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35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

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84<br />

ORADORES CONVIDADOS<br />

A activação antagonista nas acções <strong>de</strong> lançamento não tem apenas<br />

uma função protectora, contribuin<strong>do</strong> também para uma<br />

maior eficácia <strong>do</strong> gesto. Os estu<strong>do</strong>s cinemáticos <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong><br />

Ténis (Springings et al., 1994; Ito et al., 1995; Elliott et al.,<br />

1995) mostram que a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> extensão <strong>do</strong> cotovelo<br />

aumentava bastante até cerca <strong>de</strong> 40 ms antes <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> contacto<br />

com a bola, mas <strong>de</strong>crescia a partir <strong>de</strong>sse momento, para<br />

atingir valores consi<strong>de</strong>ravelmente mais baixos no momento <strong>do</strong><br />

contacto, o que foi também evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> noutras acções <strong>de</strong> lançamento<br />

(Rash et al., 1995). A razão mais importante para a<br />

redução <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> antebraço é que, só por si, a travagem<br />

<strong>de</strong> um segmento proximal acelera o segmento distal mesmo na<br />

ausência <strong>de</strong> qualquer activação <strong>do</strong>s músculos agonistas <strong>de</strong>ste<br />

segmento.<br />

Padrão <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação muscular no movimento <strong>do</strong> braço<br />

nos lançamentos<br />

O gran<strong>de</strong> peitoral (GP) e o <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> anterior (DA) são os músculos<br />

com acção no braço que são activa<strong>do</strong>s em primeiro lugar<br />

na fase principal, produzin<strong>do</strong> a aducção horizontal <strong>do</strong> braço, elemento<br />

<strong>de</strong>terminante para a aceleração inicial <strong>do</strong> membro superior<br />

nos lançamentos. A activação <strong>de</strong>stes músculos é interrompi<strong>da</strong><br />

antes <strong>do</strong> contacto <strong>da</strong> raquete com a bola (25 a 100 ms antes) e<br />

nesse instante verifica-se a activação <strong>do</strong> <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> posterior (DP)<br />

e <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> <strong>do</strong>rsal (GD), responsável pela <strong>de</strong>saceleração <strong>da</strong><br />

aducção horizontal <strong>do</strong> braço e consequente transferência <strong>da</strong><br />

inércia adquiri<strong>da</strong> para a extensão <strong>do</strong> antebraço. Na fig. 2 po<strong>de</strong><br />

observar-se a coincidência temporal <strong>da</strong>s activações <strong>do</strong>s músculos<br />

que travam a aducção horizontal <strong>do</strong> braço, como o DP, e <strong>do</strong>s<br />

músculos agonistas <strong>da</strong> extensão <strong>do</strong> antebraço, como o TB. De<br />

formas diferentes, qualquer <strong>de</strong>stas activações concorre para o<br />

mesmo objectivo, acelerar o antebraço. A activação <strong>do</strong> GD tem<br />

um outro papel muito importante. Através <strong>de</strong> uma activação<br />

curta que atinge o seu pico máximo pouco antes <strong>do</strong> contacto<br />

com a bola, ao mesmo tempo que trava a aducção horizontal <strong>do</strong><br />

braço produz a rápi<strong>da</strong> rotação interna <strong>do</strong> braço, movimento articular<br />

que fornece a maior contribuição para a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mão<br />

no ponto <strong>de</strong> intenção, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> quantifica<strong>da</strong> para o serviço <strong>de</strong><br />

Ténis em cerca <strong>de</strong> 54% por Elliott et al. (1995).<br />

Figura 2: Padrões EMG no serviço <strong>de</strong> ténis: (A) EMG rectifica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />

músculos DA (1), DP (2), vasto interno <strong>do</strong> TB (3). (B) EMG rectifica<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s músculos DA (azul), GP (vermelho) e GD (ver<strong>de</strong>). O traço<br />

vertical indica o momento <strong>do</strong> contacto <strong>da</strong> raquete com a bola.<br />

Características <strong>da</strong> activação muscular na fase principal nos<br />

lançamentos<br />

Os executantes <strong>de</strong> nível mais eleva<strong>do</strong> são capazes <strong>de</strong> utilizar a<br />

musculatura mais eficientemente, transferin<strong>do</strong> energia cinética<br />

<strong>de</strong> forma a <strong>de</strong>senvolver maior veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> e maior precisão. A<br />

comparação <strong>de</strong> lança<strong>do</strong>res <strong>de</strong> níveis diferentes (Miyashita et al.,<br />

1980, Gowan et al., 1987, Pezarat-Correia, 2001) mostra que as<br />

gran<strong>de</strong>s diferenças ocorrem na fase principal, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à capaci-<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102]<br />

<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s indivíduos <strong>de</strong> nível mais eleva<strong>do</strong> usarem selectivamente<br />

a musculatura envolvi<strong>da</strong>, i. e., activar os músculos<br />

necessários com maior intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> mas durante menos tempo.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a duração reduzi<strong>da</strong> <strong>da</strong> contracção <strong>do</strong>s músculos<br />

agonistas durante a fase principal <strong>do</strong>s lançamentos, 150 a 300<br />

ms, a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atingir níveis máximos <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> muscular<br />

o mais rapi<strong>da</strong>mente possível é factor <strong>de</strong>terminante na<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> execução e na potência <strong>do</strong> lançamento. A taxa<br />

inicial <strong>de</strong> incremento <strong>da</strong> activação muscular, medi<strong>da</strong> pelo nível<br />

<strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> muscular produzi<strong>da</strong> no sinal EMG durante os primeiros<br />

30 ms <strong>de</strong> contracção, é uma variável que se mostrou<br />

<strong>de</strong>terminante para o aumento <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentos<br />

monoarticulares <strong>de</strong> extensão <strong>do</strong> antebraço (Corcos et al., 1990,<br />

Pezarat-Correia, 1995b).<br />

A fase principal <strong>do</strong>s lançamentos é antecedi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um contramovimento<br />

realiza<strong>do</strong> na fase preparatória, que coloca os diferentes<br />

segmentos <strong>de</strong> forma a potenciar o percurso <strong>de</strong> aceleração<br />

e assume uma importância consi<strong>de</strong>rável no armazenamento<br />

<strong>de</strong> energia muscular utilizável na contracção concêntrica <strong>da</strong><br />

fase principal. As características <strong>de</strong>ste ciclo muscular alongamento<br />

/ encurtamento, que têm si<strong>do</strong> amplamente estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s em<br />

acções <strong>do</strong> membro inferior como os saltos e a corri<strong>da</strong>, têm si<strong>do</strong><br />

menos abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s nas acções <strong>do</strong> membro superior. Em consequência,<br />

a literatura contem numerosas referências ao treino<br />

pliométrico para o membro inferior, mas há défice <strong>de</strong> informação<br />

específica sobre treino pliométrico para o membro superior.<br />

No caso <strong>do</strong>s músculos com acção no braço a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong><br />

variação <strong>do</strong> seu comprimento é complexa, <strong>da</strong><strong>da</strong> a sua <strong>de</strong>pendência<br />

<strong>de</strong> movimentos nos três planos <strong>do</strong> espaço, ao contrário<br />

<strong>do</strong>s músculos <strong>do</strong> membro inferior em acções como o salto ou a<br />

corri<strong>da</strong>, cuja variação <strong>de</strong> comprimento acontece essencialmente<br />

num plano. Este será um passo importante a <strong>da</strong>r, visan<strong>do</strong> a<br />

caracterização <strong>do</strong>s factores que afectam a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenar<br />

e utilizar energia elástica e nervosa no ciclo muscular alongamento/encurtamento<br />

em acções <strong>de</strong> lançamento: tempo,<br />

amplitu<strong>de</strong> e veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> alongamento.<br />

Conclusões<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s recolhi<strong>do</strong>s com estu<strong>do</strong>s EMG em lançamentos, permitem<br />

i<strong>de</strong>ntificar as principais características <strong>de</strong> produção neuromuscular.<br />

1. Os músculos responsáveis pela adução horizontal e pela<br />

rotação interna <strong>do</strong> braço, e os extensores <strong>do</strong> antebraço, têm um<br />

papel central na aceleração <strong>do</strong> membro superior na fase principal<br />

<strong>do</strong>s lançamentos. Estes músculos são solicita<strong>do</strong>s com activações<br />

<strong>de</strong> curta duração (150-300 ms) em que é necessário<br />

<strong>de</strong>senvolver o máximo <strong>de</strong> força num curto perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo e<br />

em que a taxa inicial <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> força é <strong>de</strong>terminante.<br />

2. O músculo gran<strong>de</strong> <strong>do</strong>rsal assume um papel fun<strong>da</strong>mental ao<br />

<strong>de</strong>senvolver uma activação que simultaneamente contribui para<br />

a travagem <strong>do</strong> movimento <strong>de</strong> aducção horizontal <strong>do</strong> braço e<br />

para a aceleração <strong>da</strong> sua rotação interna, elemento <strong>de</strong>terminante<br />

na veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> bola. A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua intervenção<br />

é função <strong>da</strong> sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver eleva<strong>do</strong>s níveis<br />

<strong>de</strong> força muito rapi<strong>da</strong>mente, mas também <strong>da</strong> precisão temporal<br />

<strong>da</strong> sua entra<strong>da</strong> em acção.<br />

3. A intervenção <strong>do</strong>s músculos com função antagonista é outro<br />

elemento condicionante <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> execução. A activação<br />

sequencial <strong>do</strong>s músculos rota<strong>do</strong>res externos <strong>do</strong> braço e <strong>do</strong>s flexores<br />

<strong>do</strong> antebraço, para além <strong>da</strong> dimensão protectora que<br />

encerra, contribui para a aceleração <strong>do</strong> segmento seguinte, respectivamente<br />

antebraço e mão. A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> execução é fun-

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