Felicidade-genuína-B.-Alan-Wallace
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mesmo. Pelo contrário, é o monitoramento interno de seu estado mental. Por<br />
meio da introspecção, olhando para dentro, você pode verificar se a sua atenção<br />
se desengajou da respiração e desviou-se para sons, para outras sensações em<br />
seu corpo ou para devaneios, memórias e antecipações do futuro. A introspecção<br />
implica um controle de qualidade, um monitoramento dos processos da mente e<br />
do corpo. De vez em quando, observe se alguma tensão se formou ao redor dos<br />
seus olhos ou na testa. Se isso ocorrer, relaxe. Permita que a sua face relaxe e<br />
suavize. Passe ainda alguns minutos observando se você é capaz de dividir a sua<br />
atenção permanecendo tranquilo. Esteja plenamente consciente de sua<br />
respiração, mas também ciente de como a sua mente está operando.<br />
Gostaria de enfatizar que essa não é uma técnica de concentração no sentido<br />
ocidental. Não estamos buscando vencer na marra, com esforço para manter o<br />
foco. É essencial manter uma sensação física e mental de relaxamento, e, com<br />
base nisso, gradualmente aumentar a estabilidade e, a seguir, a vivacidade da<br />
atenção. Isso implica uma qualidade ampla da consciência e, dentro desse<br />
espaço, um senso de abertura e tranquilidade – a atenção plena repousa sobre a<br />
respiração, como uma mão que suavemente toca a cabeça de uma criança.<br />
Conforme a vivacidade da atenção for aumentando, você notará sensações até<br />
mesmo entre as respirações. À medida que a turbulência da mente for cedendo,<br />
você verá que pode simplesmente observar as sensações táteis da respiração, em<br />
vez de observar os seus pensamentos a respeito delas.<br />
Agora, introduzirei uma técnica que você poderá achar útil em algumas<br />
ocasiões – o simples recurso de contar, que, quando feito com precisão, poderá<br />
trazer maior estabilidade e continuidade à sua atenção. Mais uma vez, com uma<br />
luxuosa sensação de estar à vontade e de descansar do trabalho excessivo e da<br />
exagerada conceituação da mente, estabeleça a sua atenção nas sensações táteis<br />
da respiração. Depois de expirar, bem no início da próxima inspiração, conte<br />
“um” mentalmente. Com o tórax elevado, mantenha uma postura ereta para que<br />
o ar flua sem esforço, inspire e observe as sensações táteis da respiração,<br />
permitindo que a sua mente conceitual repouse. Então, experimente a<br />
maravilhosa sensação revigorante conforme libera o ar, ao longo de todo o<br />
caminho, até o ponto em que o ciclo seguinte se inicia. Cultive uma “mente de<br />
teflon”– uma mente na qual nada adere, que não se apega a pensamentos sobre o<br />
presente, passado ou futuro. Dessa forma, conte de um a dez. Você pode então<br />
repetir a contagem até dez ou continuar contando de dez para cima. Essa é uma<br />
prática de simplificação e não de supressão de sua mente discursiva. Você está<br />
reduzindo a atividade mental a contar apenas, tirando férias do pensamento<br />
compulsivo durante todo o ciclo da respiração. Pratique por vários minutos, até<br />
que a sessão termine.<br />
Para encerrar qualquer prática de uma forma significativa, os budistas<br />
dedicam os méritos. Algo foi elaborado em nosso coração e em nossa mente ao