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Felicidade-genuína-B.-Alan-Wallace

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mesmas e ao mundo que elas realmente existem, que de fato estão no controle.<br />

Mas, quando você aplica a atenção plena com discernimento a fenômenos<br />

internos e externos, observando-os com o mínimo possível de sobreposições,<br />

nenhum desses objetos da mente se apresenta como “eu” nem como “meu”. De<br />

acordo com a exploração experimental de contemplativos budistas, essa<br />

tendência profundamente arraigada de fixar-se a absolutamente qualquer coisa<br />

como inerentemente “eu” ou “meu” é deludida: coloca-nos em rota de colisão<br />

com a realidade e, como resultado, mais uma vez sofremos.<br />

Por exemplo, imagine que você estabeleça negócios com alguém que, sem<br />

você saber, é desonesto, manipulador e interesseiro e essa pessoa arruína seus<br />

negócios. Você perde dinheiro não apenas porque a pessoa é trapaceira e<br />

mentirosa, mas porque você pensou que ela não fosse assim. Compare isso a<br />

confundir aquilo que não é “eu” ou “meu” com o que é “eu” ou “meu”. Se você<br />

confundir um sócio trapaceiro com uma pessoa honesta e fizer negócios com ele,<br />

poderá se prejudicar durante uma fase da sua vida. Mas isso passará e você<br />

poderá se recuperar. Porém, se você compreender de forma errônea a natureza<br />

da sua própria existência, isso contaminará tudo o que fizer. Toda a sua vida<br />

estará baseada nesse erro fundamental.<br />

Um sutra Mahayana, ou discurso atribuído ao Buda, aborda eloquentemente<br />

esse ponto:<br />

Os agregados (abrangendo o corpo e a mente) são<br />

impermanentes, instáveis, naturalmente frágeis como um vaso<br />

não queimado, como um objeto emprestado, como uma cidade<br />

construída no pó, durando apenas algum tempo. Por natureza,<br />

essas condições estão sujeitas à destruição, são como o reboco<br />

lavado pela estação das chuvas, como a areia à margem de um<br />

rio, dependentes das condições auxiliares, naturalmente fracas.<br />

São como a chama de uma lamparina, a sua natureza é ser<br />

destruída tão logo surjam, instáveis como o vento, sem seiva e<br />

frágeis como um grumo de espuma.[26]<br />

A importância de nomear coisas não se limita à própria identidade. Em um<br />

discurso registrado no idioma páli, o Buda comenta: “São meramente nomes,<br />

expressões, maneiras de falar, designações comumente usadas no mundo. Delas<br />

aquele que alcançou a verdade de fato faz uso, mas não se deixa enganar.”<br />

Em outro discurso páli, ele declara:<br />

Do mesmo modo que apenas quando as partes são reunidas<br />

Surge a palavra “carruagem”,<br />

Assim é a noção de um ser<br />

Quando os agregados estão presentes.[27]

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