Etnografías de lo digital - UNED
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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />
‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />
93<br />
<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />
Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />
sociais, políticas, psíquicas, morais e comportamentais. Esta “simplificação” é<br />
necessária, para preencher a idéia <strong>de</strong> “raça” possibilitando-a como força articuladora<br />
<strong>de</strong> legitimações <strong>de</strong> sentido e justificativa primeira das práticas sugeridas aos<br />
agentes, lhes emprestando o contorno que assegure a legitimida<strong>de</strong> e a<br />
reprodutibilida<strong>de</strong> que seu discurso crê como premissa. Neste sentido, refletem um<br />
"conteúdo previamente conhecido e fixo xvii " (BHABHA:1998), expresso por uma<br />
“essência particular, sujeita a certas regularida<strong>de</strong>s que serão entendidas como<br />
regras ou leis da natureza”. xviii (CRAPANZANO:1985) Para cada “essência<br />
particular”, estereotipada numa “raça” existiria, advogam os sites em questão, um<br />
lugar “natural”, no “nosso mundo naturalmente hierárquico” (NA). Os sites afirmam<br />
explicitamente:<br />
“Não existe Nação.” (NA, Nar, ANS, V88, NLNS, LEANDRO)<br />
“O Brasil não é uma nação, visto que seu povo não possui i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> comum alguma.<br />
Nossa nação é nossa raça. Lutamos pela sobrevivência e <strong>de</strong>senvolvimento da mesma,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> circunscrições territoriais.” (V88)<br />
“Também sempre frisamos a importância <strong>de</strong> pararmos <strong>de</strong> pensar em termos <strong>de</strong> país (Brasil)<br />
e começarmos a raciocinar exclusivamente em cima da questão racial. NOSSA RAÇA É<br />
NOSSA NAÇÃO.” (V88)<br />
“Nação e pátria estão diretamente relacionados a laços culturais e raciais. Os ju<strong>de</strong>us por<br />
exemp<strong>lo</strong> sabem muito bem disso e on<strong>de</strong> quer que vivam, sempre consi<strong>de</strong>ram Israel como<br />
sua pátria.” (V88)<br />
Esta espacialização da idéia <strong>de</strong> raça, expressada na idéia <strong>de</strong> que “nação possui<br />
uma conotação racial e cultural” credita a uma “realida<strong>de</strong> genética xix ”, <strong>de</strong>semborcam<br />
no "fato" (NA) <strong>de</strong> que “as classificáveis raças humanas” (JNS, 3W) se<br />
hierarquizariam intelectual, moral, cultural, psíquica, espiritual e fisicamente. Esta<br />
hierarquização é <strong>de</strong>fendida nos sites analisados se alicerçando num discurso<br />
"naturalizante". Esta hierarquia, <strong>de</strong>finida pe<strong>lo</strong>s sites racistas, e neles emoldurada<br />
como "natural e mítica" (NA, WAU, NSWP, 3W, V88), constrói-se, num discurso que<br />
se distingue como científico por valer-se <strong>de</strong> uma abordagem biológica evolucionista:<br />
Cada um <strong>de</strong> nós é membro da raça Ariana (ou Européia), (...) e <strong>de</strong>senvolveu suas<br />
características especiais ao largo <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> anos, (...) a fez avançar pe<strong>lo</strong> seu caminho<br />
evolucionário. [para] (...) sobreviver a um inverno requeria planejamento e autodisciplina,<br />
avançaram mais rapidamente no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas faculda<strong>de</strong>s mentais mais<br />
elevadas -- incluindo as habilida<strong>de</strong>s para conceptualizar, resolver problemas, fazer planos<br />
para o futuro e adiar a gratificação -- do que aqueles que permaneceram em um clima<br />
relativamente invariável dos trópicos. [as] as raças variam hoje em suas capacida<strong>de</strong>s para<br />
construir e manter uma socieda<strong>de</strong> civilizada e, mais em geral, em suas habilida<strong>de</strong>s para ter<br />
uma mão consciente à Natureza na tarefa da evolução. (...) somos conscientes <strong>de</strong> nossa<br />
própria natureza e nossas relações com o resto do mundo, nós temos uma inevitável<br />
hierarquia <strong>de</strong> obrigações e responsabilida<strong>de</strong>s. A natureza tem refinado e polido as<br />
qualida<strong>de</strong>s especiais corporizadas na raça Ariana para que pudéssemos ser mais capazes<br />
<strong>de</strong> cumprir totalmente a missão que nos foi <strong>de</strong>signada. (...) Finalmente, nós temos uma<br />
responsabilida<strong>de</strong> com nós mesmos <strong>de</strong> sermos os melhores e mais fortes indivíduos que<br />
possamos ser. Nós nos vemos como parte da Natureza, sujeitos às leis da Natureza. Nós<br />
reconhecemos as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s que se produzem como conseqüências do processo<br />
evolucionário e que são essenciais ao progresso em cada esfera da vida. Nós<br />
aceitamos as responsabilida<strong>de</strong>s como homens e mulheres Arianos <strong>de</strong> lutarmos para o<br />
avanço <strong>de</strong> nossa raça a serviço da Vida, e <strong>de</strong> sermos os instrumentos mais a<strong>de</strong>quados<br />
que possamos ser para esse propósito. (NA)<br />
Esse é um dos nossos objectivos, mostrar a todos que as diferenças entre Homem e Mulher<br />
são necessárias porque guerreiros e mães são necessários para todas as socieda<strong>de</strong>s. Ao<br />
<strong>lo</strong>ngo da história, ambos, guerreiros e mães, lutaram para o mesmo fim, proteger a nossa