Felicidade-genuína-B.-Alan-Wallace
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Muitas pessoas confundem vipashyana com shamatha, mas as duas diferem<br />
qualitativamente e levam a resultados diferentes. A prática de shamatha<br />
desenvolve as faculdades da atenção plena e introspecção como um meio de<br />
aumentar a estabilidade e a vivacidade da atenção. Isso implica simplesmente<br />
focar a atenção sobre um objeto de escolha e sustentar a atenção, e essa é a<br />
essência da prática ensinada anteriormente neste livro. Por outro lado, a prática<br />
de vipashy ana (ou vipassana, como é chamada em páli) é uma investigação<br />
atenta e inteligente das principais características da nossa existência. Por<br />
exemplo, a atenção plena à respiração, como é explicado no principal discurso<br />
do Buda sobre esse treinamento, começa como uma prática de shamatha, mas se<br />
desenvolve a partir daí para vipashy ana, pois acrescenta uma dimensão de<br />
investigação crítica. A diferença entre as duas não é o grau de concentração ou<br />
de atenção, mas sim o elemento de investigação que não está presente em<br />
shamatha.<br />
Este capítulo inicia uma série de quatro práticas compreendendo os métodos<br />
fundamentais da meditação budista de insight. As chamadas “quatro aplicações<br />
da atenção plena” são a atenção plena ao corpo, aos sentimentos, aos estados e<br />
processos mentais e aos objetos mentais, incluindo todos os tipos de fenômenos.<br />
O objetivo de aplicar a atenção plena a esses quatro domínios da experiência é<br />
obter insights sobre a natureza desses elementos da nossa existência.<br />
Especificamente, investigamos a natureza de cada um desses domínios para<br />
verificar se quaisquer desses objetos da mente são imutáveis, se são verdadeiras<br />
fontes de felicidade, e se algum deles é verdadeiramente “eu” ou “meu” por sua<br />
própria natureza, independentemente de nossas projeções conceituais. Por meio<br />
de tais insights, é possível erradicar as causas das aflições mentais e outras<br />
perturbações do coração e da mente que resultam em tanto sofrimento.<br />
Ao longo de seus 45 anos de ensinamentos, o Buda enfatizou fortemente o<br />
cultivo das quatro aplicações da atenção plena como um caminho direto para o<br />
insight contemplativo e a liberação. Diversas vezes, elogiou essa combinação de<br />
práticas, dizendo: “Esse é o caminho direto, monges, para a purificação dos<br />
seres, para a superação da tristeza e da lamentação, para a superação da dor e do<br />
sofrimento, para se atingir o caminho autêntico, para a realização do nirvana, ou<br />
seja, as quatro aplicações da atenção plena.”[14] A prática começa com a<br />
minuciosa aplicação da atenção plena – que já foi aperfeiçoada através da<br />
prática de shamatha – ao corpo, aos sentimentos, à mente e a todos os outros<br />
fenômenos. Começamos com o corpo que, em muitos aspectos, é o mais fácil de<br />
examinar.<br />
PRÁTICA