35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

Os parâmetros da análise de regressão múltipla encontrados a
partir da associação entre valores estimados de VO2max e
informações relacionadas aos níveis de prática de atividade física
habitual, apesar de destacarem idêntica variável preditora
para moças e rapazes, o que parece refletir mecanismo de
influência semelhante, apontam diferenças inter-sexos importantes
quanto à magnitude da capacidade de explicação.
Nesse particular, aspecto que merece atenção refere-se ao fato
das informações quanto à DEtotal terem sido abandonadas
quando da elaboração dos modelos de regressão voltados à
explicação estatística das variações nas estimativas dos valores
de VO2max. Em vista disso, mesmo admitindo que a quantidade
de energia despendida durante o dia se mostrou diretamente
dependente da intensidade com que as atividades físicas são
realizadas, tudo indica que, para se alcançar maior impacto nos
valores estimados de VO2max, deve-se priorizar sobretudo atividades
físicas habitualmente realizadas pelos adolescentes envolvendo
esforços físicos de moderada-a-vigorosa intensidade.
Apesar da significância estatística apontada pelos modelos de
regressão achados, de que a proporção de variação dos valores
estimados de VO2max, que pode ser explicada por informações
quanto aos níveis de prática de atividade física habitual, em
sujeitos jovens, é relativamente baixa, e que outros componentes
da aptidão física relacionada à saúde não apresentam qualquer
associação importante com a atividade física habitual, destacam
a importância de se procurar distinguir entre níveis de
prática de atividade física habitual e índices de aptidão física
relacionada à saúde. Via de regra, rotinas de avaliações voltadas
à aptidão física relacionada à saúde são utilizadas em segmentos
da população jovem, na tentativa de generalizar informações
quanto aos níveis de prática de atividade física habitual.
Por conta da menor associação entre atributos voltados à aptidão
física e à atividade física, parece que esta estratégia merece
ser analisada mais cuidadosamente.
Outra repercussão importante proveniente dos achados do presente
estudo, refere-se aos modelos conceituais que procuram
justificar relações observadas entre atividade física, aptidão física
e saúde. Freqüentemente, assume-se o pressuposto no sentido
de que o impacto positivo para saúde, mediante prática de
atividade física, é modulado por intermédio de modificações
nos níveis de aptidão física. Assim, a prática habitual de atividade
física tende a interferir favoravelmente nos componentes
da aptidão física, e, em conseqüência do aprimoramento destes,
deverá haver melhora no estado de saúde. Uma menor associação
entre níveis de prática de atividade física habitual e indicadores
dos componentes de aptidão física observada entre adolescentes
pode suscitar dúvidas se melhores condições de
saúde, induzidas por níveis mais elevados de prática de atividade
física habitual, são efetivamente alcançados em conseqüência
de ganhos nos índices de aptidão física. Provavelmente,
supostas condições favoráveis de saúde, apresentadas por adolescentes
mais ativos fisicamente possam ser atribuídas a interação
entre fatores inerentes ao estilo de vida e aos atributos
pessoais que podem afetar a relação atividade física-saúde.
Referências bibliográficas
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darta@sercomtel.com.br
A EXPERIÊNCIA MOÇAMBICANA NA INVESTIGAÇÃO DA
ACTIVIDADE FÍSICA HABITUAL.
GRUPOS DE INTERESSE
Prista, António
Laboratório de Fisiologia do Exercício – DCD, Universidade Eduardo
Mondlane; Faculdade de Ciências de Educação Física e Desporto,
Universidade Pedagógica, Moçambique.
Desde que o sedentarismo tomou conta das sociedades industrializadas
e as suas consequências se evidenciaram ao nível da
saúde pública, os estudos sobre a actividade física (AF) tornaram-se
um imperativo da nossa espécie. Se no início as abordagens
antropológicas dominavam o olhar sobre os hábitos de AF,
nos dias de hoje o estudo dos efeitos da inactividade sobre a
homeostasia tomaram um lugar privilegiado na investigação
científica. A sistematização da enorme produção científica
sugere que, no último século, o “Homo Urbanos” diminuiu o
seu dispêndio energético diário entre 300 a 800 calorias por dia
(James, 1995, Schoeller e Kushner, 1997). Utilizando um valor
médio, estes dados significam que, nas sociedades industrializadas,
estará a nossa espécie a despender aproximadamente
menos 200 000 mil calorias por ano, o que dá, teoricamente, à
volta de uma redução de 25 a 30 kg no dispêndio energético de
gordura. É pois razoável admitir que, do ponto de vista fisiológico
mas não só, esta descida dramática de actividade explicará
o chamado envelhecimento secundário provocado pelas doenças
hipocinéticas.
Na perspectiva do conceito de saúde associado à actividade física,
e até a um passado recente, o estudo da AF nos países do
chamado terceiro mundo pareceria supérfluo, dado que a prevalência
de doenças associadas à inactividade se apresenta
mínima. Há contudo quem entende que, neste caso, o estudo
da AF nestes países pode ser realizado na perspectiva oposta à
da sua ausência. Ou seja, adivinhando-se a existência de populações
activas, o terreno nestes países seria fértil para o estudo
das associações livres do sedentarismo.
É assim que, embora em número limitado, a actividade física
nos países do terceiro mundo tem sido estudada, quer em
populações adultas (Bleiberg et al, 1980, 1981; Brun et al.,
1981, Heini et al., 1996; Bhargava, 1997; Murayma e Ohtsuka,
1994; Torun et al., 1996; Goran et al., 1998; Bénéfice, 1998;
Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102] 25