35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...
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TAVARES, F. (ed) (1999). Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Jogos Desportivos.<br />
Concepções, meto<strong>do</strong>logias e instrumentos. CEJD. <strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong><br />
Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong> e <strong>de</strong> Educação Física, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Porto. Porto.<br />
grecopj@mestra<strong>do</strong>.eef.ufmg.br<br />
QUESTÕES ACERCA DO CONHECIMENTO<br />
E ACÇÃO NOS JOGOS DESPORTIVOS.<br />
Tavares, Fernan<strong>do</strong><br />
Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Jogos Desportivos, <strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong><br />
<strong>Desporto</strong> e <strong>de</strong> Educação Física, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto, Portugal.<br />
“Para realizar com sucesso uma acção <strong>de</strong> jogo não basta ao<br />
joga<strong>do</strong>r executar correctamente uma técnica, mas será necessário<br />
conhecer sobretu<strong>do</strong> o objectivo <strong>da</strong> sua própria acção e o<br />
momento indispensável para a sua realização” (Tavares, 1993).<br />
Isto significa que o joga<strong>do</strong>r não <strong>de</strong>verá ser interpreta<strong>do</strong> unicamente<br />
como um mero executante motor, mas também ser<br />
entendi<strong>do</strong> como um ser pensante que analisa e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> mentalmente<br />
antes e durante as execuções motoras.<br />
Vários estu<strong>do</strong>s têm si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s numa linha <strong>de</strong> investigação<br />
que evi<strong>de</strong>ncia a importância <strong>do</strong>s pressupostos cognitivos na formação<br />
<strong>do</strong> joga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Jogos Desportivos (JD) e em que são <strong>de</strong>scritos<br />
os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> processamento <strong>da</strong> informação, abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
os aspectos relaciona<strong>do</strong>s com a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão táctica e equaciona<strong>do</strong>s<br />
os aspectos teóricos relativos ao conhecimento <strong>do</strong> jogo.<br />
Pese embora algumas críticas que referem que este tipo <strong>de</strong><br />
investigação é feito fora <strong>do</strong> envolvimento e constrangimentos<br />
específicos, o que implica <strong>de</strong>scurar a imprevisibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e a componente<br />
emocional <strong>da</strong> própria situação, o certo é que ele tem<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong> contributos significativos para a melhoria <strong>da</strong>s meto<strong>do</strong>logias<br />
<strong>de</strong> treino, no que diz respeito à formação e preparação <strong>do</strong><br />
joga<strong>do</strong>r nos JD. Ou seja, através <strong>da</strong> formulação <strong>de</strong> concepções<br />
incitan<strong>do</strong> a um ensino na educação <strong>da</strong> a<strong>da</strong>ptabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> joga<strong>do</strong>r<br />
às mu<strong>da</strong>nças impostas pela situação, pois a percepção gera<br />
acção e a acção gera percepção.<br />
Outra questão importante a saber, coloca-se sobre o mo<strong>do</strong><br />
como o conhecimento <strong>do</strong> joga<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> exprimir com rigor uma<br />
medi<strong>da</strong> qualifica<strong>do</strong>ra <strong>da</strong>s acções que realizou. Sen<strong>do</strong> certo que<br />
o joga<strong>do</strong>r intervém nas acções <strong>do</strong> jogo <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o grau <strong>de</strong><br />
conhecimento e <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s específicas que possui para as<br />
resolver, po<strong>de</strong>remos questionar como as resolve nas situações<br />
mais dinâmicas <strong>do</strong> jogo, com carácter mais imprevisível e <strong>de</strong><br />
forte constrangimento <strong>do</strong> envolvimento.<br />
Na procura <strong>de</strong> respostas a esta questão, têm surgi<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s,<br />
com base na Teoria <strong>do</strong>s Sistemas Dinâmicos, que evi<strong>de</strong>nciam o<br />
carácter dinâmico e <strong>de</strong> instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> que caracterizam as acções<br />
<strong>de</strong> jogo, preconizan<strong>do</strong> que o comportamento <strong>do</strong> joga<strong>do</strong>r ten<strong>de</strong><br />
a auto-organizar-se, como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> interacção entre os<br />
constrangimentos <strong>do</strong> indivíduo e os constrangimentos <strong>da</strong> tarefa<br />
e <strong>do</strong> envolvimento.<br />
Não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> esgotar o âmbito <strong>de</strong>stas questões neste <strong>de</strong>bate, é<br />
nossa intenção <strong>de</strong>stacar a aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e limitações <strong>da</strong>s diferentes<br />
abor<strong>da</strong>gens e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> no âmbito <strong>do</strong> problema<br />
coloca<strong>do</strong>. Defen<strong>de</strong>mos a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma estreita ligação e<br />
aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s conceitos teóricos aqui referi<strong>do</strong>s em benefício<br />
<strong>da</strong> performance <strong>do</strong> joga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> JD.<br />
Referências bibliográficas<br />
GRÉHAIGNE, J-F; BOUTHIER, D.; DAVID, B. (1997).<br />
Dynamic-system analysis of opponent relationships in collective<br />
actions in soccer. Journal of Sports Science, 15: 137-149.<br />
MAcGARRY, T.; ANDERSON, D.; WALLACE, S.; HUGHES,<br />
M.; FRANKS, I. (2002). Sport competition as a dynamical<br />
self-organizing system. Journal of Sports Science, 20:771-781.<br />
STARKES, J. L.; DEAKINS, J. (1984). Perception in sport: a<br />
cognitive approach to skilled performance. In W. F. Straub &<br />
J. M. Williams (Eds.) Cognitive sport psychology. Lansing, New<br />
York: Sport Science Associates, 115-127.<br />
STARKES, J.; ERICSSON, K.A. (Eds.)(2003). Expert performance<br />
in sport: recent advances in research on sport expertise. Champaign,<br />
IL: Human Kinetics.<br />
TAVARES, F. (1993). A Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Decisão Táctica no<br />
Joga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Basquetebol: estu<strong>do</strong> comparativo <strong>do</strong>s processos<br />
perceptivo-cognitivos em atletas seniores e ca<strong>de</strong>tes. Tese <strong>de</strong><br />
Doutoramento. Porto: <strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong> e <strong>de</strong><br />
Educação Física, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto (não publica<strong>do</strong>).<br />
ftavares@fc<strong>de</strong>f.up.pt<br />
ABORDAGEM ECO-FRACTAL DOS JOGOS DESPORTIVOS<br />
COLECTIVOS. CONSEQUÊNCIAS PARA OS PROCESSOS<br />
DE ENSINO E DE TREINO.<br />
Mateus, João<br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Ma<strong>de</strong>ira, Funchal, Portugal.<br />
GRUPOS DE INTERESSE<br />
“Se o rendimento <strong>de</strong>sportivo é condiciona<strong>do</strong> por uma estrutura multifactorial<br />
<strong>de</strong> elementos interagin<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma complexa, só, igualmente,<br />
<strong>de</strong> forma complexa, em cooperação interdisciplinar,... será possível formular<br />
hipóteses <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> maior alcance, <strong>de</strong>senvolver méto<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> investigação novos e complexos, mais efectivos, e abrir novas reservas<br />
<strong>de</strong> conhecimento”.<br />
António Marques (1990)<br />
Constituem objectivos centrais <strong>da</strong> nossa comunicação:<br />
1) Questionar as visões pre<strong>do</strong>minantemente correntes sobre<br />
os Jogos Desportivos Colectivos (JDC) que, a nosso ver, parecem<br />
querer perpetuar a hegemonia “coloniza<strong>do</strong>ra” <strong>da</strong><br />
Psicologia Cognitiva sobre to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>mínios <strong>da</strong>s Ciências <strong>do</strong><br />
<strong>Desporto</strong>, ao mesmo tempo que <strong>de</strong>monstram <strong>de</strong>sconhecer ou<br />
menosprezar contributos relevantes relativamente recentes <strong>de</strong><br />
ciências diversas, que se inter-trans-disciplinam, particularmente<br />
as que mais vêm contribuin<strong>do</strong> para a (re)compreensão<br />
<strong>da</strong> natureza particularmente complexa (uma “complexi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
ecológica”, não meramente “computacional”) <strong>do</strong>s comportamentos<br />
<strong>do</strong>s seres humanos em situações <strong>de</strong> interacção ecológica,<br />
nomea<strong>da</strong>mente, as chama<strong>da</strong>s “Ciências <strong>da</strong> Complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>”,<br />
a Ecologia e a Psicologia Ecológica. Neste contexto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
logo, evi<strong>de</strong>nciar o que nos parece constituir uma persistente<br />
“mecanicista” fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> conceptual <strong>de</strong> base, a tradicional e<br />
corrente sistematização <strong>do</strong>s JDC em torno <strong>da</strong>s chama<strong>da</strong>s Fases<br />
<strong>de</strong> Ataque e Defesa. Consequentemente, propor que, alternativamente,<br />
os JDC sejam re-conceptualiza<strong>do</strong>s e re-sistematiza<strong>do</strong>s<br />
em torno <strong>da</strong>s Fases <strong>de</strong> Ataque e Contra-Ataque porque,<br />
para além <strong>do</strong> mais, este “pormaior” <strong>de</strong> alteração conceptual,<br />
por si só, convi<strong>da</strong>rá ao <strong>de</strong>spertar para a indispensável visão<br />
interactivo-dinâmica <strong>do</strong>s JDC.<br />
<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102] 59