35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

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ORADORES CONVIDADOS
Figura 1: Proporção de jovens gregos (%) com três ou mais fatores de
risco de DAC durante o período de estudo (Bouziotas e Koutedakis,
2003).
Obesidade
Embora a prevalência de sobrepeso e obesidade na adolescência
tenha aumentado significativamente nas últimas décadas, e
apesar da aparente ligação, ainda são inconclusivas as evidências
de associação dessa condição com hábitos alimentares e
níveis de atividade física. Alguns estudos consideraram esses
dois fatores concomitantemente, a exemplo da recente publicação
de Patrick et al. (2004), examinando como a dieta, a atividade
física e certos comportamentos sedentários estão associados
à condição de sobrepeso em adolescentes norte-americanos.
Os autores concluíram que, das sete variáveis investigadas,
apenas as atividades físicas vigorosas (≥ 6 METs) estavam
associadas com o peso dos adolescentes (11 a 15 anos, de
ambos os sexos). Observa-se, entretanto, que a prevalência de
sobrepeso e obesidade tendem a ser menores entre jovens mais
ativos fisicamente, e isso é particularmente relevante quando se
detecta um aumento significativo de estudantes do ensino
médio que não freqüentam as aulas de Educação Física (48%
em Santa Catarina - Nahas et al., 2003).
Diabetes tipo 2
Acredita-se que a atividade física seja um fator independente na
prevenção do diabetes tipo 2, paralelamente ao seu efeito comprovado
na redução do peso corporal e do percentual de gordura.
Considerada uma doença “de adultos”, o diabetes tipo 2
tem ocorrido em números crescentes, na última década, entre
adolescentes (Steinberger & Daniels, 2003). Este aumento na
incidência de diabetes tipo 2 entre adolescentes parece ocorrer
concomitantemente ao aumento da obesidade entre crianças e
jovens. De fato, adolescentes com diabetes tipo 2 são quase
sempre obesos. Acredita-se que em muitos indivíduos jovens
esse excesso de peso provoque resistência à insulina e aumento
da concentração de insulina circulante com o passar do tempo
(Steinberger & Daniels, 2003).
Um estudo prospectivo recente (Kriska et al., 2003) acompanhou
por um período de seis anos 1.728 indivíduos de alto
risco (Índios Pima, no Arizona), com idades de 15 a 59 anos.
Neste período, 346 sujeitos tornaram-se diabéticos e a análise
dos dados mostrou uma associação entre a incidência da doença
e a atividade física total dos sujeitos, mesmo quando o índice
de massa corporal foi inserido no modelo para efeito de controle.
Para as moças (mas não para os rapazes), já a partir dos
15 anos observou-se maior incidência da doença entre aquelas
classificadas como menos ativas (p=0,01).
Considerações finais
Recentemente, Andersen et al. (2003) observaram agrupamen-
Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102]
to de fatores de risco para a Síndrome Metabólica (colesterol
total, HDL, triglicerídeos, insulina sérica e pressão sangüínea)
em crianças e adolescentes dinamarqueses (9 e 15 anos, respectivamente).
Os baixos níveis de aptidão física e níveis elevados
e IMC verificados nesta amostra (n=1.020) também sugerem
que fatores do estilo de vida, como a atividade física e a
dieta, influenciam o desenvolvimento desse perfil de risco.
Ainda que persistam muitos pontos a esclarecer quanto aos
mecanismos subjacentes à relação atividade física/doenças crônico-degenerativas
em jovens, as evidências indicam um papel
primordial para este e outros comportamentos, notadamente os
hábitos alimentares e o tabagismo.
Maior atenção deve ser dada à prevenção da obesidade na
infância e na adolescência, a partir da promoção de estilos de
vida mais ativos e hábitos alimentares saudáveis nesta faixa
etária. Porém, quando a obesidade já está presente em crianças
e adolescentes, isso deve ser tratado com rigor e seriedade por
grupos multi-profissionais que incluam as quatro áreas básicas
neste tipo de atendimento: médicos, nutricionistas, psicólogos
e profissionais da Educação Física.
Tanto os fatores biológicos, quanto os ambientais e comportamentais,
devem ser considerados nas intervenções sobre os
fatores de risco presentes na adolescência. Quanto mais cedo
forem detectados, maiores serão as chances de controle e tratamento
de doenças crônico-degenerativas.
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