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35754-Revista FCDEF - Faculdade de Desporto da Universidade do ...

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Em programa <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Smoll e Smith (1996), os técnicos<br />

são encoraja<strong>do</strong>s a enfatizar “fazer o melhor”, “progredir”,<br />

“divertir-se” como opostos ao “vencer a to<strong>do</strong> custo”, basean<strong>do</strong>se<br />

em quatro princípios: (1) vencer não é tu<strong>do</strong>, nem somente a<br />

única coisa: os atletas não po<strong>de</strong>m extrair o máximo <strong>do</strong> esporte<br />

se pensam que o único objetivo é vencer seus oponentes.<br />

Apesar <strong>da</strong> vitória ser uma meta importante, ela não é o objetivo<br />

mais importante; (2) fracasso não é a mesma coisa que per<strong>de</strong>r:<br />

é importante que os atletas não vejam per<strong>de</strong>r como sinal <strong>de</strong><br />

fracasso ou como uma ameaça aos seus valores pessoais; (3)<br />

sucesso não é sinônimo <strong>de</strong> vitória: nem o sucesso nem o fracasso<br />

precisam <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> competição ou <strong>do</strong><br />

número <strong>de</strong> vitórias e <strong>de</strong>rrotas. Vitória e <strong>de</strong>rrota pertencem ao<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> competição, enquanto sucesso e fracasso não; (4)<br />

os jovens <strong>de</strong>vem ser ensina<strong>do</strong>s que o sucesso é encontra<strong>do</strong><br />

através <strong>do</strong> esforço pela vitória, eles <strong>de</strong>vem apren<strong>de</strong>r que nunca<br />

são per<strong>de</strong><strong>do</strong>ras esforçam-se ao máximo.<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Fica evi<strong>de</strong>nte que o técnico <strong>de</strong>ve ter uma participação ativa no<br />

processo <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> jovem, porém provi<strong>do</strong> <strong>de</strong> conhecimentos<br />

suficientes que permitam uma atuação segura e benéfica<br />

para os futuros atletas. Esse conhecimento <strong>de</strong>ve ocorrer em<br />

quatro <strong>do</strong>mínios: (1) conhecimento <strong>do</strong> próprio jovem (sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

biológica, psicológica e social); (2) conhecimento <strong>da</strong><br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> com a qual irá trabalhar (aspectos físicos, técnicos<br />

e táticos); (3) <strong>de</strong>finição a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s e estratégias <strong>de</strong><br />

trabalho (planejamento, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> objetivos, escolha <strong>do</strong>s<br />

méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> treinamento e <strong>do</strong>s exercícios que farão parte <strong>de</strong>sta<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, entre outros); (4) intervenção eficaz no processo<br />

(atitu<strong>de</strong>s positivas <strong>de</strong> oferecer condições <strong>do</strong>s atletas apren<strong>de</strong>rem<br />

e apresentar possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s para a solução <strong>de</strong> problemas).<br />

Referências bibliográficas<br />

BARROS, J.C.T.S.; DE ROSE JR., D. (2002). O comportamento<br />

<strong>do</strong> treina<strong>do</strong>r como fator <strong>de</strong> stress na natação competitiva<br />

infanto juvenil. In Anais <strong>do</strong> XXV Simpósio Internacional <strong>de</strong><br />

Ciências <strong>do</strong> Esporte. S. Paulo: CELAFISCS, 181.<br />

DE ROSE JR., D. (2000). Stress e basquetebol <strong>de</strong> alto nível e<br />

categorias menores. Relatório Científico Final. São Paulo:<br />

FAPESP.<br />

DE ROSE JR. D. (2002a). A Criança, o jovem e a competição<br />

esportiva: consi<strong>de</strong>rações gerais. In Dante De Rose Jr. (ed),<br />

Esporte e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física na infância e na a<strong>do</strong>lescência. Porto<br />

Alegre: Artmed.<br />

DE ROSE JR., D. (2002b). Competitive stressful situations in<br />

youth sport. In American Association for Applied Sport Psychology<br />

Conference - Proceedings, 36-37.<br />

DE ROSE JR., D.; DESCHAMPS, S.R.; KORSAKAS, P. (2001a).<br />

O jogo como fonte <strong>de</strong> stress no basquetebol infanto-juvenil.<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 1 (2): 36-44.<br />

DE ROSE JR., D.; DESCHAMPS, S.R.; KORSAKAS, P. (2001b).<br />

Competitive stressful situations in youth basketball. In A.<br />

Papaioannou; M. Gou<strong>da</strong>s & Y. Tho<strong>do</strong>rakis (ed) 10 th World<br />

Congress of Sport Psychology – Programme and Proceedings, vol 5.<br />

Athens: Christo<strong>do</strong>ulis, 73-75.<br />

DE ROSE JR., D.; CAMPOS, R.R.: TRIBST, M. (2001). Motivos<br />

que llevan a la práctica <strong>de</strong>l baloncesto: um estu<strong>do</strong> com jóvenes<br />

atletas brasileños. <strong>Revista</strong> <strong>de</strong> Psicologia <strong>de</strong>l Deporte, 10, 2:<br />

293-304.<br />

KORSAKAS, P. (2002). O esporte infanto-juvenil: as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> uma prática educativa. In: Dante De Rose Jr. Esporte<br />

e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física na infância e a<strong>do</strong>lescência: uma abor<strong>da</strong>gem multidisciplinar.<br />

Porto Alegre: Artmed.<br />

PETLICHKOFF, L. M. (1993). Coaching children: un<strong>de</strong>rstanding<br />

the motivational process. Sports Science Review 2(2):48-<br />

61.<br />

SMOLL, F.L.: SMITH, R.E. (1996a). The coach as a focus of<br />

research and intervention in youth sports. In F.L. Smoll, R.E.<br />

Smith (Eds) Children and youth in sport: a biopsychosocial perspective.<br />

s.n. Brown & Benchmark, 125-141.<br />

<strong>da</strong>nrose@usp.br<br />

CONHECIMENTO E ACÇÃO NOS JOGOS DESPORTIVOS.<br />

Garganta, Júlio<br />

<strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong> e <strong>de</strong> Educação Física,<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto, Portugal.<br />

GRUPOS DE INTERESSE<br />

A capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para tomar <strong>de</strong>cisões ajusta<strong>da</strong>s e para as operacionalizar<br />

com eficácia é uma competência nuclear <strong>da</strong> performance,<br />

particularmente no âmbito <strong>do</strong>s Jogos Desportivos (JD), por<br />

se tratar <strong>de</strong> disciplinas situacionais <strong>de</strong> opção estratégico-táctica.<br />

No <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> expertise nos JD, para além <strong>da</strong> importância reconheci<strong>da</strong><br />

à eficiência e à eficácia <strong>da</strong> execução <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong><br />

movimento, a investigação tem dirigi<strong>do</strong> a atenção para os tipos<br />

<strong>de</strong> conhecimento que suportam as acções <strong>do</strong>s joga<strong>do</strong>res na<br />

resolução <strong>de</strong> problemas <strong>do</strong> jogo, no que concerne às estratégias<br />

cognitivas que guiam a percepção e a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />

Des<strong>de</strong> Mahlo (1969) que se sabe que em jogo a actualização<br />

<strong>do</strong>s conhecimentos tácticos se faz, por um la<strong>do</strong>, a partir <strong>da</strong> análise<br />

<strong>da</strong> situação, isto é, <strong>da</strong> percepção, e, por outro la<strong>do</strong>, a partir<br />

<strong>da</strong> análise <strong>do</strong>s próprios conhecimentos. To<strong>da</strong>via, apesar <strong>do</strong><br />

esforço <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela ciência, na busca <strong>de</strong> entendimento<br />

para o compromisso conhecimento-acção em contextos <strong>de</strong>sportivos,<br />

as conclusões são ain<strong>da</strong> pouco consistentes. Não obstante,<br />

no quadro <strong>do</strong> ensino e treino <strong>do</strong>s JD, a literatura sugere<br />

insistentemente que gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque <strong>de</strong>ve ser <strong>da</strong><strong>do</strong> à expertise<br />

cognitiva, na sua relação estreita com os skills tácticos e as<br />

habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>cisionais. Po<strong>de</strong> dizer-se que aqui emergem as<br />

questões relativas ao conhecimento estratégico-táctico e às<br />

competências perceptivas e <strong>de</strong>cisionais. No primeiro caso, tem<br />

si<strong>do</strong> <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> particular atenção à funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> memória<br />

no reconhecimento <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> jogo, enquanto que no<br />

segun<strong>do</strong> se tem procura<strong>do</strong> enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que mo<strong>do</strong> os indivíduos<br />

i<strong>de</strong>ntificam os sinais críticos ou pertinentes <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

sobretu<strong>do</strong> na a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> comportamentos antecipatórios, bem<br />

como a conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a rapi<strong>de</strong>z <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />

Esta problemática torna-se ain<strong>da</strong> mais complexa, mas também<br />

mais aliciante, quan<strong>do</strong> se procura colocar no mesmo plano as<br />

duas principais exigências <strong>da</strong> acção <strong>de</strong>sportiva - “o que fazer” e<br />

“como fazer” - na medi<strong>da</strong> em que se sabe, por exemplo, que a<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para executar uma habili<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica influencia a<br />

tendência para a eleger como opção táctica na situação <strong>de</strong> jogo<br />

(ver French et al., 1996 e Starkes & Ericsson, 2002).<br />

No centro <strong>de</strong>sta discussão, <strong>de</strong>stacam-se duas abor<strong>da</strong>gens: (1) a<br />

cognitiva, conota<strong>da</strong> com a teoria <strong>do</strong> esquema, ou <strong>do</strong>s programas<br />

motores genéricos (Schmidt, 1975); (2) e a ecológica, esta<br />

comprometi<strong>da</strong> com a teoria <strong>do</strong>s sistemas dinâmicos (Davis et<br />

al., 2001). A reciproci<strong>da</strong><strong>de</strong> entre organismo e envolvimento e<br />

entre percepção e acção estão patentes no conceito <strong>de</strong> affor<strong>da</strong>n-<br />

<strong>Revista</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [15–102] 55

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