Etnografías de lo digital - UNED
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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />
‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />
11<br />
<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />
Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />
entendimento da etnografia situada espaço-temporalmente como ferramenta<br />
fundamental da antropo<strong>lo</strong>gia.<br />
Imersão e engajamento são as duas condições sine qua non do processo<br />
etnográfico, sem as quais o trabalho <strong>de</strong> campo revela-se como pura <strong>de</strong>scrição ou<br />
imposição, <strong>de</strong>savisada talvez, <strong>de</strong> mo<strong>de</strong><strong>lo</strong>s apriorísticos que antecipam o<br />
entendimento <strong>de</strong> uma dada realida<strong>de</strong> ou acontecimento.<br />
Com base em uma re<strong>de</strong>finição do trabalho etnográfico, a observação<br />
participante virtual passa necessariamente pela consi<strong>de</strong>ração do contexto no qual se<br />
<strong>de</strong>senvolvem novas formas <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>. Hine (2000) resumiu em uma série <strong>de</strong><br />
princípios a sua proposta <strong>de</strong> etnografia virtual, dos quais po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>stacar: 1) o<br />
<strong>de</strong>s<strong>lo</strong>camento da noção <strong>de</strong> campo para a noção <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> relações; 2) a<br />
exp<strong>lo</strong>ração da constituição <strong>de</strong> fronteiras e <strong>de</strong> conexões, especialmente entre o<br />
'virtual' e o 'real' – com o auxílio <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> análise discursiva e pragmática;<br />
3) o envolvimento intenso (não-extensivo) com a interação social prática e mediada<br />
– com base no entedimento da dimensão pragmática das práticas <strong>de</strong> linguagem em<br />
ambientes virtuais; 4) o caráter parcial e intersticial da etnografia virtual: contra a<br />
pretensão da etnografia tradicional que postula a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> informantes, lugares<br />
e culturas <strong>de</strong>limitadas no espaço e no tempo e apreendidas em sua totalida<strong>de</strong>.<br />
Sobre a importância do estudo da dinâmica social <strong>de</strong>ntro e fora da Internet, Hine<br />
afirmou:<br />
“Um complemento útil para os estudos online que tratam a Internet como uma esfera<br />
cultural separada seria conduzir uma estudo contextual das formas através das<br />
quais a Internet é articulada internamente e transforma relacionamentos offline. Isto<br />
permitira um sentido muito mais rico dos usos da Internet e das formas nas quais os<br />
relacionamentos <strong>lo</strong>cais moldam o seu uso como tecno<strong>lo</strong>gia e como contexto cultural”<br />
(HINE, 2000: 60, tradução minha).<br />
Outra forma <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> campo atual e virtual po<strong>de</strong> ser encontrada em<br />
Don Slater e Daniel Miller (2004) em seu estudo realizado em cibercafés <strong>de</strong><br />
Trinidad-Tobago. Para os autores, o problema principal é o do estabelecimento <strong>de</strong><br />
uma etnografia que assuma como foco a incorporação da Internet à cultura material<br />
<strong>de</strong> uma dada coletivida<strong>de</strong>. Diferentemente <strong>de</strong> Hine, os autores criticam a distinção<br />
entre online e offline, argumentando que se trata <strong>de</strong> uma reificação analítica. Para<br />
reco<strong>lo</strong>car o contexto no estudo da Internet, afirmam os autores, é preciso superar<br />
dualida<strong>de</strong>s relacionando contexto e fenômeno <strong>de</strong> forma recíproca. Para uma<br />
etnografia do ciberespaço<br />
“O problema não é só a falta generalizada <strong>de</strong> envolvimento contextualizado e em<br />
<strong>lo</strong>ngo prazo. Nem é simplesmente a fascinação com o 'virtual' e o 'ciberespaço', que<br />
tem levado tantos pesquisadores a conduzir estudos inteiramente on-line sobre os<br />
modos <strong>de</strong> interação e relacionamento específicos ao cenário on-line. O problema, ao<br />
contrário, é a falta <strong>de</strong> atenção às formas em que o objeto e o contexto precisam ser<br />
<strong>de</strong>finidos em relação um ao outro para projetos etnográficos específicos. Às vezes, o<br />
uso da Internet parece constituir virtualida<strong>de</strong>s, às vezes não”. (SLATER &<br />
MILLER, 2004: 47, grifo nosso).<br />
A forma na qual os autores elaboram a crítica remete-nos a duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />
problemas concernentes à etnografia virtual. A primeira relaciona-se com a<br />
imposição <strong>de</strong> mo<strong>de</strong><strong>lo</strong>s que partem do domínio teórico para o empírico, sem o<br />
cuidado particular <strong>de</strong> uma transposição, ou, em outros termos, do uso da<br />
sensibilida<strong>de</strong> antropológica no trabalho sobre as categorias nativas no que elas