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35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

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dito, inicialmente, há inúmeras outras aplicações que não<br />

foram aqui abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s, não ten<strong>do</strong> esta breve apresentação qualquer<br />

pretensão <strong>de</strong> esgotar o assunto.<br />

Embora a ênfase tenha esta<strong>do</strong> volta<strong>da</strong> às aplicações, cabe uma<br />

palavra <strong>de</strong> alerta aos futuros usuários <strong>da</strong> EMG. Por ser uma<br />

técnica <strong>de</strong> aparente fácil aplicação, sua utilização <strong>de</strong>ve observar<br />

rigi<strong>da</strong>mente uma série <strong>de</strong> cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s técnicos, tanto no que se<br />

refere a coleta como ao processamento <strong>do</strong>s sinais, sem o que os<br />

resulta<strong>do</strong>s a serem obti<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser irreparavelmente comprometi<strong>do</strong>s.<br />

Sobre isso já escreveu Cavanagh em 1974.<br />

Finalmente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a complexa natureza <strong>do</strong> gesto <strong>de</strong>sportivo, é<br />

importante que se tenha sempre presente o fato <strong>de</strong> que a performance<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente <strong>de</strong> aspectos fisiológicos, psicológicos,<br />

nutricionais, <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> treinamento, e não apenas<br />

<strong>de</strong> aspectos técnicos. A biomecânica atém-se, particularmente,<br />

à questão <strong>da</strong> técnica e a eletromiografia consiste apenas em um<br />

recurso utiliza<strong>do</strong> com freqüência pela biomecânica. Assim, a<br />

eletromiografia po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>sempenhar um papel <strong>de</strong> maior ou<br />

menor relevância, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que saibamos utilizá-la a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente<br />

no contexto <strong>da</strong>s ciências aplica<strong>da</strong>s ao <strong>de</strong>sporto.<br />

Referências bibliográficas<br />

CAVANAGH, P.R. (1974) Electromyography: its use and misuse<br />

in physical education. JOHPER 61-64.<br />

BROKER, J.P.; GREGOR, R.J. (1996) Cycling biomechanics. In<br />

E.R. Burke (Ed.) High-tech Cycling. Champaign: Human<br />

Kinetic Publishers, 145-165.<br />

HÄGG, G.M.(1992). Interpretation of EMG spectral alterations<br />

and alteration in<strong>de</strong>xes at sustained contraction. J. Appl.<br />

Physiol. 4(73): 1211-1217.<br />

LAFORTUNE, M.A.; CAVANAGH, P.R.(1983). Effectiveness<br />

and efficiency during bycicle riding. In: H. Matsui and K.<br />

Kobayashi (Eds) Biomechanics VIII-B. Champaign: Human<br />

Kinetic Publishers, 928-936.<br />

acsguima@esef.ufrgs.br<br />

CONTRIBUTOS DA ELECTROMIOGRAFIA PARA O ESTUDO DA<br />

PARTICIPAÇÃO MUSCULAR EM ACÇÕES DE LANÇAMENTO.<br />

Correia, Pedro Pezarat<br />

<strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> Humana, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa,<br />

Portugal.<br />

Introdução<br />

No universo <strong>do</strong>s movimentos realiza<strong>do</strong>s no âmbito <strong>de</strong>sportivo é<br />

possível i<strong>de</strong>ntificar uma família <strong>de</strong> gestos que se caracterizam<br />

por acções em que um objecto é arremessa<strong>do</strong> a uma mão por<br />

cima <strong>da</strong> cabeça. Essas acções, lançamentos, incluem gestos como o<br />

serviço no Ténis e Badminton, os remates <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol e <strong>de</strong><br />

Voleibol ou o Lançamento <strong>do</strong> Dar<strong>do</strong> no Atletismo. Caracterizamse<br />

no essencial pelo mesmo padrão gestual, com uma sequência<br />

<strong>de</strong> movimentos articulares e <strong>de</strong> acções musculares organiza<strong>da</strong><br />

em três gran<strong>de</strong>s fases: preparatória, principal e <strong>de</strong> terminação. A<br />

especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> que caracteriza a participação muscular em ca<strong>da</strong><br />

tipo <strong>de</strong> lançamento justifica que os melhores ganhos em performance<br />

sejam adquiri<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> o treino é realiza<strong>do</strong> <strong>da</strong> forma<br />

mais aproxima<strong>da</strong> <strong>da</strong> acção competitiva, sen<strong>do</strong> fun<strong>da</strong>mental seleccionar<br />

as características <strong>de</strong> execução a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s, tentan<strong>do</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar<br />

nos músculos padrões <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação muscular similares<br />

GRUPOS DE INTERESSE<br />

aos verifica<strong>do</strong>s no lançamento. Nesse senti<strong>do</strong>, procuraremos<br />

ilustrar os aspectos <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação neuromuscular<br />

que, evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s pelos estu<strong>do</strong>s EMG, mais importância<br />

assumem no êxito <strong>da</strong>s acções <strong>de</strong> lançamento.<br />

Padrão <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação muscular no movimento <strong>do</strong> antebraço<br />

nos lançamentos<br />

O movimento rápi<strong>do</strong> <strong>de</strong> extensão e pronação <strong>do</strong> cotovelo que<br />

ocorre na fase principal representa um elemento comum nos<br />

lançamentos. Foram regista<strong>da</strong>s veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s angulares <strong>de</strong> extensão<br />

<strong>do</strong> cotovelo entre 18 e 36 rad.s -1 no remate <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol<br />

(Pezarat-Correia et al., 1996) e entre 20 e 52 rad.s -1 no serviço<br />

<strong>de</strong> Ténis (Buckley e Kerwin, 1988, Springings et al., 1994,<br />

Elliott et al., 1995). Estes valores ultrapassam claramente os<br />

valores <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> o movimento<br />

<strong>do</strong> cotovelo é exclusivamente produzi<strong>do</strong> pela contracção<br />

<strong>do</strong>s músculos agonistas <strong>de</strong>ssa articulação (Toyoshima et al.,<br />

1974; Corcos et al., 1990), sugerin<strong>do</strong> que parte <strong>da</strong> força cria<strong>da</strong><br />

na extensão <strong>do</strong> cotovelo se <strong>de</strong>ve à energia passiva que é transmiti<strong>da</strong><br />

pela ca<strong>de</strong>ia cinética corporal.<br />

Registos EMG em remates <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol (Pezarat-Correia et al.,<br />

1996) e no serviço <strong>de</strong> Ténis (Coutinho et al., 2003) mostram<br />

que a extensão <strong>do</strong> cotovelo era acompanha<strong>da</strong> <strong>de</strong> um padrão<br />

agonista/antagonista fásico organiza<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> um padrão <strong>de</strong><br />

inervação recíproca semelhante ao encontra<strong>do</strong> no lançamento<br />

<strong>de</strong> <strong>da</strong>r<strong>do</strong>s a um alvo (Pezarat-Correia et al., 1995a) (fig. 1). O<br />

impulso agonista fornece ao ticípete braquial (TB) a activação<br />

necessária à aceleração inicial e, coinci<strong>de</strong>nte com o seu silêncio<br />

eléctrico, ocorre o impulso antagonista que é responsável pela<br />

<strong>de</strong>saceleração <strong>do</strong> movimento. O tempo <strong>de</strong> co-contracção,<br />

tempo que me<strong>de</strong>ia entre o início <strong>da</strong> activação antagonista e o<br />

final <strong>da</strong> activação agonista, é normalmente inferior a 30 ms. No<br />

serviço <strong>de</strong> Ténis o pico máximo <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s músculos<br />

antagonistas, bicípete braquial (BB) e longo supina<strong>do</strong>r (LS), era<br />

praticamente coinci<strong>de</strong>nte com o momento <strong>do</strong> contacto com a<br />

bola, tal como acontecia no lançamento <strong>de</strong> <strong>da</strong>r<strong>do</strong>s (Pezarat-<br />

Correia et al., 1995a), enquanto no remate <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol acontecia<br />

<strong>de</strong>pois <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> intenção. Este atraso <strong>da</strong> activação antagonista<br />

no remate <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol está provavelmente relaciona<strong>do</strong><br />

com a maior inércia <strong>da</strong> bola <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol, que <strong>de</strong>termina uma<br />

importância relativa menor <strong>da</strong> contracção antagonista na regulação<br />

<strong>do</strong> final <strong>da</strong> fase <strong>de</strong> aceleração. O timing antagonista e o<br />

aumento <strong>da</strong> co-contracção parece indicar que no serviço <strong>de</strong><br />

Ténis existe um maior compromisso <strong>da</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />

agonista/antagonista com a estabilização <strong>do</strong> cotovelo no<br />

momento <strong>do</strong> impacto com a bola, tiran<strong>do</strong> parti<strong>do</strong> <strong>da</strong> energia<br />

cinética transmiti<strong>da</strong> a partir <strong>do</strong>s segmentos proximais.<br />

Figura 1: Curva <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> cotovelo (vc) e EMG rectifica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />

músculos vasto interno <strong>do</strong> TB (1), BB (2) e LS (3) no serviço <strong>de</strong> Ténis<br />

(A) e no remate <strong>de</strong> 7 metros <strong>de</strong> An<strong>de</strong>bol (B). Em A o traço vertical<br />

representa o momento <strong>de</strong> contacto <strong>da</strong> raquete com a bola.<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102] 83

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