28.08.2013 Views

35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

64<br />

ORADORES CONVIDADOS<br />

ter causas biológicas. De facto, o <strong>de</strong>clínio <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> AF foi<br />

também verifica<strong>do</strong> em animais (6). O <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong>verá ser fonte<br />

<strong>de</strong> preocupação quan<strong>do</strong> a AF <strong>de</strong>scer para níveis consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<br />

nefastos para a saú<strong>de</strong>. De qualquer forma, esta ocorrência<br />

levanta problemas adicionais na promoção <strong>de</strong> hábitos <strong>de</strong> AF na<br />

infância. Corbin (3) recomen<strong>da</strong> que as activi<strong>da</strong><strong>de</strong> físicas a<br />

implementar na infância e juventu<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> em vista a sua<br />

manutenção ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s sujeitos, <strong>de</strong>vem apresentar<br />

tracking, isto é, as activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas a ensinar e a promover,<br />

sobretu<strong>do</strong> nos a<strong>do</strong>lescentes, <strong>de</strong>vem ser as activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a que os<br />

adultos mais a<strong>de</strong>rem.<br />

Qual a importância <strong>de</strong> um tracking eleva<strong>do</strong> na AF? Será <strong>de</strong> facto<br />

<strong>de</strong>sejável que a AF tenha um tracking eleva<strong>do</strong>? Vejamos o<br />

seguinte: se a AF apresentar uma estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> perfeita (correlação<br />

= 1), então os indivíduos activos enquanto crianças serão<br />

os adultos mais activos. No entanto, como referimos atrás,<br />

existe um <strong>de</strong>clínio nos níveis <strong>de</strong> AF ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Da<strong>do</strong> que<br />

os adultos em geral são caracteriza<strong>do</strong>s como menos activos <strong>do</strong><br />

que as crianças, uma posição eleva<strong>da</strong> num grupo <strong>de</strong> adultos<br />

não assegura um nível <strong>de</strong> AF a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, apenas que se é mais<br />

activo <strong>do</strong> que os outros adultos. Para aqueles que são inactivos<br />

ou mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>mente activos enquanto crianças, um tracking perfeito<br />

significa sem qualquer dúvi<strong>da</strong> uma vi<strong>da</strong> inteira <strong>de</strong> se<strong>de</strong>ntarismo<br />

(3).<br />

Quais os factores que levam a que a AF tenha um tracking apenas<br />

mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ou mesmo baixo? Um <strong>do</strong>s factores é <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo<br />

a limitação <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> AF. Existe uma panóplia relativamente<br />

vasta <strong>de</strong> instrumentos que me<strong>de</strong>m indica<strong>do</strong>res distintos <strong>da</strong><br />

AF, não sen<strong>do</strong> nenhum <strong>de</strong>les perfeito. A quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

pesquisas sobre o tracking utiliza o questionário que obriga a<br />

recor<strong>da</strong>r, acarretan<strong>do</strong> portanto um erro relativamente eleva<strong>do</strong>.<br />

Os <strong>de</strong>scritores <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> AF comummente utiliza<strong>do</strong>s -<br />

leve, mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> ou intensa - têm provavelmente significa<strong>do</strong>s<br />

distintos em diferentes i<strong>da</strong><strong>de</strong>s, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as mu<strong>da</strong>nças fisiológicas<br />

associa<strong>da</strong>s ao crescimento e maturação. O mo<strong>do</strong> <strong>da</strong> AF sofre<br />

mu<strong>da</strong>nças ao longo <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, talvez por isso a AF estrutura<strong>da</strong> e<br />

formal apresente um tracking superior à AF não estrutura<strong>da</strong>.<br />

A acrescentar às limitações <strong>da</strong> medi<strong>da</strong>, as correlações são<br />

influencia<strong>da</strong>s por uma outra série <strong>de</strong> factores (11) como sejam:<br />

(i) i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> primeira observação; (ii) a variação biológica a<br />

curto prazo - diferenças interindividuais na mu<strong>da</strong>nça intraindividual<br />

em diferentes traços biológicos; (iii) alterações no envolvimento;<br />

(iv) variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> medi<strong>da</strong>; (v) intervalo entre as<br />

avaliações. É provável que a AF seja um comportamento mais<br />

complexo <strong>do</strong> que aquilo que é revela<strong>do</strong> pelas auto-correlações.<br />

Embora as correlações sejam baixas ou mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s, é possível<br />

que a associação opere indirectamente ou através <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s<br />

e etapas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s sujeitos, como os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> transição no<br />

ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> que se caracterizam por alterações substanciais no<br />

tipo <strong>de</strong> rotinas e outros aspectos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> diária.<br />

É vasto o número <strong>de</strong> factores que influenciam a AF durante a<br />

infância e juventu<strong>de</strong>. No entanto, a generali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s<br />

sobre o tracking não os incluem na análise. Parece-nos que se os<br />

estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> tracking <strong>da</strong> AF analisassem em simultâneo os factores<br />

que estão associa<strong>do</strong>s ou em covariação à AF, mais luz se<br />

faria sobre o tema. Questões como por exemplo - A AF tem um<br />

tracking mais eleva<strong>do</strong> ou mais baixo nos sujeitos com níveis <strong>de</strong><br />

aptidão física eleva<strong>do</strong>s ou com níveis baixos? A AF tem um<br />

tracking mais eleva<strong>do</strong> ou mais baixo nos jovens praticantes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sporto comparativamente àqueles que não são praticantes? -<br />

não estariam ain<strong>da</strong> sem resposta. É necessário, portanto, que<br />

os <strong>de</strong>terminantes <strong>da</strong> AF em diferentes estádios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> sejam<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102]<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s com maior <strong>de</strong>talhe. O mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> seria que<br />

eles fossem avalia<strong>do</strong>s longitudinalmente. Como é que melhor<br />

se po<strong>de</strong> chegar à resposta sobre qual o processo que está subjacente<br />

ao padrão <strong>da</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e mu<strong>da</strong>nça na AF que é indica<strong>do</strong><br />

pelos <strong>da</strong><strong>do</strong>s disponíveis? Os factores subjacentes à estabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

ou instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> AF são, provavelmente, distintos para<br />

as diferentes dimensões <strong>da</strong> AF. Provavelmente também apresentam<br />

variação inter e intraindividual. Alguns sujeitos permanecem<br />

activos porque <strong>de</strong>libera<strong>da</strong>mente procuram envolvimentos<br />

em que talvez a aptidão física seja importante? Outros permanecem<br />

estáveis porque os seus pais, irmãos e parceiros consistentemente<br />

respon<strong>de</strong>m e encorajam a um estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> fisicamente<br />

activo? (11)<br />

Bibliografia<br />

(1) CASPERSEN, C. (1989). Physical activity epi<strong>de</strong>miology:<br />

concepts, methods and applications to exercise science. In<br />

J. O. Holloszy (Ed.) Exercise and sport sciences reviews.<br />

Indianapolis: American College of Sports Medicine.<br />

(2) CASPERSEN, C. J.; NIXON, P. A.; DURANT, R. H.<br />

(1998). Physical activity epi<strong>de</strong>miology applied to children<br />

and a<strong>do</strong>lescents. In J.O. Holloszy (Ed.) Exercise and Sport<br />

Sciences Reviews. St. Louis: Williams and Wilkins.<br />

(3) CORBIN, C. B. (2001). The "untracking" of se<strong>de</strong>ntary<br />

living: a call for action. Pediatric Exercise Science 13 347-<br />

356.<br />

(4) GABBARD, C. P. (1992). Lifelong motor <strong>de</strong>velopment.<br />

Dubuque: Brown & Benchmark.<br />

(5) HAYWOOD, K. (1993). Life Span Motor Development.<br />

Champaign: Human Kinetics.<br />

(6) INGRAM, D. K. (2000). Age-related <strong>de</strong>cline in physical<br />

activty: generalization to nonhumans. Medicine and<br />

Science in Sport and Exercise 32 (9): 1623-1629.<br />

(7) JANZ, K. F.; DAWSON, J. D.; MAHONEY, L. T. (2000).<br />

Tracking physical fitness and physical activity from childhood<br />

to a<strong>do</strong>lescence: the Muscatine study. Medicine and<br />

Science in Sport and Exercise 32 (7): 1250-1257.<br />

(8) KIMM, S. Y. S.; GLYNN, N. W.; KRISKA, A. M.; FITZGE-<br />

RAL, S. L.; AARON, D. J.; SIMILO, S. L.; MCMAHON, R.<br />

P.; BARTON, B. A. (2000). Longitudinal changes in physical<br />

activity in a biracial cohort during a<strong>do</strong>lescence.<br />

Medicine and Science in Sport and Exercise 32 (8): 1445-<br />

1454.<br />

(9) KOWALSKI, C. J.; SCHNEIDERMAN, E. D. (1992).<br />

Tracking: concepts, methods and tools. International<br />

Journal of Anthropology 7 (4): 33-50.<br />

(10) MAIA, J. A. R.; LOPES, V. P.; GARGANTA, R.; SEABRA,<br />

A.; BEUNEN, G.; LEFEVRE, J.; CLAESSENS, A.; REN-<br />

SON, R. (2002). O tracking <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> física: um estu<strong>do</strong><br />

em a<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong> sexo masculino. <strong>Revista</strong> Brasileira<br />

Ciência e Movimento 10 (4): 27-34.<br />

(11) MALINA, R., M. (2001). Adherence to physical activity<br />

from childhood to adulthood: a perspective from tracking<br />

studies. Quest 53 346-355.<br />

(12) MALINA, R. M.; BOUCHARD, C. (1991). Growth maturation,<br />

and physical activity. Champaign: Human Kinetics.<br />

(13) MECHELEN, W. V.; KEMPER, H. C. G. (1995). Habitual<br />

physical activity in longitudinal perspective. In H.C.G.<br />

Kemper (Ed.) The Amester<strong>da</strong>m Growth Study. A longitudinal<br />

analysis of health, fitness, and lifestyle. Champaign:<br />

Human Kinetics.<br />

(14) PATE, R. R.; BARANOWSKI, T.; DOWDA, M.; TROST, S.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!