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Etnografías de lo digital - UNED

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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

52<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

estudar, nem isso é necessário. Também não há forma <strong>de</strong> investigação em<br />

antropo<strong>lo</strong>gia que não confie no saber <strong>lo</strong>cal (na racionalida<strong>de</strong> <strong>lo</strong>cal, no saber nativo,<br />

no “ponto <strong>de</strong> vista do nativo”, no senso comum), revelado a partir das vozes <strong>lo</strong>cais<br />

dos informantes, actores sociais <strong>lo</strong>cais. Nem mesmo é possível iludir ou neutralizar<br />

os efeitos da presença do antropó<strong>lo</strong>go no terreno, no trabalho <strong>de</strong> campo, na escrita<br />

– em todas as fases do processo <strong>de</strong> investigação. Esta situação torna-se mais<br />

evi<strong>de</strong>nte na socieda<strong>de</strong> actual, na socieda<strong>de</strong> g<strong>lo</strong>balizada pe<strong>lo</strong>s media, pela circulação<br />

<strong>de</strong> pessoas (migrações, turismo) e bens (capitais, mercadorias, bens culturais).<br />

Estudar como os informantes respon<strong>de</strong>m à presença do investigador e do mundo ou<br />

cultura que consigo transporta po<strong>de</strong> ser tão importante quanto as respostas a<br />

qualquer outra situação, “a especificida<strong>de</strong> e individualida<strong>de</strong> do observador estão<br />

sempre presentes e têm portanto <strong>de</strong> ser reconhecidas, exp<strong>lo</strong>radas e usadas<br />

criativamente” (Okely, citado por Davies, 1999:8). Finalmente os métodos da<br />

etnografia, não são mais que o <strong>de</strong>senvolvimento e o refinamento <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s da<br />

vida quotidiana – observação, participação, conversas, entrevistas, leitura e<br />

interpretação <strong>de</strong> documentos, ou mesmo fotografias, registos áudio e ví<strong>de</strong>o, etc.<br />

A moral que se tira disto é que qualquer investigação social toma a forma <strong>de</strong><br />

investigação participante: implica participar no mundo social, qualquer que seja o<br />

seu papel e reflectir sobre os efeitos <strong>de</strong>ssa participação. Indistintamente do método<br />

utilizado, na essência não é diferente <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> prática<br />

quotidiana ainda que esteja mais próximo <strong>de</strong> uma que <strong>de</strong> outras. Como participantes<br />

no mundo social também somos capazes <strong>de</strong>, pe<strong>lo</strong> menos em antecipações ou<br />

retrospectiva, observar a nossa activida<strong>de</strong> «<strong>de</strong> fora» como objectos no mundo.<br />

Certamente é esta capacida<strong>de</strong> que nos permite coor<strong>de</strong>nar as nossas acções. Ainda<br />

que haja diferença nos propósitos e às vezes também no refinamento do método, a<br />

ciência não emprega um equipamento cognitivo <strong>de</strong> um tipo essencialmente diferente<br />

ao que está disponível para outros cientistas.<br />

Hammersley e Atkinson, 1994: 31<br />

Não se trata neste processo e na relação antropológica da i<strong>de</strong>ntificação entre «Eles»<br />

e o «Nós», em co<strong>lo</strong>car os dois termos como iguais, mas questionar o investigador<br />

acerca do modo como constrói a relação com o outro, (objecto) sujeito da<br />

investigação e através <strong>de</strong>las a relação entre historicida<strong>de</strong>s, estruturas sociais,<br />

culturas, socieda<strong>de</strong>s. Não se espera a i<strong>de</strong>ntificação do investigador com as pessoas<br />

estudadas, nem a substituição do saber <strong>lo</strong>calmente construído, utilizado, socializado<br />

(nas interacções e nas estruturas sociais <strong>lo</strong>cais) – o saber nativo pe<strong>lo</strong> saber do<br />

antropó<strong>lo</strong>go, g<strong>lo</strong>bal, inserido em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interacção e estruturas sociais mais<br />

amplas <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate teórico. Nem mesmo se espera que a relação e a consi<strong>de</strong>ração<br />

pe<strong>lo</strong> saber <strong>lo</strong>calmente construído e pelas pessoas envolvidas na investigação seja<br />

paternalista, humanista, moralista.<br />

A reflexivida<strong>de</strong> tem algumas implicações metodológicas importantes. É impossível<br />

basear a investigação social na natureza e nos fundamentos epistemológicos do<br />

conhecimento <strong>lo</strong>cal, a voz do nativo, mas no quadro diferencial da diferença. Esta<br />

diferença entre o saber nativo, o saber <strong>lo</strong>cal, “próximo da experiência” e o saber<br />

científico, “afastado da experiência” (Geertz) não é uma diferença <strong>de</strong> natureza, mas<br />

<strong>de</strong> grau, residindo na extensão das re<strong>de</strong>s em que se situam, nas finalida<strong>de</strong>s – agir<br />

<strong>lo</strong>calmente baseado na unida<strong>de</strong> temporal do conhecimento e da acção para o saber<br />

<strong>lo</strong>cal ou extrair a informação da temporalida<strong>de</strong> e do âmbito do <strong>lo</strong>cal (sujeitos e <strong>lo</strong>cais<br />

das pesquisas específicas) para os reportar ao presente da ciência e do leitor ao

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