Anu-Pre e secao1 - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
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processo. Isto sem dúvida contribuiu para que ambos os instrumentos assumissem configurações conceituais e<br />
estruturais específicas e muito peculiares, se comparados a outros elaborados com objetivos semelhantes.<br />
Outro aspecto diz respeito ao processo <strong>de</strong> construção empregado. Em ambos os casos, o primeiro<br />
passo foi o estabelecimento dos limites conceituais para o que se buscava dimensionar e assim,<br />
tornar claros os objetivos da construção <strong>de</strong> cada instrumento. Desta forma, na formulação do IQVU o Planejamento<br />
<strong>Municipal</strong> buscava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, o dimensionamento da qualida<strong>de</strong> da vida urbana através da<br />
expressão <strong>de</strong> um dos seus aspectos essenciais: a oferta <strong>de</strong> equipamentos, bens e serviços urbanos à população<br />
<strong>de</strong> um local da cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma a propiciar-lhe satisfação <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s básicas. Teve-se também<br />
como objetivo, expressar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso da população a tais recursos, tanto no seu local <strong>de</strong><br />
moradia como fora <strong>de</strong>le (Lemos et al, 1995; Nahas & Martins, 1995). Na elaboração do IVS, buscava-se um<br />
instrumento <strong>de</strong> pu<strong>de</strong>sse estabelecer níveis <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> da população à exclusão social. Para tanto,<br />
adotou-se como referência o conceito <strong>de</strong> Sposati (1996) para o Mapa da Exclusão Social <strong>de</strong> São Paulo 4 , que<br />
além <strong>de</strong> tratar a exclusão social como um processo heterogêneo espacial e temporalmente, abrange aspectos<br />
relacionados à insuficiência <strong>de</strong> renda e questões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política, social e cultural (Nahas et al, 1999).<br />
Um terceiro aspecto comum ao processo <strong>de</strong> elaboração do IQVU e do IVS é a participação da<br />
socieda<strong>de</strong>. Diferentes grupos <strong>de</strong> colaboradores – usuários dos índices – participaram <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong><br />
dinâmica <strong>de</strong> grupo, através do qual opinaram sobre os temas a serem incluídos na formulação dos índices,<br />
numa adaptação da Técnica <strong>de</strong> Delphi (Sollero, 1992). Respon<strong>de</strong>ndo às consultas <strong>de</strong> forma anônima e por<br />
escrito, os colaboradores emitiram sua opinião acerca das questões formuladas que, processadas pela equipe<br />
coor<strong>de</strong>nadora, geraram novas questões e assim sucessivamente, até que se formasse uma opinião majoritária<br />
acerca dos temas a serem consi<strong>de</strong>rados, <strong>de</strong>finidos em reunião final. Assim, em ambos os casos, o<br />
elenco <strong>de</strong> variáveis temáticas foi <strong>de</strong>terminado pelos usuários, como também o peso <strong>de</strong> cada variável no<br />
índice; no caso do IVS, os usuários <strong>de</strong>finiram ainda os pesos das dimensões e dos indicadores.<br />
Para a elaboração do IQVU, o grupo <strong>de</strong> colaboradores foi composto por representantes <strong>de</strong> todos<br />
os setores da PBH e das Administrações Regionais, usuários imediatos do instrumento. No caso do IVS, o<br />
grupo foi mais abrangente, envolvendo não apenas os representantes <strong>de</strong> setores municipais relacionados ao<br />
assunto (ou seja, os usuários imediatos) como também instituições <strong>de</strong> pesquisa, universida<strong>de</strong>s e organizações<br />
não governamentais que se <strong>de</strong>dicam ao tema, consi<strong>de</strong>rados como usuários potenciais do índice.<br />
2.1.1. Regionalização, formato dos dados e métodos <strong>de</strong> processamento.<br />
O IQVU e o IVS apresentam também aspectos metodológicos comuns, no que se refere à espacialização,<br />
ao formato dos dados e aos métodos <strong>de</strong> processamento empregados na elaboração dos indicadores.<br />
Quanto à espacialização, tanto o IQVU quanto o IVS foram calculados a partir <strong>de</strong> indicadores<br />
georreferenciados em 81(oitenta e uma) unida<strong>de</strong>s espaciais intra-urbanas, <strong>de</strong>nominadas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Planejamento<br />
(UP). As UP são unida<strong>de</strong>s espaciais <strong>de</strong>finidas para o Plano Diretor da cida<strong>de</strong> (PBH, 1995) e tiveram<br />
seus limites estabelecidos respeitando-se os critérios <strong>de</strong>: i)homogeneida<strong>de</strong> no padrão <strong>de</strong> ocupação do solo;<br />
ii)continuida<strong>de</strong> na ocupação; iii) limites das Regiões Administrativas da Administração <strong>Municipal</strong> e iv)limites<br />
das gran<strong>de</strong>s barreiras físicas naturais ou construídas. As 8(oito) maiores vilas e aglomerados <strong>de</strong> favela da<br />
cida<strong>de</strong> compõem unida<strong>de</strong>s à parte, e à época, abrangiam cerca <strong>de</strong> 48% da população favelada da cida<strong>de</strong><br />
(Oliveira et al, 1995). As UP apresentam maior ou menor grau <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> interna, sendo algumas<br />
<strong>de</strong>las compostas por um único bairro ou por um único aglomerado <strong>de</strong> favelas, mostrando-se mais homogêneas<br />
e outras, compostas por um bairro ou partes <strong>de</strong> bairros, juntamente com uma pequena favela ou<br />
conjunto habitacional e/ou parte <strong>de</strong> um outro, mostrando-se mais ou menos heterogêneas. Os cálculos<br />
finais do IQVU e do IVS permitiram o estabelecimento <strong>de</strong> hierarquias entre estas unida<strong>de</strong>s, bem como a<br />
percepção das priorida<strong>de</strong>s espaciais e setoriais do município.<br />
Outra característica metodológica comum ao IQVU e ao IVS é o formato das informações utilizadas<br />
para elaborar os indicadores. Como ambos os índices <strong>de</strong>stinam-se a produzir uma hierarquia intraurbana<br />
com relação aos temas consi<strong>de</strong>rados e além disto, <strong>de</strong>vem ser úteis ao monitoramento da qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida na cida<strong>de</strong>, foram selecionadas informações que, além <strong>de</strong> expressarem o conceito <strong>de</strong>sejado, fossem:<br />
i) dados georreferenciados <strong>de</strong> tal forma que pu<strong>de</strong>ssem ser compatibilizados espacialmente com as UP; ii)<br />
dados tomados em toda a cida<strong>de</strong>, e não apenas em certos locais (como é o caso, por exemplo, dos poluentes<br />
atmosféricos, medidos apenas numa área central da cida<strong>de</strong>) e iii) dados atualizáveis, ou seja, tomados com<br />
Indicadores <strong>de</strong> Desenvolvimento Urbano<br />
4.7<br />
4<br />
“Exclusão Social é a impossibilida<strong>de</strong> coletiva <strong>de</strong> se partilhar da socieda<strong>de</strong> hegemônica e/ou dominante (num certo período <strong>de</strong> tempo)... <strong>de</strong>vendo ser<br />
vista como um processo que leva à vivência <strong>de</strong> privação, da recusa, do abandono e da expulsão, inclusive com violência, <strong>de</strong> uma parcela significativa<br />
da população.” “Não se restringe à insuficiência <strong>de</strong> renda ou escassez <strong>de</strong> bens, mercadorias e serviços como apontam alguns conceitos analisados...<br />
Vai além, ao incorporar outros aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais, <strong>de</strong> caráter objetivo ou subjetivo, vivenciados <strong>de</strong> forma coletiva”.