Felicidade-genuína-B.-Alan-Wallace
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Ao reconhecermos isso, torna-se desnecessário afirmar que a nossa busca<br />
individual pela felicidade deve considerar e incluir todos aqueles que nos<br />
possibilitaram viver e buscar a nossa própria felicidade. Assim, ampliamos o<br />
alcance de nosso interesse e dos nossos cuidados, e aspiramos a atingir o mais<br />
perfeito e elevado estado de despertar espiritual, semelhante ao de um buda, para<br />
que possamos servir melhor aos outros.<br />
Assim como a busca pela liberação individual, o caminho Mahayana<br />
também implica neutralizar as aflições da mente, às vezes de forma vigorosa.<br />
Também inclui cultivar qualidades virtuosas diligentemente – atenção<br />
equilibrada, bondade amorosa, compaixão, discernimento e assim por diante. É<br />
também uma prática com elaborações conceituais que exige esforço para a<br />
transformação. Mas agora a amplitude é enormemente expandida, porque a<br />
prática é realizada para o benefício de todos os seres sem exceção.<br />
O terceiro veículo do Darma budista, o mais alto escalão da teoria e da<br />
prática, é chamado de Vajray ana, ou “veículo de diamante”. Da mesma forma<br />
que o Mahay ana incorpora as práticas de liberação individual, o Vajrayana<br />
abrange o Mahayana. É como um Mahay ana ampliado – há um sentido de<br />
urgência na prática Vajrayana, motivado não pela impaciência, mas por uma<br />
profunda compaixão. Os problemas que afligem os seres sencientes são<br />
extremamente terríveis. E, então, se existem remédios disponíveis, é como os<br />
praticantes Vajrayana diriam: “Mãos à obra!” O Vajray ana implica tomar toda<br />
a energia que temos à nossa disposição, incluindo a energia das aflições mentais,<br />
e transmutá-la por meio de uma espécie de alquimia espiritual. Essa energia é<br />
transmutada em caminho espiritual utilizando-se técnicas onde as elaborações<br />
conceituais transformam a negatividade em combustível para a maturação<br />
espiritual. O falecido Lama Thubten Yeshe, discípulo de Geshe Rabten, escreveu<br />
um livro claro e acessível sobre esse tema, chamado Introduction to Tantra.[60]<br />
Por fim, chegamos ao Dzogchen, considerado por muitos tibetanos como a<br />
culminância do Vajray ana. Aqui, não há mais o mesmo sentido de esforço<br />
diligente, de desenvolvimento, de transformação – já não há elaborações<br />
conceituais de teorias e sistemas filosóficos e psicológicos complexos. Em vez<br />
disso, há simplicidade. A ênfase é na liberação da mente e em se estabelecer<br />
profundamente na natureza da consciência pura, que não precisa de modificação<br />
e que não pode ser desenvolvida. Assim, a abordagem de desenvolvimento dá<br />
lugar à descoberta. O Dzogchen é uma prática sem elaborações conceituais, é a<br />
prática da não meditação. De um modo muito profundo, não há nada a ser feito.<br />
Mas o Dzogchen não vira as costas a tudo o que foi dito até agora: ele incorpora<br />
tudo isso de uma maneira muito especial.<br />
O objetivo da prática Dzogchen é a realização de rigpa – consciência prístina<br />
que é a natureza fundamental da nossa própria mente e, em última análise, a<br />
própria natureza búdica. As realizações da vacuidade e de rigpa são fortemente