />
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