Felicidade-genuína-B.-Alan-Wallace
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norte da Índia, estudando a natureza e os efeitos da compaixão. O contemplativo<br />
mais antigo que visitamos foi Geshe Yeshe Thubtop, de 69 anos, que havia<br />
cultivado a compaixão em meditação vivendo em retiro durante os 23 anos<br />
anteriores. Perguntamos a ele: “Quando experimenta a compaixão, você sente<br />
tristeza?” Caso sentisse, isso implicaria que, quanto mais profunda a compaixão,<br />
maior seria o sofrimento. E que, se você experimentasse uma compaixão sem<br />
limites, ela seria acompanhada por um sofrimento sem limites. O iogue<br />
respondeu: “Quando você testemunha uma criança sofrendo, a sua experiência<br />
imediata é de tristeza. Mas então essa emoção é substituída pelo anseio: ‘Como<br />
posso ajudar? A criança precisa de comida? Abrigo? O que pode ser feito para<br />
aliviar o sofrimento dessa criança?’ Ou seja, quando a verdadeira compaixão<br />
surge e está presente, a tristeza desaparece.” A tristeza vem com a empatia,<br />
tristeza por sentir o sofrimento e as fontes de sofrimento de outra pessoa. Isso não<br />
é compaixão, mas pode ser o catalisador da compaixão. Esse é o combustível<br />
que pode dar origem à luz da compaixão.<br />
Sem empatia, não há compaixão. Pode haver alguma aparência externa de<br />
compaixão, mas pode não ser nada mais do que piedade. A empatia é uma<br />
experiência compartilhada de alegrias e tristezas, de felicidade e dor de outras<br />
pessoas. Talvez até mesmo a dualidade do eu e do outro desapareça e você se<br />
funda com a outra pessoa, sentindo o sofrimento dela como se fosse seu. Esse<br />
sofrimento empático pode despertar a compaixão. Compaixão exige uma<br />
espécie de coragem, de força interior. O leão da compaixão é despertado em sua<br />
toca pelo sofrimento que vem com a empatia, e avança a passos largos,<br />
majestosamente, com essa aspiração: “Que você possa se livrar do sofrimento e<br />
das fontes de sofrimento.”<br />
Mas a compaixão não para por aí. Ela é mais do que uma emoção – ela traz<br />
consigo a questão: “E o que eu posso fazer?” Em alguns casos, há algo tangível<br />
que pode ser feito para aliviar o sofrimento de alguém. Contudo, nos casos em<br />
que há pouco ou nada que possa fazer a respeito, imediatamente e de forma<br />
prática, você pode retornar para a meditação e cultivar a compaixão. Dessa<br />
forma, pode avançar em direção à iluminação, o que permitirá que se torne cada<br />
vez mais eficaz em suas habilidades para aliviar o sofrimento do mundo,<br />
empregando plenamente os seus recursos internos de sabedoria, compaixão e<br />
energia criativa. Essa é a razão de se tornar iluminado. O ponto não é poder<br />
andar sobre a água ou alcançar a clarividência. Quando você é despertado para<br />
aliviar o sofrimento dos seres, o leão em seu coração sai de sua toca, transcende<br />
a tristeza da empatia e trabalha para aliviar o sofrimento dos outros.<br />
Quais são os impedimentos para a compaixão? Em que ponto começamos a<br />
decidir que certas pessoas estão excluídas da nossa compaixão? Acho que muitos<br />
de nós atingem o limite da compaixão quando veem pessoas submetendo outros<br />
ao sofrimento por maldade, crueldade, egoísmo, ganância, estupidez e assim por