Revista Newslab Edição 164
Revista Newslab Edição 164 - Março 2021
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BANCOS DE SANGUE<br />
Introdução<br />
Na área transfusional, a presença<br />
de anticorpos no plasma do receptor<br />
são os causadores do efeito<br />
mais grave associado às transfusões<br />
sanguíneas, resultando em hemólise<br />
do sangue transfundido devido a<br />
uma resposta do sistema imune. A<br />
necessidade de identificação e pesquisa<br />
de anticorpos irregulares (PAI)<br />
em pacientes que já realizaram<br />
múltiplas transfusões sanguíneas<br />
(politransfundidos) motivou a realização<br />
de diversas pesquisas acerca<br />
da frequência da aloimunização em<br />
diversas populações (1-3) .<br />
A aloimunização caracteriza-se<br />
pela formação de anticorpos em decorrência<br />
da exposição do indivíduo<br />
a antígenos reconhecidos como não<br />
próprios, como ocorre, por exemplo,<br />
na infusão de sangue não-compatível,<br />
sendo uma das causas resultante<br />
as disparidades genéticas<br />
entre doador e receptor (4, 5). A<br />
aloimunização também ocorre em<br />
gestantes, uma vez que os antígenos<br />
essencialmente paternos se<br />
encontram presentes nos eritrócitos<br />
dos embriões, os quais podem chegar<br />
à circulação sanguínea da mãe<br />
durante o período gestacional ou<br />
então no momento do parto (6, 7) .<br />
Estudos comprovam que anticorpos<br />
irregulares ocorrem em aproximadamente<br />
0,3 a 2,0% da população<br />
em geral. Segundo Giblett<br />
(8), a probabilidade de um indivíduo<br />
saudável produzir um ou mais<br />
anticorpos antieritrocitários é de<br />
aproximadamente 1% por unidade<br />
de sangue transfundido, porém, a<br />
frequência da produção destes anticorpos<br />
em pacientes politransfundidos,<br />
portadores de hemoglobinopatias,<br />
tais como, anemia falciforme,<br />
β- talassemia ou doenças hematológicas<br />
malignas, varia de 9 a 30%.<br />
Os anticorpos com maior correlação<br />
à reação transfusional hemolítica<br />
tardia são os direcionados aos antígenos<br />
D, K, E, Fyª e<br />
(1, 8, 9, 10, 11, 12, 13)<br />
Jkª<br />
Atualmente, já foram detalhados<br />
mais de 350 antígenos eritrocitários,<br />
integrados em 38 sistemas sanguíneos,<br />
de acordo com a International<br />
Society for Blood Transfusion (ISBT)<br />
(14). Em virtude disso, testes de fenotipagem<br />
sanguínea, também conhecidos<br />
como testes pré-transfusionais,<br />
tornam-se fundamentais na<br />
rotina transfusional, pois por serem<br />
métodos profiláticos visam diminuir<br />
os possíveis efeitos indesejados das<br />
transfusões sanguíneas (1, 15) .<br />
Este trabalho teve como objetivo<br />
ressaltar a importância da fenotipagem<br />
de antígenos eritrocitários<br />
dos grupos sanguíneos ABO, Rh e<br />
Kell nos bancos de sangue e descrever<br />
as reações pós transfusionais<br />
de sangues não compatíveis.<br />
Para tal, foi realizada uma revisão<br />
bibliográfica através de pesquisas<br />
nas plataformas SciELO (Scientific<br />
Eletronic Library Online) e Pubmed<br />
(US National of Medicine National<br />
Institutes of Health) utilizando os<br />
seguintes descritores: sistema ABO,<br />
sistema Rh, sistema Kell, antígenos,<br />
anticorpos e doação de sangue, nos<br />
idiomas português, inglês, espanhol<br />
e francês.<br />
Compatibilidade sanguínea<br />
Antígenos eritrocitários são açúcares<br />
ou ainda proteínas capazes de<br />
desencadear uma resposta imunológica,<br />
induzindo o sistema imune<br />
a produzir anticorpos que por sua<br />
vez são herdados geneticamente<br />
de nossos pais biológicos. A frequência<br />
do aparecimento destes<br />
antígenos está diretamente relacionada<br />
à variabilidade racial de uma<br />
determinada população, implicando<br />
complexidade à área hemoterápica.<br />
Por isso, faz-se relevante conhecer<br />
quais fenótipos estão presentes no<br />
concentrado de hemácias (CH) a ser<br />
utilizado, uma vez que através disso<br />
é possível definir a real compatibilidade<br />
pré transfusional entre doador<br />
e receptor. O mapeamento destes<br />
fenótipos possibilita uma seleção<br />
adequada do hemocomponente<br />
a ser transfundido. Diante disso,<br />
é possível estimar a incidência de<br />
doadores compatíveis em casos de<br />
receptores aloimunizados, além de<br />
contribuir com dados fidedignos<br />
acerca da prevalência fenotípica da<br />
região (9, 15, 16) .<br />
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<strong>Revista</strong> NewsLab | Março 2021