Felicidade-genuína-B.-Alan-Wallace
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partir desse estado de consciência tranquila e fluida, os pensamentos surgem sem<br />
esforço. Em circunstâncias normais, quando a mente está envolvida em fixações,<br />
chamaríamos esses pensamentos de distrações – contudo, depois da meditação, é<br />
possível manter um estado ao menos um pouco semelhante a essa qualidade<br />
tranquila de consciência não egocentrada.<br />
O objetivo da meditação não é apenas sentar em silêncio. É sentar-se em<br />
silêncio e, em seguida, levantar-se e mover-se em quietude, permanecendo<br />
silencioso em certo sentido até mesmo quando se está falando. Foi lá fora, no<br />
jogo da atividade espontânea, que o ponto culminante da vida de Buda teve lugar<br />
– quando ele começou a ensinar. A culminação não foi na quietude, sentado sob a<br />
árvore bodhi. Foi no serviço a todos os seres, emanado de sua experiência do<br />
despertar.<br />
Ao se engajar em tal prática, você pode sentir as comportas de sua<br />
criatividade abrirem-se espontaneamente. Em um estado de consciência serena,<br />
com o ego adormecido, observe o que surge a partir da quietude,<br />
espontaneamente e sem esforço. A quietude não é perdida nem mesmo quando a<br />
mente se torna ativa. Da mesma forma, você poderá sentir que não é necessário<br />
abandonar esse silêncio nem mesmo quando está falando ou quando o seu corpo<br />
está em movimento. William James descobriu que todos os gênios têm uma<br />
qualidade em comum: todos eles têm uma capacidade excepcional de manter a<br />
atenção voluntária. Ele estava convencido de que a genialidade levava a essa<br />
maior capacidade de concentrar a atenção por longos períodos de tempo e não<br />
que a atenção sustentada os tornasse gênios. Tenho certeza de que há muita<br />
verdade nessa afirmação, mas, se ampliarmos a noção de gênio no sentido de<br />
reconhecer que todo mundo tem um grau de genialidade ou habilidade inata para<br />
algo, estou convencido de que esse tipo de prática de shamatha pode ajudar a<br />
revelar esse gênio. Uma vez que o ego esteja relativamente fora do caminho, a<br />
fonte de criatividade se abre. Verifique se isso é verdade para você.<br />
Na prática da quiescência meditativa, há dois modelos complementares:<br />
desenvolvimento e descoberta. Comum a ambos é a ideia de que uma mente<br />
utilizável é imbuída de estabilidade da atenção, permitindo a sustentação do foco<br />
em um objeto escolhido. Quer esteja resolvendo problemas, ouvindo ou<br />
compondo músicas, dando aulas ou criando filhos, você está presente de forma<br />
sustentada. É o oposto de estar agitado, distraído ou fragmentado. A segunda<br />
qualidade comum a ambos os modelos é a vivacidade. Estabilidade sem<br />
vivacidade não é muito útil, a menos que o objetivo seja o sono profundo, no qual<br />
se tem boa estabilidade, mas pouca clareza. As primeiras duas técnicas que<br />
exploramos – consciência da respiração e observação da mente – seguem a<br />
abordagem de desenvolvimento. Ao cultivarmos a atenção plena à respiração,<br />
aprendemos a controlar o cavalo selvagem da mente. Lutamos com esse espírito<br />
rebelde com o senso de: “Você tem me dominado, mas agora vou virar o jogo e