06.05.2013 Views

Etnografías de lo digital - UNED

Etnografías de lo digital - UNED

Etnografías de lo digital - UNED

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

72<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

com um formulário e questionário mais cuidadosamente planejados, com provas<br />

psicológicas e com melhor controle das técnicas <strong>de</strong> observação” (GOODE & HATT:<br />

1960: 165). Mas, afinal, o que é a estratégia <strong>de</strong> observação? Para Goo<strong>de</strong> & Hatt:<br />

“[seu] objetivo <strong>de</strong> estudo é [o] comportamento social (...) A observação po<strong>de</strong> assumir<br />

várias formas e é, ao mesmo tempo, a mais antiga e a mais mo<strong>de</strong>rna das técnicas<br />

<strong>de</strong> pesquisa. Inclui as experiências mais casuais, não controladas, até os registros<br />

mais exatos por meio <strong>de</strong> filme na experimentação <strong>de</strong> laboratório”. (GOODE & HATT:<br />

1960: 155).<br />

E por que usarei a estratégia <strong>de</strong> observação? Em primeiro lugar, é importante<br />

dar “voz aos atores”. Como diz Cou<strong>lo</strong>n, “a linguagem comum diz a realida<strong>de</strong> social,<br />

<strong>de</strong>screve-a e ao mesmo tempo a constitui” (COULON, 1995: 8). Os atores são<br />

sujeitos da ação. Dar voz também exige cuidados: é necessário, na pesquisa<br />

sociológica, controlar os discursos. A observação sistemática e controlada permite<br />

checar a repetição estatística não só dos discursos mas também dos<br />

comportamentos e ações. Estatística no sentido <strong>de</strong> 1) freqüência - freqüente,<br />

bastante freqüente, sempre, nunca ou pouco freqüente; e 2) situação em que<br />

aconteceu – se quando perguntados, se espontaneamente ou se adotaram<br />

<strong>de</strong>terminado comportamento quando aconteceu <strong>de</strong>terminado fato e o analista inferiu;<br />

e 3) quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas - todos, uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, aproximadamente a<br />

meta<strong>de</strong>, uma pequena quantida<strong>de</strong>, nenhuma; sendo que freqüência, situação e<br />

quantida<strong>de</strong> se interrelacionam. Em um exemp<strong>lo</strong> sobre os estudantes <strong>de</strong> medicina<br />

que pesquisou, Becker oferece uma bela sugestão, ao qual me baseei para a<br />

sistematização anterior (BECKER, 1997: 56-57). Além disso, o governo po<strong>de</strong><br />

também ser consi<strong>de</strong>rado como uma instituição que tem voz, discurso,<br />

representação, na forma <strong>de</strong> sua publicida<strong>de</strong>, livros, material <strong>de</strong> eventos e tudo aqui<strong>lo</strong><br />

que se torna material etnográfico para o pesquisador e que não traz,<br />

necessariamente, a assinatura <strong>de</strong> um indivíduo ou mais <strong>de</strong> um indivíduo que os<br />

produziu, configurando-se, assim, como uma voz institucional. É importante, porém,<br />

explicitar a fonte ou o grupo do governo que saiu <strong>de</strong>terminado material. Mesmo<br />

porque, por mais que tendamos a ver “o governo” como uma unida<strong>de</strong>, são vários os<br />

discursos e grupos sociais que compõem “o governo”.<br />

Finalmente, gostaria <strong>de</strong> ressaltar uma outra característica da observação,<br />

assim <strong>de</strong>scrita por Laville & Dionne: “A observação não é também uma técnica<br />

exclusiva: ela se presta, às vezes admiravelmente, a casamentos com outras<br />

técnicas e instrumentos” (LAVILLE & DIONNE: 1999: 182).<br />

História <strong>de</strong> vida e história<br />

A pesquisa no “Fale com o Governo” po<strong>de</strong>rá contar também com a estratégia<br />

da “História <strong>de</strong> vida” 44 . Por que usei a expressão “po<strong>de</strong>rá contar” e não “vai contar”?<br />

44 Teresa Maria Haguette parte dos escritos <strong>de</strong> Howard Becker em The Jack Roller, obra <strong>de</strong> Clifford Shaw, para<br />

<strong>de</strong>screver o que é “História <strong>de</strong> vida”: “a história <strong>de</strong> vida aten<strong>de</strong> mais aos propósitos do pesquisador que do autor<br />

e está preocupado com a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> das experiências e interpretações do autor sobre seu mundo ... Embora o<br />

trabalho seja apresentado a partir <strong>de</strong> seu enfoque, ele enfatiza o va<strong>lo</strong>r da perspectiva do ator por aceitar que a<br />

compreensão <strong>de</strong> alguém só é possível quando este comportamento é visto sob o ponto <strong>de</strong> vista do ator”<br />

(Haguette, 1995: 80 e 81).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!