Revista Newslab Edição 164
Revista Newslab Edição 164 - Março 2021
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REFLEXÕES SOBRE OS IMPACTOS<br />
DA PANDEMIA NOS LABORATÓRIOS CLÍNICOS<br />
GESTÃO LABORATORIAL<br />
Continuo tratando do tema que envolve<br />
a sobrevivências dos laboratórios<br />
clínicos. A pandemia da COVID –<br />
19 trouxe ameaças e oportunidades.<br />
Em síntese, desde março de 2019<br />
vimos por força da lei, laboratórios<br />
sendo fechados, outros mantendo<br />
portas abertas, contudo, sem clientes<br />
e, praticamente todos, sofrendo<br />
um colossal impacto no faturamento<br />
nos primeiros meses da pandemia.<br />
Foram tempos difíceis, angustiantes,<br />
pois, apesar dos custos variáveis<br />
terem despencados na proporção<br />
da ausência de clientes, os CUSTOS<br />
FIXOS permaneceram, gerando uma<br />
inequação. Adicionalmente, muitos<br />
custos fixos para reduzir, exigem<br />
no início, um dispêndio maior, tal é<br />
o caso da folha de pagamento, um<br />
dos principais centro de custo. E,<br />
de uma forma geral, o resultado de<br />
qualquer ação para controlar custos<br />
demanda tempo para as negociações<br />
e o impacto nos resultados tarda<br />
para aparecer no fluxo de caixa.<br />
Entrementes, a produção de exames<br />
caiu, reduzindo a receita consideravelmente,<br />
piorando mais ainda,<br />
o fluxo de caixa. Para laboratórios<br />
com pequeno ou nenhum capital<br />
de giro, a sinergia destes dois fatos<br />
concorrentes, pode levar à necessidade<br />
de captação de recursos<br />
externos, por exemplo, em bancos.<br />
Normalmente nestes, as taxas de<br />
juros são leoninas, quiçá maiores<br />
que a própria margem de lucro dos<br />
laboratórios, podendo conduzir o<br />
laboratório a uma espiral descendente<br />
dos resultados operacionais.<br />
Nestes tempos difíceis, muita atenção<br />
é necessária para evitar a queda<br />
na competitividade e o incremento<br />
do risco de insolvência da organização.<br />
Por outro lado, analisando<br />
sob ao ângulo das oportunidades, é<br />
inquestionável o aumento do menu<br />
dos exames, com a chegada dos testes<br />
relativos ao coronavírus. Estes<br />
exames apresentam boas margens<br />
de contribuição, ajudando de forma<br />
notável para o reequilíbrio econômico<br />
e financeiro dos laboratórios,<br />
inclusive, em muitas situações gerando<br />
rentabilidades superiores às<br />
incorridas no período pré-pandemia.<br />
Todavia, na contramão, temos<br />
a inflação dos custos fixos controlados<br />
ou não pelo governo (energia<br />
elétrica, água etc.), bem como dos<br />
custos variáveis, havendo casos excepcionais,<br />
por exemplo, das luvas<br />
descartáveis que atingiram algo em<br />
torno de 700% de aumento. O Brasil<br />
é um país de dimensão continental,<br />
portanto, apresenta inúmeras realidades<br />
de mercado, seja ele dos<br />
fornecedores, dos produtores e dos<br />
consumidores. O ticket médio dos<br />
exames pode chegar fantásticos<br />
600% entre extremos, então, disto<br />
decorre uma miríade de situações<br />
de rentabilidade e equilíbrio econômico.<br />
Mas, de uma forma geral,<br />
nossa experiência em consultoria<br />
denota que o mercado das análises<br />
clínicas não é mais propício para<br />
gestão amadora das organizações<br />
que militam na área, não obstante,<br />
a existência de nichos privilegiados,<br />
onde o alto ticket médio gera<br />
lucros apreciáveis. A concorrência é<br />
predatória, havendo uma abertura<br />
de novos laboratórios sem o devido<br />
estudo da necessária e suficiente<br />
demanda para assegurar a prosperidade,<br />
a precificação dos exames é<br />
quase estática (vide tabela do SUS,<br />
das Unimed’s e convênios em geral).<br />
Esses fatores aliados socialização da<br />
medicina e a produção industrial<br />
proporcionada pelos equipamentos<br />
automatizados de última geração,<br />
causa uma verdadeira “carnificina”<br />
por ocasião das negociações das tabelas<br />
de preços dos exames. Existe<br />
de tudo na luta pela sobrevivência,<br />
desde a quebra ética pela redução<br />
da qualidade intrínseca até as fusões<br />
e aquisições, passando pela<br />
prática de dumping. A vitória nesta<br />
luta depende do ganho de escala e<br />
ou algum diferencial competitivo na<br />
prestação dos serviços. Entretanto,<br />
vejo normalmente a carência de<br />
gestão profissional nos laboratórios<br />
clínicos como a causa que, se elimi-<br />
<strong>Revista</strong> NewsLab | Março 2021<br />
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