Felicidade-genuína-B.-Alan-Wallace
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em uma conduta saudável, quer seja como um meditador dedicado, um pai<br />
devotado, um esposo amoroso, um lojista bondoso, um médico atencioso ou<br />
simplesmente como um membro altruísta da sociedade.<br />
Sobre essa base formada pelas quatro primeiras práticas vem a perfeição da<br />
meditação, que significa equilibrar e refinar a mente, especialmente por meio da<br />
quietude meditativa. Dessa forma, podemos aprimorar a mente e transformá-la<br />
em uma ótima ferramenta para a explorar a realidade e também para cultivar<br />
virtudes como a bondade amorosa e a compaixão.<br />
Finalmente temos a sexta perfeição do modo de vida de um bodisatva, a<br />
sabedoria, que é a culminância das seis perfeições. Em suma, a motivação por<br />
trás do modo de vida do bodisatva é a bodicita relativa, e sua fruição é o cultivo<br />
da bodicita absoluta ou insight sobre a natureza da consciência primordial.<br />
Os lamas tibetanos com quem estudei enfatizaram a importância do que<br />
chamam mi zöpey ny ingjey, ou “compaixão intolerante”, declarando que não ser<br />
capaz de suportar o sofrimento dos outros é uma coisa boa. Quando ouvi isso pela<br />
primeira vez, me perguntei como o caminho para a iluminação poderia ser<br />
alegre uma vez que nos abrimos cada vez mais para a miséria do mundo.<br />
Quando fiz essa pergunta, Sua Santidade o Dalai Lama respondeu que isso é<br />
possível equilibrando a compaixão com o insight sobre a natureza da realidade. A<br />
sabedoria é o grande remédio que cura a mente de suas aflições de forma<br />
radical e irreversível. A compaixão é a motivação, mas o antídoto direto para a<br />
ignorância que está por trás de todo o sofrimento é a sabedoria.<br />
Devaneio sobre o eu<br />
O objetivo da prática diurna da ioga dos sonhos diurna é perceber a natureza<br />
onírica da realidade no estado de vigília, começando com um exame da própria<br />
identidade pessoal. Começamos com essa pergunta: a que a noção de “eu” se<br />
refere? Você pode ter um conceito de “eu”, mas isso não é igual ao eu, assim<br />
como o conceito de “mão” não é a mão. Por isso, é importante fazer a distinção<br />
entre as ideias que você tem sobre si mesmo e o “você” a que se referem essas<br />
ideias.<br />
Cada um de nós veio a existir na dependência de causas e condições, como<br />
ter pais. E todos nós temos vários atributos, como nossas características físicas,<br />
gênero, inteligência, memória, imaginação e habilidades de linguagem. Junto a<br />
essas qualidades, cada um de nós tem um corpo, pensamentos, emoções,<br />
memórias, problemas e objetivos. E há outras coisas que temos, como parentes,<br />
amigos, bens materiais e reputação. Podemos falar de “o meu país” e “o meu<br />
planeta” ou até mesmo identificar a Via Láctea como “a minha galáxia”.<br />
Todas as coisas que identificamos como sendo “nossas” estão em um<br />
constante estado de fluxo. O nosso humor muda, o nosso corpo muda e a nossa<br />
atenção muda. Embora possamos, de forma geral, ter a sensação de que o nosso