35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

More documents

Recommendations

Info

48 ORADORES CONVIDADOS como do IMC (t (48,170) = -2,573; p. = 0,013). A comparação entre os membros do sexo feminino não apresentou qualquer tipo de diferenças entre os grupos etários. Tabela 4: Comparação por sexo e grupo etário: satisfação corporal, auto estima e IMC. Em função dos valores obtidos na variável auto-estima e recorrendo aos procedimentos para calcular os percentis, dividimos a amostra em três grupos. Um, com auto-estima baixa e que foi constituído por aqueles que obtiveram valores iguais ou inferiores ao percentil 25, o grupo de auto-estima média foram os que obtiveram valores entre o percentil 26 e o 74 e os de auto-estima alta obtiveram scores superiores ao valor do percentil 75. Feita a transformação de uma variável quantitativa em qualitativa procedemos à comparação dos grupos. Quando comparámos os indivíduos de ambos os sexos em função da auto-estima, os resultados da ANOVA demonstraram existir diferenças estatisticamente significativas entre os sujeitos com a auto-estima alta e a baixa ao nível da satisfação corporal, quer nos indivíduos do sexo masculino, quer nos do sexo feminino. De seguida, optámos por comparar os níveis de auto-estima quer para o sexo masculino quer para o feminino (Tabela 5). Tabela 5: Comparação por nível de auto-estima: satisfação corporal global e específica por itens. Ainda neste estudo, procurámos saber como os indivíduos se diferenciavam em função da auto-estima ao nível das diferentes partes do corpo que integraram o teste de satisfação corporal. Os resultados obtidos evidenciaram que os indivíduos com uma auto-estima elevada tenderam a apresentar níveis consistentes de satisfação com as partes do corpo que constaram do questionário com a excepção do item 11, relativo às ancas. Quando a comparação foi feita para os sujeitos do sexo feminino constatou-se que existiam diferenças estatisticamente significativas em 11 dos 23 itens que constituíram o questionário, nomeadamente os referentes a estarem satisfeitas com: “forma da minha cabeça” (F= 4,149; p. = 0,29); “arquitectura do meu corpo” (F= 4,499; p.= 0.022); “meus braços” (F= 4,423; p. = 0,024); “meus tornozelos” (F= 3,567; p. = 0,045); “minha pele” (F= 6,353; p. = 0,006); “meu porte” (F= 3,490; p. =0,47); “meu queixo” (F= 3,490; p. = 0,047); “minhas costas” (F= 8,783; p. = 0,001); “minhas bochechas” (F= 17,471; p. = 0, 000); “minha altura” (F= 5,289; p. = 0, 013); “meu peso” (F= 4,752; p. = 0, 019). Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102] A comparação feita para os indivíduos do sexo masculino demonstrou existirem diferenças estatisticamente significativas para todas as variáveis à excepção do item 14 (satisfação com a pele) e 22 (satisfação com a altura). Quando comparámos os jovens da nossa amostra em função do ano de escolaridade, constatámos que foram os alunos do 9º ano que apresentaram valores mais elevados, quer de satisfação corporal, quer de auto-estima e que os do 12º ano foram os que apresentaram valores mais baixos. Estes dados parece confirmarem os obtidos em outros estudos (Diener, Suh & Lucas, 1999; Groesz, Levine & Murnen, 2002) que sugeriram que os jovens na adolescência média estão mais fragilizados quanto à influência que os órgãos de informação, nomeadamente a televisão e os outros “mass media”, que têm como população alvo os adolescentes e em particular os do sexo feminino, têm na percepção da satisfação com a imagem corporal. Nitcher e Nitcher (1991) alertaram para as consequências da promoção de um corpo idealizado, na medida em que tal prática tem como consequência a promoção do conflito que as adolescentes sentem quando se comparam com essa idealização. Groesz et al. (2002, p.1) destacaram o facto de que o corpo idealizado da mulher apresenta como referência um valor de IMC de 15.61. Os resultados da meta-análise realizada por estes estudiosos demonstraram que efectivamente os “mass media”, como as revistas para jovens, revistas de moda e televisão, promovem (se é que não estabelecem) o padrão para as comparações que as raparigas fazem. De qualquer forma importa realçar que estes são agentes mediadores que competem com outros cuja influência ainda está por determinar, nomeadamente a religiosidade, uma vez que o corpo desempenha um papel central na promoção dos valores inerentes ao processo de promoção de comportamentos de conformidade sócio-cultural. Os resultados do presente estudo vão de encontro aos resultados já conhecidos na literatura da especialidade. Em parte podemos confirmar que a auto-estima deverá ser entendida na sua perspectiva multidimensional como sugeriram Mendelson, Mendelson e Andrews (2000). Quando comparámos os valores da média da satisfação corporal obtida com esta amostra verificámos que esta apresentou valores mais elevados do que os que foram obtidos por Anastácio, Carvalho e Vasconcelos- Raposo (2003) e mais baixos ao nível da auto-estima. A presente amostra cingiu-se a estudantes de um distrito do interior do país, enquanto a do outro consistiu de adolescentes provenientes de zonas residenciais do litoral. A auto-estima tem sido aceite como um indicador do bem-estar mental e um mediador do comportamento humano (Cruz, 1998, p. 32). Tem sido considerada como um produto da personalidade ou associada a alguns dos seus traços, sendo a responsabilidade do indivíduo uma manifestação de um elevado nível de auto-estima. As teorias psicológicas afirmam ainda que as estruturas de personalidade que mantêm a auto-estima originam-se cedo na vida e vão sendo gradualmente interiorizadas (Anastácio, 2001). Tem sido dada relevância ao desenvolvimento da auto-estima no âmbito da promoção e/ou da educação para a saúde, acreditando-se que os jovens auto-confiantes, com uma visão positiva acerca de si mesmos, possuem maior capacidade de aumentar a sua auto-eficácia e de resistir às pressões do grupo de pares para comportamentos desviantes. Neste sentido os dados por nós obtidos sugerem que os jovens do distrito de Vila Real, por nós estudados, apresentaram valores normais de bem-estar psicológico.
Conclusões Os resultados do nosso estudo apontam no sentido de ser necessário aprofundar os nossos conhecimentos sobre as percepções dos adolescentes relativamente aos níveis de participação nas actividades físicas. A priori, os dados sugerem que os indivíduos que têm uma participação inferior a três vezes por semana não têm benefícios, quando comparados com os que não têm qualquer tipo de actividade física, para além da que têm nas aulas de educação física. Ao contrário do que é sugerido na literatura, os níveis de autoestima dos indivíduos do sexo masculino e do feminino são idênticos. Implicações para os profissionais de educação física Planear adequadamente a gestão dos feedback a serem prestados durante as suas intervenções profissionais de modo a que a educação física possa ser um agente interveniente como mediador na minimização do impacto negativo que existe em torno do “negócio do corpo” e assim: 1. Promover comportamentos que estejam associados à saúde; 2. Promover a actividade física e o exercício associados a valores sócio-culturais inerentes à saúde, apoio social e realização pessoal, para que a prática seja associada a melhorias nos domínios do bem-estar psicológico; 3. Promover uma orientação cognitiva para a mestria, de forma a garantir o desenvolvimento do auto-controlo e da auto-responsabilização. Referências AMARAL-DIAS, C. & BRAVO, A. (2003). O inferno somos nós. Conversas sobre crianças e adolescentes (2ª ed.). Lisboa: Quetzal Editores. ANASTÁCIO, Z. (2001). Educação sexual: Relacionamento entre pais e filhos adolescentes. Tese de mestrado não publicada, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal. ANASTÁCIO, Z.; CARVALHO, G. & VASCONCELOS-RAPO- SO, J. (2003, Outubro). Influência da religião e da prática religiosa na satisfação com a imagem corporal e na auto-estima. 3ª Encontro Nacional de Promoção e Educação para a Saúde. Beja, Portugal. BATISTA, P. (1995). Satisfação com imagem corporal e auto-estima – Estudo comparativo de adolescentes envolvidas em diferentes níveis de actividade física. Dissertação de doutoramento não publicada, FCDEF - Universidade do Porto, Portugal. BIDDLE, S. & MUTRIE, N. (2001). Psychology of physical activity: Determinants, well-being and interventions. London: Routledge. CASH, T. (2004). Body image: Past, present and future. Body Image 1, 1-5. COOPERSMITH, S. (1967). The antecedents of self-esteem. San Francisco, CA: Freeman. CRUZ, T. M. (1998). Imagem corporal e auto-estima numa população clínica: Implicações para a promoção / educação para a saúde. Tese de mestrado não publicada, Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal. DIENER, E.; SUH, E. & LUCAS, R. (1999). Subjective wellbeing: Three decades of progress. Psychological Bulletin 125(2): 276-302. DUKE-DUNCAN, P. (1991). Body image. In R. Lerner, A. Petersen & J. Brooks-Gunn (Eds.) Encyclopedie of Adolescence (Vol I). New York: Garland Publishing,90-94. DURKIN, S. & PAXTON, S. (2002). Predictors of vulnerability GRUPOS DE INTERESSE to reduced body image satisfaction and psychological wellbeing in response to exposure to idealized female media images in adolescent girls. Journal of Psychosomatic Research 53, 995-1005. FOX, K. R. (2000). The effects of exercise on self-perceptions and self-esteem. In S. Biddle, K. Fox & S. Boutcher (Eds.) Physical activity and psychological well-being. London: Routledge, 88-117. FRANZOI, S. & SHIELDS, S. (1984). The body esteem scale: Multidimensional structure and sex differences in a college population. Development Psychology 21 (1):90-96. GALLAHUE, D. & OZMUN, J. (2001). Compreendendo o desenvolvimento motor - Bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora. GROESZ, L.; LEVINE, M. & MURNEN, S. (2002). The experimental presentation of thin media images on body dissatisfaction: A meta-analytic review. International Journal of Eating Disorders 3, 1-16. HERMON, D. & HAZLER, R. (1999). Adherence to a wellness model and perceptions of psychological well-being. Journal of Coounseling and Development 77, 339-343. LOPEZ, F. & FUERTES, A. (1999). Para compreender a sexualidade. Lisboa: APF. LUCAS, R.; DIENER, E. & SUH, E. (1996). Discriminant validity of well-being measures. Journal of Personality and Social Psychology 71, 616-628. MENDELSON, B. & WHITE, D. (1985). Development of selfbody-esteem in overweight youngsters. Developmental Psychology 21 (1):90-96. MENDELSON, M.; MENDELSON, B. & ANDREWS, J. (2000). Self-esteem, body-esteem, and body-mass in late adolescence: Is a competence X importance model needed? Journal of Applied Development Psychology 21 (3):279-266. MISRA, R. & AGUILLON, S. (2001). Predictors of health behaviors in rural adolescents. Health Education 101 (1): 22-30. MOORE, S. & ROSENTHAL, D. (1995). Sexuality in adolescence. London: Routledge. NICHTER, M. & NICHTER, M. (1991). Hype and weight. Medical Anthropology 13, 249-289. NOVO, R. (2003). Para além da Eudaimonia: O bem-estar psicológico em mulheres na idade adulta avançada. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. NURMI, J.; POOLE, M. & KALAKOSKI, V. (1996). Age diferences in adolescent identity exploration and in urban and rural development. Journal of Adolescence 21, 443-452. RAUST-VON WRIGHT, M. (1989). Body image satisfaction in adolescent girls and boys: A longitudinal study. Journal of Youth and Adolescence 18, 71-83. ROSENBERG, M. (1965). Society and the Adolescent Self-Image. Princeton, NJ: University Press. SASTRE, M. (1999). Lay conceptions of well-being and rules used in well-being judgements among young, middle-aged, and elderly adults. Social Indicators Research 47, 203-231. SCRIVEN, A. & STIDDARD, L. (2003). Empowering schools: Translating health promotion principles into practice. Health Education 103 (2):110-118. SONSTOEM, R. J. (1997). Physical activity and self-esteem. In W. P. Morgan (Ed.) Physical activity and mental health. Washington, D.C.: Taylor and Francis, 127-147. SONSTROEM, R. J. (1984). Exercise and self-esteem. Exercise and Sport Sciences Review 12, 123-155. STEPTOE, A. & BUTLER, N. (1996). Sports participation and Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102] 49
Page 1 and 2: A EDUCAÇÃO FÍSICA PERANTE A EDUC
Page 3 and 4: a) a maioria dos cursos existentes
Page 5 and 6: Unidos da América. Nos últimos jo
Page 7 and 8: tir do estado adulto, a verdade é
Page 9 and 10: 128(5):608-615. STEINBERGER, J.; DA
Page 11 and 12: Os parâmetros da análise de regre
Page 13 and 14: Uma outra observação de interesse
Page 15 and 16: coordenação motora e aspectos psi
Page 17 and 18: Pessoa, através da Secretaria do T
Page 19 and 20: com a prescrição do exercício f
Page 21 and 22: Horizonte 45 (VIII), Dossier. SHEA,
Page 23 and 24: lização ou a atrofia atribuível
Page 25 and 26: A localização, ordem e duração
Page 27 and 28: lizados (vídeo, visualização men
Page 29 and 30: mática. No caso da psicologia do e
Page 31 and 32: vação do exercício, auto-estima,
Page 33: que foi validado por Vasconcelos (1
Page 37 and 38: De 1998 para 2002 nota-se nos joven
Page 39 and 40: Na verdade, são igualmente numeros
Page 41 and 42: Em programa desenvolvido por Smoll
Page 43 and 44: particularmente no quesito formaç
Page 45 and 46: TAVARES, F. (ed) (1999). Estudos do
Page 47 and 48: Campaniço, Jorge 1 ; Oliveira, M.
Page 49 and 50: ência interna à disciplina, já q
Page 51 and 52: G. (1996). Tracking of physical act
Page 53 and 54: É sobejamente reconhecido que as c
Page 55 and 56: mente detalhada. Os dados recolhido
Page 57 and 58: desejado e o manifesto, possibilita
Page 59 and 60: acção seria garantida pela libert
Page 61 and 62: plas situações, se passou de um e
Page 63 and 64: em diferentes modalidades. Tal deco
Page 65 and 66: aprendizagem de determinados conte
Page 67 and 68: Universidade Federal de Santa Catar
Page 69 and 70: dito, inicialmente, há inúmeras o
Page 71 and 72: ção da qualidade da coordenação
Page 73 and 74: os 25 s de uma amostra de 30 s. Nos
Page 75 and 76: eferem Sichieri e Allan (1996) “O
Page 77 and 78: ficamente, à educação física, d
Page 79 and 80: Maturação biológica Os dados da
Page 81 and 82: são apresentados pelo ESE elevado.
Page 83 and 84: lham por agenda de cada dia, que po
Page 85 and 86:
que o esporte, como cenário de mit
Page 87 and 88:
Na conferência de encerramento do
show all

35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

Delete template?

Save as template?