29.03.2015 Views

Anu-Pre e secao1 - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

Anu-Pre e secao1 - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

Anu-Pre e secao1 - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

anos <strong>de</strong> 1942 até 1949, além <strong>de</strong> vários livros <strong>de</strong> ensaios. Gran<strong>de</strong> ensaísta, observador arguto do dia-a-dia,<br />

Frieiro é melhor como autor <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> análise cultural e anotador da vida diária do que como criador <strong>de</strong><br />

ficção, mas isso não quer dizer que seus três romances passados na cida<strong>de</strong> sejam <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> interesse.<br />

Eles são: O Clube dos Grafômanos, <strong>de</strong> 1927, Basileu, primeira edição em 1930 com o título Inquietu<strong>de</strong> e<br />

Melancolia, e O Cabo das Tormentas, <strong>de</strong> 1936. Os dois últimos são os mais interessantes, sendo seus personagens<br />

os eternos inadaptados da literatura mineira. De seus ensaios, Feijão, Angu e Couve 39 merece <strong>de</strong>staque,<br />

já que nessa obra <strong>de</strong> análise dos hábitos alimentares dos mineiros há vários capítulos referentes à<br />

alimentação na capital.<br />

De 1924 é uma das mais famosas obras poéticas <strong>de</strong>dicadas à cida<strong>de</strong>: O Noturno <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>,<br />

<strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, cujos versos iniciais, freqüentemente recitados, causaram impacto perene nos<br />

literatos mineiros:<br />

“Maravilha <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> brilhos vidrilhos,<br />

Calma do noturno <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>...”.<br />

Mas o poeta não se impressiona somente com os brilhos vidrilhos da luz mo<strong>de</strong>rna, ele se<br />

espanta com a vegetação abundante da Cida<strong>de</strong> Vergel que ela, então, havia se tornado:<br />

“Só as árvores árvores do mato virgem<br />

Pendurando a tapeçaria das ramagens<br />

Nos braços cabindas da noite.<br />

Que luta pavorosa entre floresta e casas...<br />

Todas as ida<strong>de</strong>s humanas<br />

Macaqueadas por arquiteturas históricas<br />

Torres torreões torrinhas e tolices<br />

Brigam em nome da?<br />

Os mineiros secundam em coro!<br />

__<br />

Em nome da civilização!<br />

Minas progri<strong>de</strong>.<br />

Também quer ter também capital mo<strong>de</strong>rníssima também...”. 40<br />

Características Históricas<br />

1.13<br />

Outra referência <strong>de</strong>sse período é João Alphonsus, autor <strong>de</strong> dois romances, Totonio Pacheco, <strong>de</strong><br />

1935, e Rola Moça, <strong>de</strong> 1938, e dos livros <strong>de</strong> contos Galinha Cega, Pesca da Baleia, e Eis a Noite! 41 . No<br />

primeiro é <strong>de</strong>scrita a inadaptabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um velho coronel do interior das Minas à cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna. No<br />

segundo é tratado um importante aspecto da cida<strong>de</strong> à época: o sanatório <strong>de</strong> tuberculosos, que aqui vinham<br />

atrás do clima benfazejo. Eduardo Frieiro chega a dizer que o personagem principal do livro é a tuberculose.<br />

Há também a evolução da cida<strong>de</strong> que já crescia mais que o previsto, expandindo-se para todos os lados. Mas<br />

as obras primas são os contos, gênero mais a<strong>de</strong>quado ao gran<strong>de</strong> talento do autor.<br />

No autobiográfico O Amanuense Belmiro, publicado em 1938, Cyro do Anjos começa uma carreira<br />

literária que continuaria com Abdias, Montanha e A Menina do Sobrado 42 . O primeiro, já tornado um<br />

clássico <strong>de</strong> nossa literatura, narra as vicissitu<strong>de</strong>s amorosas <strong>de</strong> um abúlico funcionário público na <strong>Belo</strong><br />

<strong>Horizonte</strong> <strong>de</strong> 1935. Após uma série <strong>de</strong> angústias e frustrações, ele <strong>de</strong>scobre que a verda<strong>de</strong> está na rua Erê,<br />

on<strong>de</strong> morava. Na novela há uma antológica <strong>de</strong>scrição da cida<strong>de</strong>:<br />

“Do alto da colina, contemplei <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>, que apenas <strong>de</strong>spertava. As cores já vivas do<br />

céu e a beleza luminosa da cida<strong>de</strong> feriam-me os olhos. Esses palácios e jardins e a majesta<strong>de</strong><br />

das avenidas e praças situam <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong> fora dos quadros singelos <strong>de</strong> Minas”.<br />

39<br />

FRIEIRO, Eduardo. O clube dos grafômanos. 2. ed. rev. <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>: Itatiaia, 1981. Basileu. 2. ed. rev. <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>: Itatiaia, 1981. O cabo das<br />

tormentas. <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>: Os amigos do Livro, 1936. Feijão, angu e couve: ensaio sobre a comida dos mineiros. <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>: Centro <strong>de</strong> Estudos<br />

Mineiros/Reitoria da UFMG, 1966.<br />

40<br />

ANDRADE, Mário. Noturno <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>. In: Poesias completas. <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>: Itatiaia/Edusp, 1987, p. 178.<br />

41<br />

ALPHONSUS, João. Totonio Pacheco. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1935. Rola-Moça. Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Olympio, 1938. Contos e novelas: galinha<br />

cega, pesca da baleia, Eis a noite!. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora do Autor, 1965.<br />

42<br />

ANJOS, Cyro: O amanuense Belmiro. <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>: Os Amigos do Livro, 1937. Abdias. Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Olympio, 1945. Montanha. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

José Olympio, 1956. A menina do sobrado (memórias). Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Olympio INL-MEC 1979.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!