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Felicidade-genuína-B.-Alan-Wallace

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PARA CONTEMPLAÇÃO ADICIONAL<br />

Todas as semanas durante o verão e outono de 1972, um ano depois de<br />

começar os meus estudos em Dharamsala, na Índia, subia a montanha acima da<br />

aldeia para me encontrar com o meu professor, Geshe Rabten. Ele estava em<br />

retiro meditativo naquela época, vivendo em um estábulo rústico com vista para<br />

a estação da montanha McLeod Ganj, para onde os membros do Raj britânico<br />

mudavam as suas famílias durante os sufocantes verões indianos. A meu pedido,<br />

ele contou a história de sua vida, começando pela infância como um garoto de<br />

fazenda na selvagem região Leste do Tibete. Ao descrever seu caminho de<br />

formação e desenvolvimento espiritual, enfatizou o cultivo de bodicita como a<br />

mais importante de todas as práticas, pois é a estrutura do modo de vida do<br />

bodisatva como um todo. A quietude meditativa, as quatro qualidades<br />

incomensuráveis e as quatro aplicações da atenção plena estabelecem uma base<br />

para o desenvolvimento do espírito do despertar. As práticas do Buda que são<br />

ensinadas, me disse Geshe Rabten, consistem em apenas três tipos: “a base para<br />

bodicita”; “o cultivo efetivo de bodicita”; “o resultado de bodicita”, que se refere<br />

às qualidades da iluminação que emergem dessa prática. Assim, o espírito do<br />

despertar reflete a essência da prática budista em seu início, meio e fim.<br />

Bodicita é a aspiração sincera de alcançar o despertar espiritual para<br />

benefício de todos os seres, uma aspiração que funde os dois objetivos mais<br />

nobres. O primeiro é buscar a iluminação. Mas perseguir essa aspiração apenas<br />

para si mesmo ignora algo fundamental sobre a natureza da nossa existência:<br />

nenhum de nós vive isolado, independente dos que nos rodeiam. A nossa<br />

existência é uma inter-relação. Nós sobrevivemos na dependência dos cuidados<br />

de nossos pais e de nossos relacionamentos com os nossos irmãos, amigos e<br />

professores. A sociedade nos proveu sustento, roupas e abrigo. Cada um de nós<br />

sempre viveu na dependência de uma rede de outras pessoas que se estende<br />

através do tempo e do espaço, sem fim.<br />

Assim, as nossas aspirações devem incluir o bem-estar dos outros. Se<br />

estamos buscando a verdade, as nossas aspirações devem estar enraizadas na<br />

realidade de que existimos de maneira interdependente. Cada um de nós está se<br />

esforçando para alcançar a felicidade e se libertar do sofrimento e ansiedade. No<br />

entanto, muitas vezes os nossos esforços falham. Novamente, lembre-se do<br />

comentário de Shantideva em A Guide to the Bodhisattva’s Way of Life: “Aqueles<br />

que desejam escapar do sofrimento se lançam rumo ao sofrimento. Mesmo com<br />

o desejo de felicidade, movidos pela delusão, eles destroem a sua própria<br />

felicidade como se fosse uma inimiga.”[44] Como é precisa essa imagem de<br />

nossas próprias vidas e do mundo em geral! Isso nos leva ao nosso segundo nobre<br />

objetivo: “O que posso fazer para ajudar?”

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