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35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

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52<br />

ORADORES CONVIDADOS<br />

igualmente ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira e saliente no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2002.<br />

A excepção mais saliente em relação a esta regra é a informação<br />

que os mais velhos têm em maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

face à transmissão <strong>do</strong> VIH e outras DST’s. Este facto <strong>de</strong>ve-se,<br />

sem dúvi<strong>da</strong>, à relevância <strong>de</strong>senvolvimental <strong>de</strong>ste aumento <strong>de</strong><br />

conhecimentos, face à emergência <strong>de</strong> uma sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong> adulta.<br />

A diferença <strong>de</strong> género, no que diz respeito aos comportamentos<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e reacções aos <strong>de</strong>safios e adversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, na sua globali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

mantêm-se também: os rapazes têm mais tendência<br />

para comportamentos externalizantes tipo consumos, aci<strong>de</strong>ntes,<br />

envolvimento em lutas e provocações, uma maior prática<br />

<strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas, e têm um menor investimento na escola.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, apresentam algo que po<strong>de</strong>ríamos i<strong>de</strong>ntificar<br />

como um optimismo em relação à vi<strong>da</strong>, ten<strong>do</strong> mais tendência a<br />

percepcionarem-se como saudáveis, felizes, satisfeitos com a<br />

vi<strong>da</strong>, com o seu corpo, com as suas competências. Referem um<br />

grupo social <strong>de</strong> apoio.<br />

As raparigas têm mais tendência para comportamentos internalizantes<br />

tipo sintomas físicos e somáticos <strong>de</strong> mal-estar, uma<br />

menor prática <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> física, uma maior preocupação e<br />

insatisfação pelo seu corpo e a sua aparência. Por outro la<strong>do</strong>,<br />

apresentam um maior investimento na escola. Preferem falar<br />

com as raparigas (tal como os rapazes, que as preferem para<br />

interlocutoras).<br />

Parece haver uma maior monitorização <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s filhas <strong>do</strong><br />

que <strong>do</strong>s filhos por parte <strong>do</strong>s pais e, em geral, uma maior pressão<br />

para a conformi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Estas conclusões, já acentua<strong>da</strong>s no<br />

estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1998, mantêm-se igualmente ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras e salientes<br />

no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2002.<br />

Salienta-se como conclusão global <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> que a saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

a<strong>do</strong>lescentes não está nos seus melhores momentos. A tendência em<br />

geral é para uma situação agrava<strong>da</strong> em termos <strong>de</strong> risco para a<br />

saú<strong>de</strong>. De salientar ain<strong>da</strong> o agravamento <strong>de</strong>scrito para situações<br />

<strong>de</strong> retenção escolar, ser estrangeiro e ter problemas <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, que sugere que também aqui não é fácil ser-se “diferente”.<br />

Assim os a<strong>do</strong>lescentes com problemas <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação à escola,<br />

os a<strong>do</strong>lescentes que “vêm <strong>de</strong> outro local/país” e os a<strong>do</strong>lescentes<br />

com problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> vêem a sua protecção para a<br />

saú<strong>de</strong> baixar e aumentar o risco, a nível pessoal, bem com a<br />

nível <strong>da</strong> interacção com os cenários físicos, sociais e ambientais<br />

<strong>da</strong>s suas vi<strong>da</strong>s.<br />

De salientar ain<strong>da</strong> a confirmação <strong>do</strong> agravamento <strong>da</strong> situação,<br />

em termos <strong>de</strong> risco para a saú<strong>de</strong>, com a i<strong>da</strong><strong>de</strong>, agravamento<br />

este vivi<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> diferente nos rapazes e nas raparigas.<br />

Em 1998, os a<strong>do</strong>lescentes portugueses eram em geral saudáveis,<br />

quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com os seus pares europeus (Currie,<br />

Hurrelmann, Settertobulte, Smith & Todd, 2000). Uma minoria<br />

<strong>de</strong> a<strong>do</strong>lescentes apresentava então comportamentos e estilos <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong> liga<strong>do</strong>s ao risco e a escolhas potencialmente compromete<strong>do</strong>ras<br />

<strong>da</strong> sua saú<strong>de</strong>.<br />

O estu<strong>do</strong> internacional <strong>de</strong> 2003, entretanto distribuí<strong>do</strong>, mantêm<br />

esta tendência, embora esta se <strong>de</strong>va a um agravamento <strong>da</strong> situação<br />

em Portugal como no resto <strong>da</strong> Europa. Situações on<strong>de</strong><br />

Portugal se distingue positiva ou negativamente serão analisa<strong>da</strong>s,<br />

bem como a sua repercussão nas políticas <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> e educação.<br />

Embora sem alarmismos, urge aceitar que, para esta (preocupante)<br />

minoria, o esforço a nível <strong>da</strong> promoção <strong>da</strong> sua participação<br />

e acesso à saú<strong>de</strong> não está a ser suficiente, ou pelo menos<br />

não está a ser canaliza<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> mais eficaz.<br />

Estu<strong>do</strong>s qualitativos com utilização <strong>de</strong> grupos focais (“Focus<br />

groups”) para discussão junto <strong>do</strong>s jovens (Dias, Matos, &<br />

Gonçalves, 2002; Dias, Matos, & Gonçalves, 2002; Matos &<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102]<br />

Santos, 2002; Matos, Gaspar, Vitória & Clemente, 2003) evi<strong>de</strong>nciam<br />

algo que se po<strong>de</strong>ria talvez i<strong>de</strong>ntificar como um estilo<br />

<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> liga<strong>do</strong> ao risco. Porém e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> algo assusta<strong>do</strong>r, o<br />

risco ten<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vez mais a aparecer, não apenas através <strong>de</strong><br />

escolhas <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> pessoais prejudiciais para a saú<strong>de</strong>, mas também<br />

através <strong>de</strong> uma cultura <strong>do</strong> tipo “porque não…?”. Os jovens<br />

referem-se sobretu<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> alternativas.<br />

Como já foi sublinha<strong>do</strong>, são estes factos que dão origem à<br />

a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> estratégias participativas, na promoção <strong>de</strong> estilos <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong> saudáveis. São ain<strong>da</strong> estes factos que evi<strong>de</strong>nciam a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> tornar a participação <strong>do</strong>s jovens viável, quer através<br />

<strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> real <strong>de</strong> acesso a cenários e contextos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

quer através <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> real <strong>de</strong> imaginar, não necessariamente<br />

um futuro <strong>de</strong> sonho, mas a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um qualquer<br />

sonho para o futuro.<br />

Recolhemos as informações e transformámo-las em conhecimentos.<br />

O <strong>de</strong>safio é agora: Como transformar conhecimentos em<br />

práticas promotoras <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>?<br />

Estu<strong>do</strong> financia<strong>do</strong> pela Fun<strong>da</strong>ção para a Ciência e a Tecnologia/MCES<br />

- Projecto POCTI 37486/PSI/2001 e Comissão Nacional <strong>de</strong> Luta<br />

Contra a SIDA - Estu<strong>do</strong> específico VIH/saú<strong>de</strong> sexual/consumos.<br />

margari<strong>da</strong>gaspar@netcabo.pt<br />

DA MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DESPORTIVA JUVENIL AO SEU<br />

ABANDONO… OU… DAS PERSPECTIVAS E INFLUÊNCIAS DOS<br />

REALIZADORES AOS COMPORTAMENTOS DOS ACTORES…<br />

Fonseca, António Manuel<br />

<strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong> e <strong>de</strong> Educação Física, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Porto, Portugal.<br />

O reconhecimento <strong>de</strong> que o envolvimento regular e sistemático<br />

<strong>do</strong>s indivíduos em geral, e <strong>da</strong>s crianças e jovens em particular,<br />

em contextos <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> física ou <strong>de</strong>sportiva se traduz pela<br />

obtenção <strong>de</strong> um conjunto significativo <strong>de</strong> benefícios <strong>de</strong> natureza<br />

funcional, psicológica ou social constitui-se hoje como um<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong> perfeitamente adquiri<strong>do</strong>, não só pela comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica,<br />

mas igualmente pela população em geral, razão pela qual,<br />

<strong>de</strong> uma forma geral, os adultos procuram que as crianças e<br />

jovens sob a sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> se orientem nesse senti<strong>do</strong>.<br />

Em consequência, po<strong>de</strong>m consi<strong>de</strong>rar-se como perfeitamente<br />

naturais e previsíveis os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s vários estu<strong>do</strong>s que têm<br />

vin<strong>do</strong> a <strong>de</strong>monstrar <strong>de</strong> forma consistente, em diferentes<br />

momentos e locais, que são efectivamente muitos os que se<br />

envolvem <strong>de</strong> forma empenha<strong>da</strong> e persistente na prática <strong>de</strong> uma<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sportiva.<br />

To<strong>da</strong>via, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong>stes estu<strong>do</strong>s são, <strong>de</strong> uma forma geral, <strong>de</strong><br />

natureza transversal e não longitudinal. Por outras palavras,<br />

permitem-nos saber que são muitos os que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m praticar<br />

uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sportiva, num ou noutro<br />

momento <strong>da</strong>s suas vi<strong>da</strong>s, mas não nos autorizam a concluir que<br />

essa prática se mantém, <strong>de</strong> forma intensa e regular, ao longo<br />

<strong>do</strong>s tempos; e esta é provavelmente a informação a que realmente<br />

pretendíamos ace<strong>de</strong>r, particularmente se consi<strong>de</strong>rarmos<br />

que a magnitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s múltiplos benefícios que <strong>de</strong>correm <strong>da</strong><br />

prática <strong>de</strong>sportiva é claramente condiciona<strong>da</strong> pelo facto <strong>de</strong> ela<br />

ser realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma continua<strong>da</strong> no tempo e não pontual ou<br />

esporadicamente.

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