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35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

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46<br />

ORADORES CONVIDADOS<br />

percepção <strong>de</strong> atracção física ou aparência, sentimentos positivos<br />

ou negativos acerca <strong>do</strong> corpo, ou a visão manti<strong>da</strong> acerca <strong>do</strong><br />

próprio corpo. Na visão <strong>de</strong>sta autora uma imagem corporal<br />

positiva po<strong>de</strong> ser interpreta<strong>da</strong> como significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> atracção física,<br />

um certo somatotipo, musculatura, magreza, entre outras<br />

características. O somatotipo e o peso foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<br />

como <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s aspectos mais importantes para os a<strong>do</strong>lescentes,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s as influências <strong>de</strong> factores tais como o<br />

sexo, a i<strong>da</strong><strong>de</strong>, o estádio maturacional e os valores sociais.<br />

Cruz (1998) sintetizou que a percepção <strong>da</strong> imagem corporal e o<br />

grau <strong>de</strong> satisfação com a mesma se relacionam com as características<br />

<strong>de</strong>senvolvimentais <strong>do</strong> indivíduo e com aspectos sócioculturais.<br />

Desta forma, a imagem corporal <strong>de</strong>ve ser entendi<strong>da</strong><br />

como o produto <strong>da</strong>s percepções conscientes e inconscientes,<br />

<strong>da</strong>s atitu<strong>de</strong>s e <strong>do</strong>s sentimentos relativos ao corpo e ao longo <strong>do</strong><br />

ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, subjacentes aos quais estão os valores, as crenças,<br />

as experiências e as expectativas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Vários autores (Amaral-Dias & Bravo, 2003; Lopez & Fuertes,<br />

1999; Cruz, 1998; Moore & Rosenthal, 1995) salientaram, também,<br />

a importância <strong>da</strong>s normas <strong>de</strong> referência (nomea<strong>da</strong>mente<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> estética corporal, padrões <strong>de</strong> beleza e <strong>de</strong> comportamento,<br />

habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s corporais, mo<strong>da</strong>) na construção <strong>da</strong> imagem<br />

corporal. Estas normas foram veicula<strong>da</strong>s pela comunicação<br />

social e pela sub-cultura juvenil (on<strong>de</strong> adquire particular<br />

importância o efeito <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> pares) e variaram consoante<br />

os contextos sócio-culturais.<br />

A imagem corporal apresenta-se especialmente significativa<br />

durante a a<strong>do</strong>lescência, em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças físicas que<br />

acompanham a puber<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>do</strong> ajustamento que os jovens têm<br />

<strong>de</strong> fazer para se a<strong>da</strong>ptar a estas mu<strong>da</strong>nças. O papel que a imagem<br />

corporal representa para a auto-estima reflecte a sua<br />

importância no <strong>de</strong>senvolvimento a<strong>do</strong>lescente saudável (Duke-<br />

Duncan, 1991).<br />

Auto-estima<br />

A auto-estima corporal tem si<strong>do</strong> uma <strong>da</strong>s formas específicas <strong>do</strong><br />

bem-estar psicológico mais estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s. Ten<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração<br />

que a auto-estima se <strong>de</strong>fine e <strong>de</strong>termina em função <strong>da</strong>s avaliações<br />

que fazemos relativamente ao corpo, tal como estas se<br />

influenciam e <strong>de</strong>terminam por factores sócio-culturais.<br />

Com base nos argumentos <strong>de</strong> Franzoi e Shields (1984), a autoestima,<br />

na sua globali<strong>da</strong><strong>de</strong>, envolve múltiplos aspectos, entre<br />

eles, e para o propósito <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacamos a<br />

dimensão relaciona<strong>da</strong> com a aparência física, tal como esta<br />

inclui a percepção <strong>da</strong>s diferentes partes <strong>do</strong> corpo. De acor<strong>do</strong><br />

com Men<strong>de</strong>lson e White (1985) há um conjunto <strong>de</strong> variáveis<br />

media<strong>do</strong>ras, para além <strong>da</strong>s tradicionalmente estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s (i.e.<br />

obesi<strong>da</strong><strong>de</strong>, sexo, etc.), que se fazem sentir na imagem que os<br />

indivíduos têm <strong>de</strong> si, ao longo <strong>do</strong>s vários ciclos <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>,<br />

sen<strong>do</strong> a auto-estima, <strong>de</strong> entre elas, provavelmente, a mais<br />

importante.<br />

Para Nurmi, Poole e Kalakoski (1996), quer a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, quer<br />

a auto-estima são reflexo <strong>do</strong> contexto sócio-cultural em que se<br />

vive e on<strong>de</strong> estas foram mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s. Coopersmith (1967) apresentou<br />

como <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> auto-estima a avaliação que o indivíduo<br />

faz, e mantém, acerca <strong>de</strong> si próprio, expressan<strong>do</strong> uma atitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> aprovação ou <strong>de</strong>saprovação e indican<strong>do</strong> o grau em que<br />

se consi<strong>de</strong>ra capaz, importante e valioso. É, portanto, um juízo<br />

<strong>de</strong> valor.<br />

Scriven e Stid<strong>da</strong>rd (2003) afirmaram que a construção <strong>de</strong> uma<br />

auto-estima positiva proporciona aos jovens a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolverem uma auto-eficácia positiva e a sua crença na<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102]<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar vários aspectos <strong>da</strong> sua vivência educacional<br />

e <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>.<br />

Problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, nomea<strong>da</strong>mente a <strong>de</strong>pressão e a<br />

ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> também têm si<strong>do</strong> associa<strong>do</strong>s a uma baixa auto-estima.<br />

Rosenberg (1965) encontrou uma correlação negativa entre<br />

os níveis <strong>de</strong> auto-estima e a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> em a<strong>do</strong>lescentes.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, uma auto-estima eleva<strong>da</strong> tem si<strong>do</strong> associa<strong>da</strong> a<br />

bons <strong>de</strong>sempenhos em activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas (Gallahue & Ozmun,<br />

2001; Batista, 1995) ou simplesmente à sua prática, bem como às<br />

características pessoais e <strong>de</strong> relacionamento social <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes,<br />

<strong>da</strong>s quais se <strong>de</strong>stacam a maturi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a populari<strong>da</strong><strong>de</strong>, a sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança (Misra & Aguillon, 2001).<br />

A enculturação e, particularmente, a socialização <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente<br />

assumem um carácter importante, tanto em termos <strong>da</strong> construção<br />

<strong>da</strong> imagem corporal, como em termos <strong>de</strong> auto-estima.<br />

Se para a imagem corporal importam as normas sócio-culturais<br />

<strong>de</strong>terminantes <strong>da</strong> atracção física e <strong>do</strong>s padrões estéticos e comportamentais,<br />

na auto-estima interessa sobretu<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, tal como esta expressa o nível <strong>de</strong> conformi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> sujeito aos padrões vigentes (Vasconcelos-Raposo &<br />

Freitas, 2000). É ain<strong>da</strong> sugeri<strong>do</strong> que ci<strong>da</strong>dãos com eleva<strong>do</strong>s<br />

níveis <strong>de</strong> auto-estima <strong>de</strong>senvolvem a sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

contribuem para o bem-estar <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, enquanto indivíduos<br />

com baixos níveis <strong>de</strong> auto-estima são improdutivos e<br />

envolvem-se em comportamentos anti-sociais (Vasconcelos-<br />

Raposo & Freitas, 2000).<br />

Objectivos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong><br />

O presente estu<strong>do</strong> teve como objectivo i<strong>de</strong>ntificar a relação entre<br />

activi<strong>da</strong><strong>de</strong> física, auto-estima e satisfação corporal ten<strong>do</strong> por<br />

variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes: o sexo, o grupo etário (a<strong>do</strong>lescência<br />

média e final) e número <strong>de</strong> vezes <strong>de</strong> prática <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> física<br />

para além <strong>da</strong>s aulas e educação física que tinham na escola.<br />

No presente trabalho, apresentamos, <strong>de</strong> forma resumi<strong>da</strong>, os<br />

resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> piloto <strong>de</strong> um projecto que temos em<br />

curso e que tem por objectivo estu<strong>da</strong>r a influência <strong>do</strong>s factores<br />

sócio-culturais nas múltiplas facetas que constituem o bemestar<br />

psicológico. As hipóteses para este trabalho foram elabora<strong>da</strong>s<br />

em função <strong>da</strong>s seguintes variáveis: não há diferenças<br />

entre os sexos, grupo etário e número <strong>de</strong> vezes <strong>de</strong> prática por<br />

semana ao nível <strong>da</strong> auto-estima, satisfação corporal e IMC.<br />

Através <strong>da</strong> triangulação <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s transformámos os valores <strong>da</strong><br />

auto-estima (variável contínua) em categorias e assim proce<strong>de</strong>mos<br />

a outras comparações ten<strong>do</strong> por variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte os<br />

níveis <strong>de</strong> auto-estima.<br />

Meto<strong>do</strong>logia<br />

Para o propósito <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> recorreu-se a uma amostra constituí<strong>da</strong><br />

por 78 jovens (52 Masc.; 26 Fem.) com i<strong>da</strong><strong>de</strong>s compreendi<strong>da</strong>s<br />

entre os 15 e os 19 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> que se subdividiram<br />

em: 36 incluí<strong>do</strong>s na a<strong>do</strong>lescência média (22 Masc., 14<br />

Fem.); 42 integra<strong>do</strong>s na a<strong>do</strong>lescência final (30 Masc., 12 Fem.).<br />

A amostra foi recolhi<strong>da</strong> em duas escolas <strong>do</strong> distrito <strong>de</strong> Vila<br />

Real e recorremos à técnica probabilística <strong>de</strong> amostragem aleatória<br />

em função <strong>do</strong> número <strong>de</strong> alunos que estavam presentes<br />

na aula <strong>de</strong> educação física, no dia em que os testes foram aplica<strong>do</strong>s.<br />

Nesse mesmo dia os sujeitos também foram pesa<strong>do</strong>s e<br />

medi<strong>do</strong>s em altura.<br />

As variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para o presente estu<strong>do</strong> forma <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s<br />

como: peso, altura, IMC, satisfação corporal e auto-estima.<br />

Para avaliar a Satisfação com a Imagem Corporal, utilizou-se o<br />

Body Image Satisfaction Questionaire - Raust-von Wright (1989)

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