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Anu-Pre e secao1 - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

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capital”, “primeiro casamento realizado”, etc. Mas o autor não se limita a isso: ele faz um apanhado da<br />

história da cida<strong>de</strong> até a data <strong>de</strong> seu cinqüentenário como se<strong>de</strong> do governo estadual, sendo instrumento<br />

extremamente útil para quem necessita <strong>de</strong> informações históricas sobre esse período.<br />

Existem ainda os Cinqüenta e Sete Anos <strong>de</strong> Existência em <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong> 14 , escritos em 1952,<br />

em que mais uma vez são resumidas as duas primeiras obras e é narrada uma parte importante da história da<br />

cida<strong>de</strong> nas primeiras décadas do século XX. Como o Resumo..., trata-se <strong>de</strong> contribuição importante, principalmente<br />

se consi<strong>de</strong>rarmos a escassez <strong>de</strong> trabalhos sobre o período. As duas primeiras obras são mais<br />

importantes porque traçam um painel mais amplo e <strong>de</strong>talhado dos períodos estudados com publicação <strong>de</strong><br />

documentos importantes como gravuras <strong>de</strong> época, plantas, mapas, fotografias etc. Na primeira é aventada a<br />

hipótese sobre a origem do arraial na antiga Fazenda do Cercado <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> João Leite da Silva Ortiz,<br />

que <strong>de</strong>ssa maneira passou à história como seu fundador. Mas como a primeira parte termina com a escolha<br />

do arraial para sediar a capital e a segunda termina em janeiro <strong>de</strong> 1898 com a <strong>de</strong>spedida <strong>de</strong> Francisco<br />

Bicalho da cida<strong>de</strong> que havia começado a construir, fica como lacuna exatamente o século em que se moldou<br />

a cida<strong>de</strong> como é hoje, a nossa História Contemporânea.<br />

A obra <strong>de</strong> Barreto não ficou sem contestação. Vários autores, <strong>de</strong>ntre os quais se <strong>de</strong>staca Wal<strong>de</strong>mar<br />

<strong>de</strong> Almeida Barbosa, escreveram para <strong>de</strong>sautorizar sua hipótese sobre a origem do Curral D’El Rey. Em sua<br />

obra A Verda<strong>de</strong> Sobre a História <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>, publicada em 1985, Barbosa contesta com veemência<br />

Barreto, e propõe como fundador do arraial que <strong>de</strong>u origem à capital o criador <strong>de</strong> gado Francisco Homem <strong>de</strong>l-<br />

Rei 15 , proprietário do Curral, ou fazenda <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> gado, que recebeu seu nome. Esta estaria situada,<br />

porém, <strong>de</strong>ntro das terras <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Borba Gato, e não <strong>de</strong> Silva Ortiz como quer Barreto. Essa questão<br />

não foi ainda esclarecida a contento. Po<strong>de</strong>-se dizer que ela é como a da intencionalida<strong>de</strong> ou não do Descobrimento<br />

do Brasil, trata-se mais <strong>de</strong> uma curiosida<strong>de</strong>. Se provada uma ou outra das alternativas da questão,<br />

a história não será mudada; o que é significativo é o <strong>de</strong>senvolvimento posterior que produziu, no primeiro<br />

caso, a nação brasileira e, no segundo, o pequeno arraial mais tar<strong>de</strong> transformado em metrópole. A posição<br />

<strong>de</strong> Barreto tornou-se a oficial e é a que é ensinada nas escolas e perpetuada nos monumentos. Barbosa,<br />

porém, nos dá argumentos <strong>de</strong> peso e alega, com razão, que até que fosse publicado o livro <strong>de</strong> Barreto em<br />

1928, nada se sabia da origem do povoado, sendo por isso aceita sua versão sem discussão. Entretanto, sua<br />

obra, como a <strong>de</strong> Barreto, tem inúmeras imprecisões e procedimentos metodológicos discutíveis, e em seu<br />

texto transparece algo que po<strong>de</strong> cegar um historiador, paixão por uma causa, nesse caso a <strong>de</strong> <strong>de</strong>sautorizar<br />

seu antecessor. Mesmo que esteja errado, Abílio Barreto não terá diminuída sua contribuição. Essa se situa<br />

muito mais na mudança da mentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>struidora e na admissão da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se preservarem monumentos<br />

e documentos sobre a história da cida<strong>de</strong>, do que, apenas, em suas conclusões historiográficas.<br />

Características Históricas<br />

1.7<br />

VI<br />

As lacunas já mencionadas na obra <strong>de</strong> Abílio Barreto foram apenas parcialmente supridas por outros<br />

autores. Um <strong>de</strong>les é o já citado Wal<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Almeida Barbosa que n’A Verda<strong>de</strong>... traça um resumidíssimo panorama<br />

da evolução da capital, mas chega até a propor uma periodização bastante razoável para sua história:<br />

“A história <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>, como capital <strong>de</strong> Minas, po<strong>de</strong> ser dividida em três fases<br />

distintas. A primeira abrange cerca <strong>de</strong> vinte anos, e vai até 1918 ou 1920, mais ou menos;<br />

é a cida<strong>de</strong>zinha pacata, sem movimento algum, cheia <strong>de</strong> poeira nos meses <strong>de</strong> seca, com as<br />

ruas enlameadas no período das chuvas, a cida<strong>de</strong> dos funcionários públicos, a cida<strong>de</strong> vergel,<br />

em que as árvores se <strong>de</strong>stacam mais que os prédios...<br />

A segunda fase da história da Capital Mineira vai até meados da década <strong>de</strong><br />

1930. É o período da transformação da cida<strong>de</strong> provinciana em verda<strong>de</strong>ira Capital <strong>de</strong> um<br />

Estado. A população, em 1920, elevava-se a 55.000 habitantes. Gran<strong>de</strong>s transformações se<br />

operaram, na Capital...<br />

Em 1935, completava-se o calçamento das ruas <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>. A partir<br />

<strong>de</strong>sse ano, <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong> passa a adquirir aspecto <strong>de</strong> Capital e cida<strong>de</strong> importante. Tem<br />

início a 3 a . fase da sua história”. 16<br />

14<br />

BARRETO, Abílio. Cinqüenta e sete anos <strong>de</strong> existência em <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong> (20-9-1895 a 20-9-1952). <strong>Anu</strong>ário <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>. <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>, v.1, n.1, s.d.<br />

15<br />

BARBOSA, Wal<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Almeida. A verda<strong>de</strong> sobre a história <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>. <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>: Fimac, 1985. p. 60-70.<br />

16<br />

ibid., p. 90-92/ 94.

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