13.07.2017 Views

Felicidade-genuína-B.-Alan-Wallace

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Muitas pessoas confundem vipashyana com shamatha, mas as duas diferem<br />

qualitativamente e levam a resultados diferentes. A prática de shamatha<br />

desenvolve as faculdades da atenção plena e introspecção como um meio de<br />

aumentar a estabilidade e a vivacidade da atenção. Isso implica simplesmente<br />

focar a atenção sobre um objeto de escolha e sustentar a atenção, e essa é a<br />

essência da prática ensinada anteriormente neste livro. Por outro lado, a prática<br />

de vipashy ana (ou vipassana, como é chamada em páli) é uma investigação<br />

atenta e inteligente das principais características da nossa existência. Por<br />

exemplo, a atenção plena à respiração, como é explicado no principal discurso<br />

do Buda sobre esse treinamento, começa como uma prática de shamatha, mas se<br />

desenvolve a partir daí para vipashy ana, pois acrescenta uma dimensão de<br />

investigação crítica. A diferença entre as duas não é o grau de concentração ou<br />

de atenção, mas sim o elemento de investigação que não está presente em<br />

shamatha.<br />

Este capítulo inicia uma série de quatro práticas compreendendo os métodos<br />

fundamentais da meditação budista de insight. As chamadas “quatro aplicações<br />

da atenção plena” são a atenção plena ao corpo, aos sentimentos, aos estados e<br />

processos mentais e aos objetos mentais, incluindo todos os tipos de fenômenos.<br />

O objetivo de aplicar a atenção plena a esses quatro domínios da experiência é<br />

obter insights sobre a natureza desses elementos da nossa existência.<br />

Especificamente, investigamos a natureza de cada um desses domínios para<br />

verificar se quaisquer desses objetos da mente são imutáveis, se são verdadeiras<br />

fontes de felicidade, e se algum deles é verdadeiramente “eu” ou “meu” por sua<br />

própria natureza, independentemente de nossas projeções conceituais. Por meio<br />

de tais insights, é possível erradicar as causas das aflições mentais e outras<br />

perturbações do coração e da mente que resultam em tanto sofrimento.<br />

Ao longo de seus 45 anos de ensinamentos, o Buda enfatizou fortemente o<br />

cultivo das quatro aplicações da atenção plena como um caminho direto para o<br />

insight contemplativo e a liberação. Diversas vezes, elogiou essa combinação de<br />

práticas, dizendo: “Esse é o caminho direto, monges, para a purificação dos<br />

seres, para a superação da tristeza e da lamentação, para a superação da dor e do<br />

sofrimento, para se atingir o caminho autêntico, para a realização do nirvana, ou<br />

seja, as quatro aplicações da atenção plena.”[14] A prática começa com a<br />

minuciosa aplicação da atenção plena – que já foi aperfeiçoada através da<br />

prática de shamatha – ao corpo, aos sentimentos, à mente e a todos os outros<br />

fenômenos. Começamos com o corpo que, em muitos aspectos, é o mais fácil de<br />

examinar.<br />

PRÁTICA

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!