Etnografías de lo digital - UNED
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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />
‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />
Ciberacismo: entre o ódio e miliItância<br />
Uma análise etnográfica <strong>digital</strong><br />
Adriana Dias ∗<br />
90<br />
<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />
Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />
RESUMO: Este trabalho discute a articulação entre a constituição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, em<br />
sites racistas, revisionistas e neonazistas da Internet, por consi<strong>de</strong>rações e<br />
comparações a dois grupos discursivos: o primeiro, marcado pela “nova genética”<br />
(genômica), no outro, o sujeito é construído na relação com um i<strong>de</strong>al mítico. Ele<br />
também analisa a etnografia do virtual, do ponto <strong>de</strong> vista da construção <strong>de</strong><br />
temporalida<strong>de</strong>s e do ponto <strong>de</strong> vista metodológico. Finalmente, este artigo discute<br />
uma abordagem <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, buscando situar estes discursos no contexto dos<br />
conceitos <strong>de</strong>senvolvidos por Pierre Bourdieu.<br />
ABSTRACT: This paper discusses the ways of articulation between the i<strong>de</strong>ntity<br />
constitution, at racists, revisionists and nazi sites of Internet, for consi<strong>de</strong>ration and<br />
comparison within two discourses groups: the first penetrated by the "new genetics"<br />
(or genomics), in another, of the subject is built in the relationship with mystical i<strong>de</strong>al.<br />
It’s analyses the <strong>digital</strong> ethnography, about the viewpoint of times and methods.<br />
Finally, it discusses an approach of power, contextualizing these discourses, more<br />
specifically it on the Pierre Bourdieu's concepts and i<strong>de</strong>as.<br />
INTRODUÇÃO<br />
No presente texto, exporei <strong>de</strong> forma abreviada algumas facetas da experiência<br />
etnográfica na qual estou envolvida há cerca <strong>de</strong> quatro anos: ela versa a respeito<br />
dos sites i racistas ii , neonazistas iii , e revisionistas iv na Internet v , mantidos por uma<br />
militância radical estruturada a partir <strong>de</strong> um discurso <strong>de</strong> ódio: cego para conceber<br />
uma conexão social mais ampla, que exclui qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong><br />
entre os seres humanos e i<strong>de</strong>ntifica no termo raça uma essencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finidora,<br />
inclusive da superiorida<strong>de</strong> branca, superiorida<strong>de</strong> esta permanentemente sentida sob<br />
ameaça <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição, apontando para uma luta contínua, que alimenta o<br />
ciberacismo vi . Para tanto, o presente artigo está dividido em quatro partes: na<br />
primeira apresentarei os meus informantes, <strong>de</strong>ntro dos mais <strong>de</strong> oito mil sites<br />
existentes na Re<strong>de</strong>, sustentados por movimentos racistas diversos (cerca <strong>de</strong><br />
quinhentos estão em domínio brasileiro). Alguns <strong>de</strong>les chegam a atingir a marca <strong>de</strong><br />
dois milhões <strong>de</strong> visitas mensais, para cento e quarenta e cinco mil en<strong>de</strong>reços <strong>de</strong> IP<br />
distintos vii . Muitos sites avolumam mais <strong>de</strong> cento e cinqüenta links para outras URLs<br />
<strong>de</strong> conteúdo aná<strong>lo</strong>go, revelando uma re<strong>de</strong>, cujos números assombram, e que<br />
conectam narrativas pessoais em b<strong>lo</strong>gs, discussões aca<strong>lo</strong>radas em fóruns, diversos<br />
tipos <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> divulgação para down<strong>lo</strong>ad, páginas e páginas <strong>de</strong> hipertexto<br />
marcadas por uma i<strong>de</strong>o<strong>lo</strong>gia centrada na intolerância, e construída com imagens <strong>de</strong><br />
violência.<br />
∗ Mestranda em Antropo<strong>lo</strong>gia Social na Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas, é orientada pela Prof.ª<br />
Dr.ª Suely Kofes.