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Etnografías de lo digital - UNED

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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

7<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

político (entendido como relação <strong>de</strong> forças no e através do discurso, mas não<br />

através <strong>de</strong>le unicamente).<br />

Como o nosso objeto privilegiado não é o domínio discursivo per se, mas as<br />

práticas <strong>de</strong> linguagem como índices culturais e políticos em termos relacionais mais<br />

amp<strong>lo</strong>s, <strong>de</strong>vemos dirigir-nos à dois níveis complementares, um pré e um póslingüístico<br />

5 . O nível pré-lingüístico é o nível da historicida<strong>de</strong>, das condições<br />

institucionais <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> das manifestações discursivas. A história no discurso<br />

figura, nesta perspectiva, como a condição para a significação. Trata-se <strong>de</strong> uma<br />

velha lição em análise <strong>de</strong> discurso a orientação para o entendimento da história<br />

duplamente como condição material do discurso - suporte institucional e organização<br />

social – e como teia <strong>de</strong> significados a prece<strong>de</strong>r aquele que se ocupa da palavra.<br />

Significamos e somos significados em discurso, sobretudo, a partir <strong>de</strong> “um tecido<br />

social, constituído <strong>de</strong> sentidos entrecruzados da memória mítica, da memória social,<br />

inscrita em práticas” (PÊCHEUX, 1990: 50) que é a memória (dos dizeres). Por sua<br />

vez, o nível pós-lingüístico correspon<strong>de</strong> à faceta pragmática da articulação entre<br />

práticas discursivas e práticas não-discursivas. A crítica antropológica que po<strong>de</strong> ser<br />

dirigida à análise <strong>de</strong> discurso, para além <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> compatibilida<strong>de</strong>s e<br />

incompatibilida<strong>de</strong>s epistêmicas a serem caute<strong>lo</strong>samente consi<strong>de</strong>radas, é a da<br />

ênfase no pó<strong>lo</strong> da prática discursiva e a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração das práticas nãodiscursivas.<br />

Com vistas à solucionar este problema, em um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

contemporâneo da análise <strong>de</strong> discurso na França, Maingueneau propôs a noção <strong>de</strong><br />

comunida<strong>de</strong> discursiva:<br />

“Preferimos admitir que não existe relação <strong>de</strong> exteriorida<strong>de</strong> entre o funcionamento<br />

do grupo e o seu discurso, sendo preciso pensar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, em sua<br />

embricação. (...) Não se dirá, pois, que o grupo gera um discurso do exterior, mas<br />

que a instituição discursiva possui, <strong>de</strong> alguma forma, duas faces, uma que diz<br />

respeito ao social e a outra, à linguagem. A partir daí, as formações discursivas<br />

concorrentes em uma <strong>de</strong>terminada área também se opõem pe<strong>lo</strong> modo <strong>de</strong><br />

funcionamento dos grupos que lhes estão associados" (MAINGUENEAU, 1997: p.55<br />

- ênfase do autor).<br />

O empréstimo à noção <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> discursiva permite-nos superar<br />

ênfases in<strong>de</strong>vidas no empreendimento <strong>de</strong> historicização <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> linguagem,<br />

ao mesmo tempo em que a dimensão pragmática da linguagem - ponto forte e,<br />

talvez, exclusivo da antropo<strong>lo</strong>gia – é levada igualmente em consi<strong>de</strong>ração. É<br />

incontornável a exigência da antropo<strong>lo</strong>gia para a busca <strong>de</strong> uma multiplicação e<br />

intensificação das experiências junto às comunida<strong>de</strong>s estudadas. Como um plano <strong>de</strong><br />

articulação <strong>de</strong> um estudo da linguagem e da cultura, algumas ferramentas da análise<br />

<strong>de</strong> discurso po<strong>de</strong>m servir ao exercício <strong>de</strong> uma etnografia virtual, ao passo que a<br />

sensibilida<strong>de</strong> antropológica po<strong>de</strong> informar o olhar analítico com o objetivo <strong>de</strong> evitar<br />

os seus excessos. Em outras palavras, afastar os obstácu<strong>lo</strong>s <strong>de</strong> ênfases<br />

culturalistas, teoricistas e etnocentristas através da proposição <strong>de</strong> interfaces.<br />

5 O lingüístico é o nível a ser superado segundo Foucault, Pêcheux, Malinowski e Mauss: “O método<br />

<strong>de</strong> Saussure só levava a lingüística, mesmo neste terreno <strong>de</strong>sbastado, a certas espécies <strong>de</strong> leis <strong>de</strong><br />

fonética e <strong>de</strong> morfo<strong>lo</strong>gia, boas no atacado mas um pouco vazias, a sistemas abstratos <strong>de</strong><br />

concordância. Faltava ainda encontrar acima e abaixo <strong>de</strong> todas essas leis as coisas reais às quais<br />

elas correspondiam” (MAUSS, Oeuvres III, p. 550 apud CAILLÉ 2001:225). Para a nossa proposta <strong>de</strong><br />

trabalho, os referidos níveis pré e pós-lingüístico dizem respeito, respectivamente, à relação signohistória<br />

e signo-ação no interior do quadro <strong>de</strong> interpretação do simbólico como criador <strong>de</strong> laços<br />

sociais.

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