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Etnografías de lo digital - UNED

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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

101<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

construída, para que o capital social expresso pela aliança a estas figuras históricas<br />

se exponencie. Nos sites etnografados o discurso racista advoga a proprieda<strong>de</strong> do<br />

capital objetivado para a “raça ariana”. Dela se originaram “os Titãs” fundadores da<br />

civilização, eles são os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes diretos <strong>de</strong> Roma, <strong>de</strong> sua produção artística e<br />

intelectual, e seus her<strong>de</strong>iros, por conseguinte. Portanto, quando um agente se<br />

i<strong>de</strong>ntifica a este habitus e se <strong>de</strong>scobre “ariano” garante também pertencer a este<br />

mundo refinado, intelectualizado, e segundo afirma o “Site História da Raça Ariana”<br />

isto garante ao indivíduo o prestígio <strong>de</strong> participar da matriz <strong>de</strong> toda a cultura<br />

civilizatória, num passe <strong>de</strong> mágica, um abracadabra racial permite que o sujeito<br />

comum se torne agente da “cultura ariana” , e portanto, her<strong>de</strong>iro das melhores e<br />

mais significativas trajetórias científicas, artísticas e tecnológicas. Partindo da<br />

construção do ju<strong>de</strong>u que lhe é interessante, o habitus racista o <strong>de</strong>screve como o<br />

gran<strong>de</strong> proprietário <strong>de</strong> bancos e poços <strong>de</strong> petróleo, que preten<strong>de</strong> com o<br />

multiculturalismo <strong>de</strong>struir a possibilida<strong>de</strong> econômica da raça ariana, para fragilizá-la<br />

socialmente, e por fim, extermina-la. As estratégias simbólicas <strong>de</strong> reprodução social<br />

estão relacionadas a construção, instituição e manutenção das categorias <strong>de</strong><br />

percepção e apreciação existentes em uma socieda<strong>de</strong>. Elas dizem respeito<br />

sobretudo ao conteúdo dos julgamentos morais ou estéticos, <strong>de</strong>finindo e<br />

classificando condutas e práticas em boas ou ruins, bonitas ou feias, morais ou<br />

imorais. Bourdieu <strong>de</strong>limita o capital simbólico como o que é “percebido <strong>de</strong> acordo<br />

com as categorias <strong>de</strong> percepção, os princípios <strong>de</strong> visão e divisão, os sistemas <strong>de</strong><br />

classificação, os esquemas classificatórios, os esquemas cognitivos, que são, em<br />

parte, produtos das incorporação das estruturas objetivas do campo consi<strong>de</strong>rado,<br />

isto é, <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> distribuição do capital do campo consi<strong>de</strong>rado. […] o capital<br />

simbólico é um capital com base cognitiva, apoiado sobre o conhecimento e o<br />

reconhecimento (BOURDIEU: 1997) ". É o capital simbólico que produz, legitima e<br />

reproduz a dominação, e <strong>de</strong>termina seu “po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> distinção”(BOURDIEU: 2001:146).<br />

Distinção, no limite, é segurança, preservação, prestígio.<br />

Distinção é a matriz do habitus, é a “necessida<strong>de</strong> interiorizada e convertida<br />

em uma disposição que gera práticas significantes e percepções significadoras; é<br />

uma disposição geral <strong>de</strong> transferência que leva a cabo uma aplicação sistemática,<br />

universal - além dos limites do que foi diretamente aprendido - da necessida<strong>de</strong><br />

inerente nas condições <strong>de</strong> aprendizagem” (BOURDIEU: 1997:170), e por isto o<br />

capital simbólico <strong>de</strong>lineia o olhar estético do habitus, e estrutura o que este <strong>de</strong>marca<br />

como prestígio.<br />

No caso do habitus racista, o prestígio <strong>de</strong> “ser ariano”. Este se relaciona diretamente à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>sejo<br />

da prática racista. Nela a <strong>de</strong>manda da raça se materializa, e partilha, nos sites etnografados, mitos e ritos. Entre os primeiros,<br />

“a história da raça ariana” e “a gran<strong>de</strong> guerra que virá” exemplificam com quais espécies <strong>de</strong> símbo<strong>lo</strong>s a cosmogênese racista<br />

se tece. Inscritas nas ilhas etnografadas no oceano <strong>digital</strong>, estas práticas celebram rituais, enquanto rememoram seu mito, em<br />

cerimônias hipertextuais <strong>de</strong>marcadas pe<strong>lo</strong>s links que as interligam. Links <strong>de</strong> ódio.

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