Anu-Pre e secao1 - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
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_____ Orçamento Participativo<br />
________ A experiência do Orçamento Participativo em vilas e favelas <strong>de</strong><br />
<strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong><br />
Claudinéia Ferreira Jacinto*<br />
Maurício Alexandre Silva Moreira**<br />
Planejamento e Desenvolvimento Urbano<br />
4.60<br />
Introdução<br />
A formação <strong>de</strong> favelas em <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong> praticamente coinci<strong>de</strong> com a fundação da nova<br />
capital do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />
Nas duas primeiras décadas <strong>de</strong> sua existência, alguns <strong>de</strong>stes assentamentos já eram i<strong>de</strong>ntificados<br />
na zona urbana da cida<strong>de</strong> e o Censo realizado em 1912 apontava a precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> quase um terço<br />
<strong>de</strong> suas mais <strong>de</strong> seis mil construções, classificadas como barracos. Planejada segundo os padrões urbanísticos<br />
mais avançados da época, e tendo como finalida<strong>de</strong> sediar o aparato administrativo do governo, a<br />
pequena área prevista para abrigar os operários <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong> era insuficiente diante do constante<br />
fluxo <strong>de</strong> trabalhadores, com as invasões constituindo-se na solução <strong>de</strong> moradia da população mais pobre<br />
(Guimarães, 1992).<br />
Acompanhando a gran<strong>de</strong> expansão urbana nas décadas seguintes, o crescente processo <strong>de</strong><br />
favelização ocorrido na capital mineira mostrava a precarieda<strong>de</strong> do atendimento habitacional para sua<br />
população, composta predominantemente <strong>de</strong> migrantes. Com o controle cada vez maior da área central, as<br />
ocupações aconteciam em áreas <strong>de</strong>svalorizadas e mais distantes, enfatizando o caráter segregacionista <strong>de</strong><br />
apropriação do solo. Na década <strong>de</strong> 60 (sessenta) registravam-se cerca <strong>de</strong> 70 (setenta) favelas na cida<strong>de</strong> o<br />
que correspondia a aproximadamente 25.000 (vinte e cinco mil) domicílios.<br />
O processo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico do início da década <strong>de</strong> 70, que teve como<br />
uma <strong>de</strong> suas consequências o crescimento <strong>de</strong> municípios da região metropolitana da capital, tornou bastante<br />
perceptível a periferização das favelas que passam a se localizar, também, em regiões mais distantes do<br />
centro e mesmo em outros municípios como Betim, Contagem, Ribeirão da Neves, Sabará.<br />
A atuação do po<strong>de</strong>r público, por anos, se restringiu em regra às tentativas <strong>de</strong> erradicação<br />
<strong>de</strong>sses assentamentos, muitas vezes <strong>de</strong> forma traumática. Motivada inicialmente pela intenção <strong>de</strong> garantir<br />
a proposta urbanística original da cida<strong>de</strong> e, posteriormente, em função da execução <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras <strong>de</strong><br />
saneamento e consolidação do sistema viário (Guimarães, 1992), esta atuação representou a remoção <strong>de</strong><br />
milhares <strong>de</strong> pessoas que recebiam pequenas in<strong>de</strong>nizações, em dinheiro, por suas casas.<br />
Nos anos 50 e início da década <strong>de</strong> 60, um processo político mais favorável e a maior organização<br />
dos movimentos <strong>de</strong> moradores, trouxe para a esfera do social os problemas das favelas com a criação<br />
pela <strong>Pre</strong>feitura <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong> do Departamento <strong>de</strong> Bairros Populares - DBP -, e as discussões sobre a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> conjuntos habitacionais para a população favelada e <strong>de</strong> urbanização <strong>de</strong>stes<br />
assentamentos, embora ainda tivesse continuida<strong>de</strong> a prática <strong>de</strong> remoções.<br />
O golpe <strong>de</strong> 1964 reprime as manifestações associativas e <strong>de</strong> luta da população favelada,<br />
impondo a remoção como a principal ação do po<strong>de</strong>r público, que implementou um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfavelamento<br />
sem prece<strong>de</strong>ntes em <strong>Belo</strong> <strong>Horizonte</strong>.<br />
Tendo como justificativa a implantação <strong>de</strong> avenidas em fundos <strong>de</strong> vale, alongamento <strong>de</strong> vias<br />
etc., em 12 anos a CHISBEL- Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Habitação <strong>de</strong> Interesse Social - removeu cerca <strong>de</strong> 44 mil<br />
pessoas (Guimarães, 1992).<br />
No final da década <strong>de</strong> 70, com a rearticulação dos movimentos populares reivindicatórios, a<br />
continuida<strong>de</strong> das ocupações irregulares e o crescente número <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabrigados em constantes inundações do<br />
Arrudas, é que o Po<strong>de</strong>r Público (estadual e municipal) passou a investir em propostas que tinham como<br />
diretriz a manutenção das favelas, priorizando a implantação <strong>de</strong> infra estrutura urbana e a melhoria das<br />
condições <strong>de</strong> vida nestes locais.<br />
*Equipe <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação do OP/SMPL<br />
**Coor<strong>de</strong>nador OP Vilas e Favelas/URBEL