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35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

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36<br />

ORADORES CONVIDADOS<br />

maiores dimensões <strong>de</strong>verão reflectir ou uma maior maturação,<br />

ou um grau <strong>de</strong> diferenciação mais avança<strong>do</strong>. Para discriminar<br />

as células maduras <strong>da</strong>s imaturas, foi <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> um valor <strong>de</strong> referência<br />

para o diâmetro celular correspon<strong>de</strong>nte a 25µm. A análise<br />

quantitativa efectua<strong>da</strong> entre o sexto e o oitavo dia <strong>do</strong> protocolo<br />

experimental revelou que 60% <strong>da</strong>s células com NC nos<br />

músculos controlo eram <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões enquanto que<br />

nos animais trata<strong>do</strong>s com SAC aquele valor atingiu os 90% <strong>de</strong><br />

to<strong>da</strong>s as células que possuíam NC. Estes resulta<strong>do</strong>s suportam<br />

fortemente a hipótese <strong>de</strong> que a administração <strong>de</strong> soro autólogo<br />

condiciona<strong>do</strong> nos locais <strong>da</strong> lesão acelera a regeneração muscular.<br />

Esta situação po<strong>de</strong> ter resulta<strong>do</strong> ou <strong>da</strong> aceleração <strong>da</strong> proliferação<br />

e maturação <strong>da</strong>s células satélite ou <strong>do</strong> maior número <strong>de</strong><br />

células satélite activa<strong>da</strong>s, ou <strong>de</strong> ambos. Com a utilização <strong>do</strong> kit<br />

immunohistostain Ki-67 é possível i<strong>de</strong>ntificar to<strong>do</strong>s os núcleos<br />

celulares em proliferação <strong>de</strong> um teci<strong>do</strong>.<br />

As células satélite activa<strong>da</strong>s po<strong>de</strong>m ser facilmente distingui<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> outras células em proliferação <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à posição que ocupam<br />

imediatamente abaixo <strong>da</strong> membrana basal <strong>da</strong>s fibras musculares.<br />

Contagens <strong>de</strong> células satélite em proliferação (expressas por<br />

100 fibras musculares) às 30 e às 48 horas após a indução <strong>da</strong><br />

lesão, mostram um aumento marca<strong>do</strong> <strong>da</strong> estimulação <strong>de</strong>stas<br />

células nos animais controlo (barras brancas). Contu<strong>do</strong>, nos<br />

mesmos momentos, os músculos injecta<strong>do</strong>s com soro autólogo<br />

condiciona<strong>do</strong> revelam uma maior percentagem <strong>de</strong> células satélite<br />

activa<strong>da</strong>s (barras escuras); comparativamente ao grupo controlo,<br />

nos animais trata<strong>do</strong>s com soro autólogo o número <strong>de</strong>stas<br />

células aumentou 84% às 30 horas e 121% às 48 horas.<br />

Consequentemente, po<strong>de</strong>-se especular que os factores <strong>do</strong> crescimento<br />

existentes no soro autólogo condiciona<strong>do</strong>, por estimulação<br />

<strong>da</strong>s células satélite com aumento <strong>da</strong> sua proliferação e diferenciação,<br />

aceleraram a regeneração muscular após contusão.<br />

Reparação <strong>de</strong> lesão muscular<br />

em humanos: a<br />

“case study”<br />

Um <strong>do</strong>s autores (R.S.W.)<br />

testou o Regenokine® num<br />

caso clínico on<strong>de</strong> não se<br />

anteviam problemas éticos<br />

nem efeitos colaterais <strong>do</strong><br />

SAC, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao caráter<br />

autólogo <strong>da</strong> preparação <strong>de</strong><br />

soro. Uma ginasta <strong>de</strong> alta<br />

competição sofreu uma distensão<br />

muscular severa, <strong>de</strong><br />

grau III, no músculo recto<br />

ab<strong>do</strong>minal esquer<strong>do</strong>,<br />

durante uma competição.<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102]<br />

A zona lesa<strong>da</strong> consistia numa solução <strong>de</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> que<br />

atingia cerca <strong>de</strong> 50% <strong>da</strong> área <strong>de</strong> secção transversal <strong>do</strong> ventre<br />

muscular e media 2,4 x 2,2 x 2.0 cm, conforme <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong><br />

pela RMN efectua<strong>da</strong> no dia seguinte. O tratamento normalmente<br />

indica<strong>do</strong> para este tipo <strong>de</strong> patologia é a cirurgia.<br />

Contu<strong>do</strong>, os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta terapêutica são muito difíceis <strong>de</strong><br />

predizer e, frequentemente, não conseguem impedir o aban<strong>do</strong>no<br />

<strong>da</strong> carreira profissional <strong>do</strong>s atletas.<br />

O plano terapêutico incluiu, inicialmente, injecções locais <strong>de</strong><br />

Traumeel e <strong>de</strong> Procain (3-5 dias) e ingestão <strong>de</strong> anti-inflamatórios<br />

não esterói<strong>de</strong>s, durante duas semanas. Após preparação <strong>do</strong> soro<br />

autólogo condiciona<strong>do</strong>, foram efectua<strong>da</strong>s injecções locais <strong>de</strong> 2-<br />

4ml <strong>de</strong> SAC sob controlo ecográfico nos dias 6, 9, 11, 15, 16, 18<br />

e 19 após a lesão. A paciente, que recebia ain<strong>da</strong> terapia física<br />

suave acompanha<strong>da</strong>, eventualmente, por estiramentos ligeiros,<br />

conseguiu recomeçar um programa <strong>de</strong> treino físico <strong>de</strong> baixa<br />

intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> após duas semanas. A RMN <strong>de</strong> controlo, efectua<strong>da</strong><br />

30 dias após o estiramento severo <strong>do</strong> músculo, mostrou uma<br />

estrutura muscular quase normal, ten<strong>do</strong> a atleta consegui<strong>do</strong><br />

recomeçar o treino <strong>de</strong> alta competição 6 semanas após a lesão.<br />

Conclusões<br />

Quer a experiência anterior com animais, quer este estu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

caso, mostram que a administração local <strong>do</strong> soro autólogo condiciona<strong>do</strong><br />

(Regenokine®) parece representar um gran<strong>de</strong> avanço<br />

no tratamento <strong>da</strong>s lesões musculares esqueléticas. Esta ferramenta<br />

terapêutica tem o potencial <strong>de</strong> encurtar consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> recuperação até ao recomeço <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sportiva normal por parte <strong>do</strong> atleta. Assim, po<strong>de</strong>r-se-á perspectivar<br />

que num futuro próximo to<strong>do</strong>s os atletas profissionais<br />

<strong>de</strong> alta competição façam recolhas <strong>de</strong> sangue para preparação<br />

<strong>do</strong> soro autólogo condiciona<strong>do</strong>, o qual ficará sempre disponível<br />

para administração imediata quan<strong>do</strong> ocorrer qualquer lesão<br />

muscular.<br />

Referências e informações adicionais po<strong>de</strong>m ser pedi<strong>da</strong>s ao primeiro<br />

autor pelo en<strong>de</strong>reço <strong>de</strong> e-mail: appell@dshs-koeln.<strong>de</strong><br />

MÚSCULO ESQUELÉTICO - DA CIÊNCIA BÁSICA À APLICAÇÃO<br />

CLÍNICA.<br />

Soares, José M.C.<br />

<strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong> e <strong>de</strong> Educação Física,<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto, Portugal.<br />

O músculo esquelético compõe uma parte significativa <strong>de</strong> to<strong>do</strong><br />

o corpo e é o teci<strong>do</strong> efector <strong>do</strong> movimento. O músculo <strong>de</strong>senvolve<br />

a sua activi<strong>da</strong><strong>de</strong> principal através <strong>da</strong> contracção muscular<br />

que ocorre quan<strong>do</strong> se regista um aumento <strong>do</strong> cálcio citosólico,<br />

promoven<strong>do</strong> uma séries <strong>de</strong> eventos moleculares, <strong>de</strong> entre os<br />

quais se salienta a ligação <strong>do</strong> cálcio a proteínas musculares<br />

regula<strong>do</strong>ras. Como o músculo esquelético é o responsável último<br />

pelo movimento, alterações na sua funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e integri<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

implicam limitações funcionais várias que po<strong>de</strong>m ir <strong>da</strong><br />

instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> marcha, à atrofia selectiva, à caquexia (Schulze<br />

et al., 2002).<br />

As principais causas <strong>da</strong> disfunção muscular são a lesão, a <strong>do</strong>ença<br />

ou a i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Um funcionamento <strong>de</strong>sa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema<br />

muscular esquelético po<strong>de</strong> ter repercussões <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>ras no<br />

organismo. A atrofia espinhal, as distrofias, a atrofia por imobi-

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