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35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

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que o esporte, como cenário <strong>de</strong> mitos e heróis, necessita ter<br />

para ser manti<strong>do</strong> e realimenta<strong>do</strong>. Será que nesse momento<br />

po<strong>de</strong>ríamos prescindir <strong>do</strong> esporte culturalmente falan<strong>do</strong>?<br />

Como seriam nossas vi<strong>da</strong>s sem a realização <strong>do</strong>s Jogos<br />

Olímpicos, mesmo saben<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os interesses que existem<br />

por trás <strong>do</strong> original i<strong>de</strong>ário olímpico? Como ficaria a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

brasileira se a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> fosse cancela<strong>da</strong>? Como ficaria a<br />

Europa sem o Campeonato Europeu <strong>de</strong> Futebol?<br />

Entretanto essa mídia/jornalismo não é perfeita. Como nós,<br />

como seres humanos, não o somos. E aqui gostaria <strong>de</strong> me valer<br />

mais uma vez <strong>de</strong> um importante conceito epistemológico <strong>de</strong><br />

Elias (1992). O conceito <strong>de</strong> estrutura e agente, que discute<br />

uma estrutura - mídia, jornalismo - e seus agentes, as pessoas,<br />

os jornalistas não numa perspectiva reifica<strong>da</strong>, mas numa relação<br />

dinâmica.<br />

O jornalismo abstratamente falan<strong>do</strong> não existe. A mídia não<br />

existe. O que existe são pessoas, agentes que fazem jornalismo<br />

e mídia. Portanto, pessoas... falhas. Infelizmente (?) ain<strong>da</strong> não<br />

chegamos à perfeição, no que diz respeito a nossas relações. Por<br />

exemplo, gostaria <strong>de</strong> ver no Brasil intelectuais, professores universitários<br />

<strong>da</strong> área <strong>do</strong>s esportes, escreven<strong>do</strong> nos jornais, como<br />

em Portugal ocorre. Se esse fato ocorresse penso que aperfeiçoaríamos<br />

nossas relações. Estaríamos aperfeiçoan<strong>do</strong> nosso jornalismo<br />

numa dimensão crítica, qualitativa e mais transparente<br />

para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, com mais ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e possibilitan<strong>do</strong>, portanto,<br />

neutralizar o alheamento provoca<strong>do</strong> pelos dirigentes.<br />

Respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, em forma síntese as perguntas feitas no início,<br />

penso que o jornalismo tem se apoia<strong>do</strong> na veraci<strong>da</strong><strong>de</strong> como<br />

ação fun<strong>da</strong>mental nas relações humanas, tem ti<strong>do</strong> uma dimensão<br />

pe<strong>da</strong>gógica possível, se consi<strong>de</strong>rarmos o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

histórico <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s e o <strong>de</strong>senvolvimento humano que<br />

atingimos, mas entretanto ain<strong>da</strong> não atingiu um momento <strong>de</strong><br />

perfeição.<br />

Quan<strong>do</strong> chegarmos nesse ponto, e se chegarmos, talvez venhamos<br />

a viver num mun<strong>do</strong> melhor. Por enquanto, temos que continuar<br />

o processo <strong>de</strong> intervenção, como por exemplo esse<br />

momento aqui, porque, afinal, se afirmamos acima que a estrutura<br />

não existe, se o que interessa são as relações que estabelecemos<br />

no cotidiano, temos que mu<strong>da</strong>r esse cotidiano porque<br />

somos to<strong>do</strong>s responsáveis, no senti<strong>do</strong> mais amplo <strong>da</strong> palavra,<br />

pelo crescimento geral <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Referências bibliográficas<br />

ELIAS, N.; DUNNING, E. (1992). A busca <strong>da</strong> excitação. Lisboa:<br />

DIFEL.<br />

FREIRE, J. (2001). A ética <strong>de</strong>mocrática e seu inimigos. In Ari<br />

Roitman (Org.) O <strong>de</strong>safio ético. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Garamond.<br />

HELLER, A.; FÉHER, F. (1991). The Postmo<strong>de</strong>rn Political<br />

Condition. Cambridge: Polity Press.<br />

LAFER, C. (1992). A mentira: um capítulo <strong>da</strong>s relações entre a<br />

ética e a política. In A<strong>da</strong>uto Novaes (Org.) Ética. São Paulo:<br />

Companhia <strong>da</strong>s Letras.<br />

SANTOS, R. F. (1996) A violência no futebol português: uma<br />

abor<strong>da</strong>gem civilizacional basea<strong>da</strong> na concepção teórica <strong>de</strong><br />

Norbert Elias. Tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento. Porto, Portugal:<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto, <strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong> e<br />

<strong>de</strong> Educação Física (não publica<strong>do</strong>).<br />

rferreira@univerci<strong>da</strong><strong>de</strong>.br<br />

BASE DE DADOS EM LÍNGUA PORTUGUESA SOBRE EDUCAÇÃO<br />

FÍSICA E CIÊNCIAS DO DESPORTO.<br />

Faria Junior, Alfre<strong>do</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brasil.<br />

GRUPOS DE INTERESSE<br />

Até on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong> avançar, Inezil Penna Marinho provavelmente<br />

foi o primeiro autor brasileiro que se preocupou com a questão<br />

<strong>da</strong> <strong>do</strong>cumentação e informação na área <strong>da</strong> educação física. Isto<br />

se evi<strong>de</strong>ncia quan<strong>do</strong>, em sua coleção “História <strong>da</strong> Educação<br />

Física e <strong>do</strong>s <strong>Desporto</strong>s no Brasil” (1952; 1952; 1953; 1954),<br />

registra, ano a ano, os livros, teses e monografias publica<strong>do</strong>s.<br />

Destaco também Jayr Jordão Ramos que, inspira<strong>do</strong> no artigo <strong>de</strong><br />

H. J. Montoye (1954), organizou uma ampla e bem elabora<strong>da</strong><br />

relação <strong>de</strong> “Publicações Especializa<strong>da</strong>s em Educação Física”<br />

(Ramos, 1956; 1958).<br />

Em 1950, na República Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Alemanha, foi cria<strong>do</strong> um<br />

‘serviço <strong>de</strong> tradução’ na DHfK que, em 10 anos, traduziu 2500<br />

trabalhos em 19 línguas. Em 1953, na Polônia, surgiu o trabalho<br />

“A bibliografia <strong>de</strong> educação física com uma especial atenção<br />

em direção às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> professor e <strong>da</strong> escola”<br />

(Laurentowski, 1962). O trabalho era uma bibliografia reunin<strong>do</strong><br />

apenas os títulos poloneses, para uso <strong>do</strong>s alunos <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Física <strong>de</strong> Poznan. Com o mo<strong>de</strong>lo<br />

implanta<strong>do</strong> os poloneses julgavam po<strong>de</strong>r habituar os alunos ao<br />

uso <strong>da</strong> bibliografia, compreen<strong>de</strong>r que ela é útil, ou até indispensável,<br />

e que ela seria para eles um instrumento <strong>de</strong> trabalho<br />

e não uma vaga noção (ibid). Sem precisão <strong>de</strong> <strong>da</strong>ta sabe-se <strong>da</strong><br />

existência, na República Democrática <strong>da</strong> Alemanha (RDA), <strong>de</strong><br />

um Instituto <strong>de</strong> Documentação e <strong>de</strong> um ‘serviço <strong>de</strong> tradução’,<br />

que preparou uma ‘Bibliografia <strong>de</strong> traduções para o alemão <strong>de</strong><br />

trabalhos em línguas <strong>do</strong>s povos <strong>da</strong> União Soviética e <strong>do</strong>s países<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracias populares’ [Bibliographie Deutscher Uebersetzungen<br />

aus <strong>de</strong>n Sprachen <strong>de</strong>r Völker <strong>de</strong>r Sovjet-Union und <strong>de</strong>r Län<strong>de</strong>r <strong>de</strong>r<br />

Volks<strong>de</strong>mocratie].<br />

No início <strong>do</strong>s anos 60 já se percebia que o campo <strong>da</strong> biblioteconomia<br />

e <strong>da</strong> <strong>do</strong>cumentação em educação física começava a se<br />

consoli<strong>da</strong>r internacionalmente. Durante os Jogos Olímpicos <strong>de</strong><br />

Roma (1960) pesquisa<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>cumentalistas fun<strong>da</strong>ram um<br />

Bureau <strong>de</strong> ‘Documentation et Information’, no ‘Conseil<br />

International pour l’Education Physique et Sportive’ que, posteriormente,<br />

se transformou na ‘International Association of<br />

Sport Information’ (IASI). Em uma primeira reunião realiza<strong>da</strong><br />

em Köl, esse Bureau <strong>de</strong>signou uma comissão para estu<strong>da</strong>r, em<br />

parceria com a Fédération Internationale <strong>de</strong> Documentation (FID)<br />

a<strong>da</strong>ptações na Classificação Decimal Universal (CDU) às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> nossa área. Em 1962, em Leipzig, realizou-se o<br />

‘Congrès International <strong>de</strong> Bibliographie et <strong>de</strong> Documentation<br />

<strong>de</strong> la Science Sportive’ que teve como objetivo discutir os problemas<br />

<strong>da</strong> bibliografia, <strong>da</strong> bibliografia e <strong>do</strong>cumentação em<br />

medicina <strong>de</strong>sportiva e a <strong>do</strong>cumentação, a informação e a classificação<br />

em <strong>de</strong>sporto e educação física. Assim, uma gran<strong>de</strong> parte<br />

<strong>do</strong> congresso foi <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> aos problemas <strong>da</strong> bibliografia.<br />

Observou-se tanto uma tendência em abor<strong>da</strong>r a questão <strong>da</strong>s<br />

bibliografias nacionais, como foi feito pelos representantes <strong>de</strong><br />

Poznan e Bu<strong>da</strong>peste, quanto outra que enfatizava a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> internacionalização, posto que a bibliografia permitiria fazer<br />

uma comparação entre diversos países trazen<strong>do</strong> indicações<br />

sobre os centros <strong>de</strong> interesse e sobre as lacunas <strong>da</strong> literatura.<br />

Outro ponto importante <strong>do</strong> congresso foi trazi<strong>do</strong> por A. M.<br />

Olsen, <strong>de</strong> Oslo, que conclamou os participantes a fazerem<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102] 99

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