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Etnografías de lo digital - UNED

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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

9<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

O estudo pragmático <strong>de</strong> Malinowski resultou, ainda, no <strong>de</strong>scobrimento <strong>de</strong> uma<br />

função da linguagem que não seria a <strong>de</strong> comunicar, ou a <strong>de</strong> realizar ações práticas,<br />

mas a <strong>de</strong> criar laços <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>. Este princípio ficaria conhecido a partir do<br />

trabalho <strong>de</strong> Malinowski como a “função fática” da linguagem.<br />

“Os atores em qualquer cena estão seguindo uma ativida<strong>de</strong> com um propósito, estão<br />

todos voltados para um objetivo; todos eles <strong>de</strong>vem agir <strong>de</strong> maneira concertada<br />

conforme certas regras estabelecidas pe<strong>lo</strong> costume e pela tradição. Nisto, a fala é o<br />

meio necessário <strong>de</strong> comunhão. Ela é o instrumento indispensável para a criação <strong>de</strong><br />

laços do momento, sem os quais a ação social unificada é impossível”<br />

(MALINOWSKI, 1923: 310, tradução minha).<br />

Uma outra proposta <strong>de</strong> pragmática cuja configuração permitiu a superação<br />

dos obstácu<strong>lo</strong>s diante dos quais Austin e Malinowski <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> fornecer-nos<br />

respostas, é a da economia das trocas línguisticas <strong>de</strong> Bourdieu. Nesta perspectiva, a<br />

função fática é objeto <strong>de</strong> crítica <strong>de</strong>vido ao encobrimento do político que a sua<br />

<strong>de</strong>signação implica:<br />

“As práticas mais estritamente voltadas, na aparência, para as funções <strong>de</strong><br />

comunicação pela comunicação (função fática) ou <strong>de</strong> comunicação pe<strong>lo</strong><br />

conhecimento, como as festas e as cerimônias, as trocas rituais ou, num outro<br />

campo, a circulação <strong>de</strong> informação científica, estão sempre orientadas também para<br />

as funções políticas e econômicas”. (BOURDIEU, 1989).<br />

O percurso <strong>de</strong> Bourdieu (2003) no que concerne, em especial, à linguagem é<br />

o da avaliação das avaliações feitas por diversas correntes científicas e fi<strong>lo</strong>sóficas<br />

<strong>de</strong> instrumentos simbólicos, refletidas em três registros fundadores: 1) estruturas<br />

estruturantes - Durkheim e os sistemas classificação como formas sociais; 2)<br />

estruturas estruturadas - em Saussure, a imanência do sistema da língua mobilizado<br />

para a comunicação; e 3) instrumento <strong>de</strong> dominação - em Marx, a discussão da<br />

função política do simbólico. Com base em uma síntese <strong>de</strong>ssas correntes e <strong>de</strong> um<br />

rearranjo teórico e metodológico, Bourdieu cunhou uma nova concepção <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r:<br />

“O po<strong>de</strong>r simbólico, po<strong>de</strong>r subordinado, é uma forma transformada, quer dizer,<br />

irreconhecível, trasfigurada e legitimada, das outras formas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r: só se po<strong>de</strong><br />

passar para além da alternativa dos mo<strong>de</strong><strong>lo</strong>s energéticos que <strong>de</strong>screvem as<br />

relações sociais como relações <strong>de</strong> força e dos mo<strong>de</strong><strong>lo</strong>s cibernéticos que fazem<br />

<strong>de</strong>las relações <strong>de</strong> comunicação, na condição <strong>de</strong> se <strong>de</strong>screverem as leis <strong>de</strong><br />

transformação que regem a transmutação das diferentes espécies <strong>de</strong> capital em<br />

capital simbólico e, em especial, o trabalho <strong>de</strong> dissimulação e <strong>de</strong> transfiguração<br />

(numa palavra, <strong>de</strong> eufemização) que garante uma verda<strong>de</strong>ira transubstanciação das<br />

relações <strong>de</strong> força fazendo ignorar-reconhecer a violência que elas encerram<br />

objectivamente e transformando-as assim em po<strong>de</strong>r simbólico, capaz <strong>de</strong> produzir<br />

efeitos reais sem dispêndio aparente <strong>de</strong> energia” (Bourdieu, 2003:15).<br />

Há uma preocupação na construção do mo<strong>de</strong><strong>lo</strong> da economia <strong>de</strong> trocas<br />

lingüísticas em ultrapassar o subjetivismo, encarnado em abordagens<br />

interacionistas, e o objetivismo, representado, em sua forma clássica, por<br />

estruturalismos a-históricos e, em sua forma contemporânea, pela análise <strong>de</strong><br />

discurso. Em relação especificamente à ênfase objetivista encontrada nos trabalhos<br />

<strong>de</strong> Chomsky e sua gramática gerativa transformacional, é conhecido o <strong>de</strong>s<strong>lo</strong>camento<br />

empreendido por Bourdieu da noção <strong>de</strong> competência lingüística para inseri-la no<br />

quadro geral <strong>de</strong> uma teoria da prática. A noção <strong>de</strong> habitus permitiu o entendimento

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