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35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

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56<br />

ORADORES CONVIDADOS<br />

ce (Gibson, 2000), que traduz a funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> que um objecto<br />

ou evento sugerem ao observa<strong>do</strong>r em função <strong>da</strong>s suas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> acção. Trata-se <strong>de</strong> um conceito central <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem<br />

ecológica <strong>de</strong> J.J. Gibson (1966), o qual sugere que a percepção<br />

seja entendi<strong>da</strong> mais como sistema <strong>do</strong> que enquanto canal <strong>de</strong><br />

sensações.<br />

Numa análise crítica àquelas duas correntes, Pesce (2002) refere<br />

que a primeira é programa<strong>da</strong>, prevalentemente discreta e <strong>de</strong>screve<br />

mecanismos, enquanto que a segun<strong>da</strong> é auto-organizativa,<br />

prevalentemente contínua, cíclica e i<strong>de</strong>ntifica leis e princípios.<br />

Mais <strong>do</strong> que um exercício teórico, o <strong>de</strong>bate em torno <strong>de</strong>stas<br />

questões afigura-se aliciante e produtivo, sobretu<strong>do</strong> se <strong>de</strong>le<br />

resultarem explicita<strong>da</strong>s as respectivas implicações meto<strong>do</strong>lógicas<br />

nos <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> ensino e <strong>do</strong> treino <strong>do</strong>s JD, especialmente à<br />

luz <strong>da</strong> <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> prática <strong>de</strong>libera<strong>da</strong> preconiza<strong>da</strong> por<br />

Ericsson et al. (1993).<br />

Referências<br />

DAVIS, K., WILLIAMS, M., BUTTON, C. & COURT, M.<br />

(2001). An integrative mo<strong>de</strong>lling approach to the study of<br />

intentional movement behaviour. In R.N. Singer, H.A.<br />

Hausenblas & C.M. Janelle (Eds.) Handbook of Sport<br />

Psychology. New York: John Wiley and Sons.<br />

ERICSSON, K.A., KRAMPE, R. & TESCH-ROMER, C. (1993).<br />

The role of <strong>de</strong>liberate practice in the acquisition of expert<br />

performance. Psychological Review, 100 (3), 363-406.<br />

FRENCH, K.E., NEVETT, M.E., SPURGEON, J.H., GRAHAM,<br />

K.C., RINK, J.E. & McPHERSON, S.L. (1996). Knowledge<br />

representation and problem solution in expert and novice<br />

youth baseball performance. Research Quarterly for Exercise and<br />

Sport, 66: 194-201.<br />

GIBSON, J.J. (1966). The senses consi<strong>de</strong>red perceptual systems.<br />

Boston MA: Houghton-Mifflin.<br />

GIBSON, E.J. (2000). Perceptual learning in <strong>de</strong>velopment:<br />

some basic concepts. Ecological Psychology, 12 (4), 295-302.<br />

MAHLO, F. (1969). Acte tactique en jeu. Paris: Vigot<br />

PESCE, C. (2002). Insegnamento prescritivo o apprendimento<br />

euristico? SdS, Rivista di Cultura Sportiva, XXI (55), 10-18.<br />

SCHMIDT, R.A. (1975). A schema theory of discrete motor<br />

skill learning. Psychological Review, 82: 225-260.<br />

STARKES, L.S. & ERICSSON, K.A. (2002, Eds.). Expert performance<br />

in sports. Advances in research on sport expertise.<br />

Champaign, IL: Human Kinetics.<br />

jgargant@fc<strong>de</strong>f.up.pt<br />

COGNI(A)ÇÃO: CONHECIMENTO, PROCESSOS COGNITIVOS E MODE-<br />

LOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM-TREINAMENTO PARA O DESEN-<br />

VOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE (TÁTICA).<br />

Greco, Pablo Juan<br />

Escola <strong>de</strong> Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Minas Gerais, Brasil.<br />

1. Introdução<br />

Nas últimas déca<strong>da</strong>s, um <strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios nos estu<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s Ciências<br />

<strong>do</strong> Treinamento Esportivo consiste, não somente em esclarecer<br />

as complexas estruturas que constituem o rendimento esportivo<br />

e seus parâmetros inerentes, mas também em compreen<strong>de</strong>r<br />

as interações entre as diferentes capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e variáveis, con-<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102]<br />

textualizan<strong>do</strong> e <strong>de</strong>limitan<strong>do</strong> a sua influência na performance <strong>de</strong><br />

atletas e equipes.<br />

Nos jogos esportivos coletivos, o conhecimento (técnico-tático)<br />

é um parâmetro constitutivo <strong>do</strong>s processos cognitivos, inerentes<br />

às capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s psicológicas, que oferece suporte a toma<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, relacionan<strong>do</strong>-se assim diretamente com as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

táticas (Garganta, 2000; Sonnenschein, 1987; Tavares,<br />

1995,1999).<br />

No entanto, surgem algumas perguntas: como é avalia<strong>do</strong> o<br />

conhecimento tático? Qual a sua importância nas diferentes faixas<br />

etárias? Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> ensino-aprendizagem-treinamento<br />

técnico-tático vigentes na práxis oportunizam seu <strong>de</strong>senvolvimento?<br />

Qual a relação entre o conhecimento, os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

treinamento e a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> técnico-tática? A ação técnicotática<br />

nos jogos esportivos coletivos po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como<br />

uma cogni(a)cão?<br />

Depreen<strong>de</strong>-se, portanto, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver méto<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> diagnóstico váli<strong>do</strong>s, fi<strong>de</strong>dignos e objetivos, para <strong>de</strong>terminar<br />

o nível <strong>de</strong> conhecimento tático, bem como, paralelamente,<br />

esclarecer as interações entre os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> ensino-aprendizagem-treinamento<br />

aplica<strong>do</strong>s na práxis e os efeitos <strong>de</strong>stes na<br />

aquisição <strong>de</strong>sse conhecimento. Facilitaria-se, assim, a mo<strong>de</strong>lação<br />

<strong>do</strong>s processos que objetivam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> potencial<br />

criativo <strong>do</strong> atleta. Neste aporte apresenta-se um mo<strong>de</strong>lo<br />

para o ensino-aprendizagem-treinamento <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> técnico-tática,<br />

com base no diagnóstico <strong>do</strong> conhecimento tático<br />

(<strong>de</strong>clarativo e processual) integra<strong>do</strong> e em interação com os<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> treinamento técnico-tático.<br />

Na investigação científica nos jogos esportivos coletivos (JEC),<br />

a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> diagnóstico para<br />

<strong>de</strong>terminar o nível <strong>de</strong> rendimento <strong>de</strong> atletas e equipes em uma<br />

competição apresenta gran<strong>de</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s aos pesquisa<strong>do</strong>res.<br />

Estas se centram, nota<strong>da</strong>mente, na i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e características<br />

próprias, comuns e específicas <strong>do</strong>s jogos esportivos coletivos,<br />

por exemplo, a imprevisibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> contexto ambiental, a<br />

riqueza, a aleatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças nas constelações<br />

<strong>do</strong> jogo, soma<strong>da</strong>s a exigência <strong>de</strong> uma alta variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e repertório técnico (Greco, 1999), que segun<strong>do</strong> Garganta<br />

(2000), concretizam um “apelo à inteligência, enquanto capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação a um contexto em permanente mu<strong>da</strong>nça”.<br />

Certamente, na procura <strong>da</strong>s metas e objetivos <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s, a<br />

complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s tarefas e os problemas situacionais, <strong>de</strong>correntes<br />

nos jogos esportivos coletivos, fazem com que os participantes<br />

precisem <strong>de</strong> ser criativos para a<strong>do</strong>tar comportamentos<br />

táticos novos, flexíveis e a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s/fluí<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> o atleta se<br />

<strong>de</strong>fronta com problemas que exigem soluções num sistema <strong>de</strong><br />

múltiplas referências, nos quais existem pressões e solicitações<br />

fisiológicas e funcionais, condicionam-se e solicitam-se paralelamente<br />

também as suas funções psicológicas, especificamente<br />

os processos cognitivos. Portanto, to<strong>do</strong> comportamento tático<br />

“é um processo intencional, dirigi<strong>do</strong> e regula<strong>do</strong> psiquicamente”<br />

(Samulski, 2002). A importância atribuí<strong>da</strong> nas recentes pesquisas<br />

à capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> tática e aos processos cognitivos subjacentes à<br />

toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão nos jogos esportivos coletivos, resguar<strong>da</strong>n<strong>do</strong><br />

o interesse e reconhecen<strong>do</strong> a tradicional importância <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> execução técnica, constata a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se dimensionar<br />

até que ponto a perícia <strong>do</strong> joga<strong>do</strong>r está ou não correlaciona<strong>da</strong><br />

com o nível <strong>de</strong> conhecimento tático que ele possa <strong>de</strong>ter<br />

<strong>do</strong> jogo. A pesquisa direciona-se não somente ao resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

ação, mas também aos processos internos que conduzem e<br />

regulam o comportamento tático, bem como aos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

ensino-aprendizagem-treinamento aplica<strong>do</strong>s e seus resulta<strong>do</strong>s,

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