Felicidade-genuína-B.-Alan-Wallace
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
também está incluída a saúde. Certamente, esses são pontos básicos para a nossa<br />
busca pela felicidade.<br />
Mas além desses pontos essenciais, nos envolvemos frequentemente na busca<br />
por prazeres mundanos em vez da felicidade <strong>genuína</strong>. Na tradição budista, há<br />
muitas referências às oito preocupações mundanas. Revisando essa lista de<br />
preocupações, as duas primeiras são a aspiração por conseguir novas aquisições<br />
materiais e evitar perder aquilo que já foi obtido. Algumas pessoas avaliam seu<br />
próprio valor e seu grau de sucesso na vida em uma base puramente quantitativa:<br />
quanto dinheiro e bens materiais foram capazes de adquirir. Essas pessoas<br />
igualam a busca pela felicidade à busca por riqueza. O segundo par de<br />
preocupações mundanas é a busca por prazeres controlados por estímulos de<br />
todos os tipos – sensuais, intelectuais e estéticos – e o desejo de evitar qualquer<br />
tipo de sofrimento ou dor. O terceiro par é a preocupação em receber elogios dos<br />
outros e evitar o menosprezo, o abuso e o ridículo. As últimas duas preocupações<br />
relacionam-se a obter estima, afeto, aceitação e respeito de outros, e evitar o<br />
desprezo, antipatia, rejeição e indiferença. Essas oito preocupações podem<br />
ocupar cada momento de nossas vidas em vigília e, portanto, vale a pena avaliálas<br />
com cuidado para ver se justificam uma dedicação tão determinada.<br />
O neurocientista Richard Davidson, meu amigo e colega que iniciou a<br />
condução rigorosa de estudos científicos sobre os efeitos da meditação no bemestar<br />
emocional, usa o termo “esteira hedônica” para caracterizar uma vida<br />
centrada nas oito preocupações mundanas. A busca pela felicidade e pela saúde<br />
mental está recebendo mais e mais atenção dos cientistas cognitivos que estão<br />
perguntando: o que de fato leva à felicidade? Um dos livros mais notáveis<br />
recentemente publicados sobre esse assunto é The High Price of Materialism, do<br />
psicólogo Tim Kasser. Com respeito à primeira das oito preocupações mundanas,<br />
a sua pesquisa concluiu que aqueles que valorizam fortemente a busca por posses<br />
e riqueza relatam um menor bem-estar psicológico do que aqueles que se<br />
preocupam menos com esses objetivos. Essa fixação em aquisições materiais<br />
não apenas prejudica a nossa própria felicidade, como também distorce a<br />
maneira pela qual nos envolvemos com os outros. Kasser comenta a esse<br />
respeito: “Quando as pessoas colocam forte ênfase em consumir e comprar,<br />
ganhar e gastar, pensar sobre o valor monetário das coisas e pensar em coisas<br />
durante grande parte do tempo, também se tornam mais propensas a tratar<br />
pessoas como coisas.”[30] A evidência científica que ele reuniu sugere que, além<br />
de ter dinheiro suficiente para atender às necessidades básicas de alimentação,<br />
moradia e coisas desse tipo, conseguir riquezas, posses e status não resulta no<br />
aumento de sua felicidade ou bem-estar a longo prazo. Até mesmo a busca bemsucedida<br />
por ideais materialistas tipicamente acaba se tornando vazia e<br />
insatisfatória. Ele resume esse ponto: “Pessoas muito focadas em valores<br />
materialistas têm menos bem-estar pessoal e saúde psicológica do que aquelas