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35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

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20<br />

ORADORES CONVIDADOS<br />

alcançar a recreação, senão vejamos: (1) A alta competição é<br />

um factor <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong>sportiva, ao captar o interesse <strong>do</strong>s<br />

media para a transmissão <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s eventos <strong>de</strong>sportivos,<br />

nomea<strong>da</strong>mente <strong>do</strong>s jogos paralímpicos; (2) A alta competição<br />

ao suscitar a a<strong>de</strong>são <strong>do</strong> público, quer como especta<strong>do</strong>res presentes<br />

nas competições quer como telespecta<strong>do</strong>res, contribui como<br />

um instrumento i<strong>de</strong>al para a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, atitu<strong>de</strong>s<br />

e comportamentos; (3) A alta competição, ao conseguir<br />

atrair os patrocina<strong>do</strong>res interessa<strong>do</strong>s em publicitarem a sua<br />

marca associa<strong>da</strong> à imagem mediática <strong>do</strong>s atletas <strong>de</strong>ficientes,<br />

representa, não só no valor <strong>de</strong>sportivo e nas me<strong>da</strong>lhas <strong>do</strong>s atletas,<br />

como também conjuga a a<strong>de</strong>são <strong>do</strong>s media e angariação <strong>do</strong>s<br />

recursos necessários para os programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>sportivos; (4) A alta competição é um factor por excelência<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sportivo, e não só, ao exigir um investimento<br />

na formação e especialização <strong>do</strong>s recursos humanos, ao<br />

criar incentivos à investigação científica e teconológica; (5) A<br />

alta competição, ao conquistar a simpatia <strong>do</strong>s políticos, <strong>do</strong>s<br />

governantes e <strong>do</strong>s lí<strong>de</strong>res <strong>da</strong> opinião pública, favorece a a<strong>do</strong>pção<br />

<strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s legislativas e políticas para a causa <strong>da</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />

em geral e em particular para o <strong>de</strong>sporto; (6) A alta competição<br />

requer, ca<strong>da</strong> vez mais, face às exigências <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tecção e selecção precoce <strong>de</strong> talentos, o <strong>de</strong>spiste precoce <strong>da</strong>s<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s inatas e <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s latentes individuais,<br />

associa<strong>do</strong> a acções <strong>de</strong> informação, aconselhamento e encaminhamento;<br />

(7) A alta competição favorece o diálogo e a compreensão<br />

para diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana e cultural, que é estimula<strong>da</strong> pelos<br />

regulares intercâmbios <strong>de</strong>sportivos e o carácter universal e<br />

massifica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> que se reveste o <strong>de</strong>sporto; (8) A alta competição,<br />

ao transformar os atletas <strong>de</strong> elite, em especial os me<strong>da</strong>lha<strong>do</strong>s,<br />

em í<strong>do</strong>los e símbolos nacionais e internacionais, pelos valores<br />

que representam e pelo serviço, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> público, que<br />

prestam à nação e à causa <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto, faz com que estes passem<br />

a constituir um exemplo <strong>de</strong> referência, em particular para<br />

os <strong>de</strong>ficientes; (9) A alta competição para atletas <strong>de</strong>ficientes,<br />

para além <strong>de</strong> contribuir para a promoção <strong>de</strong> valores comuns ao<br />

<strong>de</strong>sporto em geral, tem-se revela<strong>do</strong> como veículo eficaz para a<br />

mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> conceitos em relação às pessoas com a condição <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência, e, consequentemente, para a valorização <strong>do</strong> seu<br />

estatuto; (10) A alta competição torna, como corolário <strong>do</strong>s<br />

pontos anteriormente anuncia<strong>do</strong>s, as estruturas organizativas e<br />

representativas <strong>do</strong>s atletas <strong>de</strong>ficientes mais fortes, <strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

maiores e melhores recursos, bastante interventoras e com<br />

gran<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> reinvindicativa; (11) A alta competição<br />

po<strong>de</strong>rá, <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong>, constituir-se num meio e percurso estratégico,<br />

nos países <strong>de</strong> língua portuguesa, <strong>de</strong> importância fun<strong>da</strong>mental<br />

para a promoção e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> recreação para<br />

as pessoas com a condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

Da alta competição à recreação<br />

O caso português é um exemplo concreto <strong>de</strong> como o <strong>de</strong>sporto<br />

<strong>de</strong> alto rendimento permitiu promover e <strong>de</strong>senvolver a generalização<br />

<strong>da</strong> prática <strong>de</strong>sportiva, embora a situação ain<strong>da</strong> seja <strong>de</strong>ficitária<br />

face à média <strong>do</strong>s europeus que praticam <strong>de</strong>sporto. No<br />

entanto, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no plano internacional, nomea<strong>da</strong>mente<br />

nos jogos paralímpicos, posicionam Portugal à frente<br />

<strong>de</strong> muitos países <strong>da</strong> Europa, incluin<strong>do</strong> alguns esta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> União<br />

Europeia.<br />

Outro exemplo, mais recente, é o <strong>de</strong> Angola cujo investimento<br />

na alta competição, para além <strong>da</strong> conquista <strong>da</strong>s me<strong>da</strong>lhas em<br />

provas masculinas e femininas em campeonatos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

bem como a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> bons resulta<strong>do</strong>s nos<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102]<br />

Jogos Paralímpicos <strong>de</strong> Atenas 2004, é <strong>de</strong> relevar.<br />

É nossa opinião firme <strong>de</strong> que a participação <strong>de</strong> Cabo Ver<strong>de</strong>,<br />

Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe no plano<br />

internacional, no âmbito <strong>da</strong> alta competição, irá acelerar o processo<br />

<strong>de</strong> promoção e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto para<br />

<strong>de</strong>ficientes nos respectivos países.<br />

carvalho_jorge@hotmail.com<br />

ACTIVIDADE FÍSICA E FACTORES DE RISCO DE DOENÇAS CRÓNICO-<br />

-DEGENERATIVAS.<br />

Mota, Jorge<br />

CIAFEL, <strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong> e <strong>de</strong> Educação Física,<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto, Portugal.<br />

O nosso país tem vin<strong>do</strong> a experimentar mu<strong>da</strong>nças rápi<strong>da</strong>s e<br />

profun<strong>da</strong>s nas condições <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e nos factores que influenciam<br />

a saú<strong>de</strong>. Nos últimos 20 anos, Portugal apresentou importantes<br />

melhorias nos indica<strong>do</strong>res <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> materno-infantil e em relação<br />

a algumas <strong>do</strong>enças crónicas e <strong>de</strong>generativas, quan<strong>do</strong> medi<strong>da</strong>s<br />

em potenciais anos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> perdi<strong>do</strong>s (INE, 1999).<br />

Pese embora os indica<strong>do</strong>res positivos, temos assisti<strong>do</strong> a uma<br />

reprodução <strong>do</strong>s problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais frequentes nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s, quer no plano tecnológico quer económico.<br />

Simultaneamente, o país apresenta ain<strong>da</strong> alguns problemas<br />

normalmente associa<strong>do</strong>s a outros níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

social. Assim, tal como os indica<strong>do</strong>res mundialmente<br />

reconheci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstram, também aqui as principais causas<br />

<strong>de</strong> morbili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> estão associa<strong>da</strong>s em gran<strong>de</strong><br />

parte às <strong>do</strong>enças crónico-<strong>de</strong>generativas, especialmente as <strong>de</strong><br />

foro cardiovascular e as relaciona<strong>da</strong>s com a obesi<strong>da</strong><strong>de</strong>, as quais<br />

se encontram fortemente liga<strong>da</strong>s a alterações comportamentais,<br />

resultantes <strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Este entendimento realça o papel fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

física no conjunto <strong>de</strong> comportamentos favorece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> um<br />

estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> saudável e resulta <strong>do</strong> corolário <strong>de</strong> um acervo<br />

informativo suficientemente importante nos levar a admitir que<br />

estilos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> activos, em conjugação com outros comportamentos<br />

ti<strong>do</strong>s por positivos, po<strong>de</strong>m ser benéficos para a saú<strong>de</strong><br />

(Pate et al., 1995).<br />

A compreensão <strong>de</strong>ste facto, associa<strong>do</strong> à dimensão <strong>da</strong>s suas<br />

eventuais implicações, levou mesmo a que as enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> país<br />

responsáveis pela implementação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> apoio e <strong>de</strong><br />

prevenção no âmbito <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> pública, tenham contempla<strong>do</strong><br />

nas suas linhas estratégicas e objectivos para o ano 2002 o<br />

aumento <strong>da</strong> prevalência <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> física na população adulta.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, pela primeira vez um <strong>do</strong>cumento estratégico<br />

oficial realça o papel potencialmente <strong>de</strong>terminante <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

física no conjunto <strong>da</strong> variáveis significativas conducentes à<br />

melhoria <strong>do</strong> bem-estar e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s populações<br />

(Ministério <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>, 1999).<br />

Se o impacto positivo <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> física sobre a saú<strong>de</strong> na<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> adulta parece ser consistente, o reconhecimento <strong>da</strong>s<br />

<strong>do</strong>enças crónico <strong>de</strong>generativas, em geral, e <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças cardiovasculares,<br />

em particular, como uma <strong>do</strong>ença pediátrica<br />

(Raitakari et al., 1997), aumenta a sua importância no quadro<br />

preventivo <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> pública.<br />

Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, apesar <strong>da</strong>s manifestações clínicas <strong>da</strong> maior parte<br />

<strong>de</strong>stas patologias crónico-<strong>de</strong>generativas só se manifestar a par-

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