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66 ORADORES CONVIDADOS tados dos níveis médio e elevado porque as crianças incluídas no nível inferior (com menor dispêndio energético) têm idades significativamente menores que aquelas incluídas nos outros níveis estudados. As comparações entre os grupos foram feitas através da Anova e do teste de Scheffe. Os resultados foram considerados significativos para p £ .05. Apresentação dos resultados A análise do quadro 1 mostra que, em termos gerais, entre os 4 e os 10 anos de idade, os rapazes são mais activos que as raparigas. O maior dispêndio energético masculino pode explicar a maior frequência de ingestão semanal de alimentos, nomeadamente dos grupos de hidratos de carbono, de proteínas e de fast food. Comparativamente, as raparigas ingerem mais vegetais, produtos lácteos e bebidas. Quadro 1. Valores de média, desvio padrão, mínimo e máximo para a globalidade da amostra masculina e feminina. Verificamos, através da análise do quadro 2, referente ao grupo de EDE que, em ambos os sexos, são as crianças incluídas no subgrupo de nível mais elevado que vêem mais televisão, jogam mais computador e dormem mais horas por semana. A ingestão total de alimentos é igualmente maior nas crianças, de ambos os sexos, que integram o nível mais elevado do grupo de EDE. No entanto, os rapazes incluídos no nível elevado ingerem com maior frequência alimentos dos grupos Prhc, Ffood e Beb, sendo as crianças do nível médio as que comem com mais frequência Pveg, Plact e Prpa. No sexo feminino, as crianças do nível mais elevado apresentam uma frequência maior de ingestão semanal de todos os grupos de alimentos considerados, com excepção dos produtos lácteos cujo consumo é maior no nível médio. Em termos morfológicos, verificamos que os rapazes do nível mais elevado são mais altos e pesados, têm uma maior linearidade, maiores perímetros corrigidos e um diâmetro bicôndiloumeral superior, sendo as pregas adiposas, o diâmetro bicôndilo-femoral e o IMC superiores nos rapazes de nível médio. Contudo, as diferenças entre os níveis médio e elevado não apresentam significado estatístico. As raparigas de nível médio são mais desenvolvidas em termos morfológicos, em relação às dos outros dois níveis, com excepção do IPR que é superior no nível mais elevado. Em relação ao grupo de BDE, verificamos que, em termos gerais, em ambos os sexos, são as crianças do nível mais elevado que dedicam mais horas por semana a actividades que implicam maior dispêndio energético (só existem diferenças significativas entre o nível médio e o elevado na variável Actfr), que apresentam uma maior ingestão semanal de nutrientes (sendo significativas as diferenças encontradas entre os níveis médio e elevado, para a ingestão Ffood em ambos os sexos e de Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102] Pveg nas raparigas) e que são morfologicamente mais desenvolvidas (quadro 3). Quadro 2. Valores de média, desvio padrão e nível de significado referentes ao grupo de elevado dispêndio energético (EDE) para o sexo masculino e feminino. No sexo masculino, existem diferenças significativas entre o nível elevado e os outros dois níveis para a Alt, Peso, IMC e perímetros corrigidos. Quadro 3. Valores de média, desvio padrão e nível de significado referentes ao grupo de baixo dispêndio energético (BDE) para o sexo masculino e feminino. Em ambos os sexos, são as crianças do nível elevado que ingerem maior quantidade de nutrientes dos grupos Ffood e Beb. Ainda em relação ao nível elevado, os rapazes consomem mais Prhc e as raparigas mais Prpa. As crianças que integram o grupo médio apresentam, em ambos os sexos, uma maior ingestão de Pveg e de Plact. Discussão dos resultados Os rapazes parecem ser mais activos que as raparigas quando avaliamos os gastos em actividades de lazer e actividades organizadas (Strauss et al., 2001; Kemper et al., 1999; Matos et al., 2003; Mota & Silva, 1999; Center for Disease Control and Prevention, 2003; Vilhjalmsson & Kristjansdottir, 2003). Contudo, as tarefas domésticas que constituem uma importante fonte de dispêndio energético (Bénéfice et al., 2001; Chadwick & Fragoso, in Press) mais uma vez não foram contabilizadas.
É sobejamente reconhecido que as crianças de hoje passam demasiadas horas em actividades de muito baixo custo energético (Strauss et al., 2001). A prevalência de obesidade, segundo Dietz e Gortmaker (1985), aumentou 2% por cada hora adicional passada a ver televisão. Porém, o padrão de comportamento observado neste estudo é semelhante para as crianças incluídas em ambos os grupos estudados, ou seja, quem habitualmente despende mais horas em actividades de maior dispêndio energético também gasta mais horas em actividades de menor dispêndio energético. O nível elevado de ambos os grupos estudados (EDE e BDE) apresenta maior ingestão de nutrientes especialmente de Prhc, Ffood e Beb. No grupo BDE são significativas as diferenças entre o nível médio e elevado para a ingestão de Ffood. Por outro lado, as crianças do grupo médio têm uma maior ingestão de Pveg e de Plact. Utter et al. (2003) verificaram que a utilização elevada da televisão e dos jogos de vídeo se associava positivamente a comportamentos alimentares pouco saudáveis (Ffood). Pelo contrário, fazer trabalhos de casa e ler está positivamente associado ao consumo de alimentos mais saudáveis, tais como frutas e vegetais. Os resultados deste estudo não permitem relacionar a ingestão alimentar com as actividades escolares, tal como não permitem dizer que os comportamentos alimentares menos saudáveis estão ligados a actividades de menor dispêndio energético, já que estes comportamentos foram evidentes em ambos os grupos estudados. Finalmente, os rapazes incluídos nos níveis mais elevados de ambos os grupos estudados são, de um modo geral, morfologicamente mais desenvolvidos, apresentando no grupo EDE perímetros do braço corrigidos e dbcu superiores e pregas inferiores. Segundo Beunen et al. (1992), os rapazes peripurbertários e fisicamente activos mostraram ser mais largos, mais pesados e apresentar maiores circunferências braquiais e geminais que os seus pares menos activos. É bom não esquecer que as crianças de nível elevado do grupo EDE são as que gastam mais horas em actividades de baixo dispêndio energético e que o contrário é igualmente verdade. Será portanto complicado assumir que a menor robustez é própria de quem pratica actividades que envolvem um menor dispêndio energético. Quando observamos os resultados da amostra feminina, nem sempre foram as crianças de nível elevado que se apresentaram morfologicamente mais desenvolvidas. Conclusão As actividades praticadas e avaliadas na maior parte das populações, em especial no género feminino, não são suficientemente vigorosas ou não acontecem com a frequência e duração necessárias para que operem diferenças morfológicas visíveis nos grupos de níveis de actividade diferente. O comportamento alimentar das crianças mais activas é menos saudável, ao contrário do esperado, e não difere nos dois grupos estudados. Bibliografia AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS (2000). Physical Fitness and activity in schools. Pediatrics 105 (5): 1156-1157. BÉNÉFICE, E.; GARNIER, D. & NDIAYE, G. (2001). High levels of habitual physical activity in West African adolescent girls and relationship to maturation, growth, and nutritional status: Results from a 3-year prospective study. American Journal of Human Biology 13 (6): 808-820. BEUNEN, G. P.; MALINA, R. M.; RENSON, R.; SIMONS, J.; OSTYN, M., & LEFEVRE, J. (1992). Physical activity and growth, maturation and performance: a longitudinal study. Med Sci Sports Exerc 24(5): 576-585. CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (2003). Physical activity levels among children aged 9-13 years - United States, 2002. Morbidity and Mortality Weekly Report 52 (33):785-788. CHADWICK, D. & FRAGOSO, I. (in Press). Serão as raparigas inactivas? 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