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Etnografías de lo digital - UNED

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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

99<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

temporal exato xxvi , pela possibilida<strong>de</strong> que este geraria <strong>de</strong> interrogar estados,<br />

objetivos e emoções, o pensador evita em sua obra as nôminas <strong>de</strong> passado,<br />

presente e futuro, preferindo a estas, outras: as noções <strong>de</strong> anterior-posterior e do<br />

agora inextenso.<br />

O link <strong>de</strong>marca a terceira dimensão da temporalida<strong>de</strong> <strong>digital</strong>, que <strong>de</strong>nomino <strong>de</strong><br />

cibertemporalida<strong>de</strong>, a dimensão <strong>de</strong> um agora inextenso. Associada à idéia <strong>de</strong><br />

escassez, pe<strong>lo</strong> custo do acesso e à aceleração da ve<strong>lo</strong>cida<strong>de</strong>, pe<strong>lo</strong> ritmo que impõe,<br />

a idéia <strong>de</strong> agora inextenso revela a tridimensionalida<strong>de</strong> da qual a<br />

cibertemporalida<strong>de</strong> se constitui: o tempo é caro, exige aceleração e ajustamento a<br />

um agora eterno. O tempo <strong>de</strong> acesso é caro, e maiores ve<strong>lo</strong>cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso,<br />

como as oferecidas via cabo ou via satélite, que exigem tecno<strong>lo</strong>gias <strong>de</strong> maior custo,<br />

se tornaram objetos <strong>de</strong> consumo, <strong>de</strong>sejáveis diante dos arquivos cada vez mais<br />

extensos: textos e imagens vão sendo substituídos por animações, documentos,<br />

ví<strong>de</strong>os, músicas. O tempo <strong>de</strong> acesso é rápido, a informação se processa e se<br />

renova segundo a segundo, a cobertura jornalística <strong>de</strong> eventos políticos,<br />

econômicos, culturais se a<strong>de</strong>quara a realida<strong>de</strong> on-line: a informação urge. O tempo<br />

<strong>de</strong> acesso é agora: o que está disponibilizado no ar agora, po<strong>de</strong> ser retirado no<br />

próximo segundo, há muita informação, e toda ela forma uma nova espécie <strong>de</strong><br />

ansieda<strong>de</strong>, uma ansieda<strong>de</strong> para que o agora não termine, e os verbos no modo<br />

imperativo mobilizam os agentes: acesse, veja, clique, link-se, faça, b<strong>lo</strong>gue, poste,<br />

participe. Submeter a cibertemporalida<strong>de</strong> a um olhar antropológico, privilegiando<br />

discutir como esta tridimensional abordagem do tempo traduz os sentidos do mundo<br />

contemporâneo, é pensar como esta maneira peculiar <strong>de</strong> dimensionar o tempo<br />

elabora manifestos i<strong>de</strong>ológicos e políticos, <strong>de</strong>nuncia ferramentas <strong>de</strong> controle e<br />

dinâmicas <strong>de</strong> dominação. Pensar esta terceira dimensão da cibertemporalida<strong>de</strong><br />

como um agora eterno, é pensar a prática perversa que também emoldura a nossa<br />

cultura oci<strong>de</strong>ntal: o amanhã não existe, consuma-se, não se envelheça, não tardia, o<br />

instantâneo reina absoluto. “É tar<strong>de</strong>, é muito tar<strong>de</strong>.”<br />

A PROPÓSITO DE UMA METODOLOGIA PARA A ETNOGRAFIA DIGITAL<br />

A primeira questão com a qual me <strong>de</strong>parei na etnografia do virtual foi a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecer “limites”: se há por um lado, uma<br />

“cultura <strong>digital</strong>”, ou seja, “um conjunto etnográfico que, do ponto <strong>de</strong> vista da pesquisa, apresenta, com relação a outros,<br />

afastamentos significativos” (LEVI-STRAUSS: 1976), há por outro lado, o fato <strong>de</strong> que a <strong>digital</strong>ização é um artefato cultural.<br />

Assumir a Internet como produto tecnológico, artefato cultural capaz <strong>de</strong> gerar e gerir outros artefatos culturais, como o discurso<br />

racista analisado no presente texto, e ao mesmo tempo <strong>de</strong> emoldurar uma linguagem e um sistema <strong>de</strong> relações específico,<br />

implica, um pouco mais que dar conta da dupla dimensão do ciberespaço: simultaneamente cultura e como artefato cultural.<br />

Significa, no limite, repensar a relação entre espaço, tempo e etnografia. Para pensar uma metodo<strong>lo</strong>gia que <strong>de</strong>sse conta <strong>de</strong><br />

articular os discursos nos sits acerca do ciberacismo, e ao mesmo tempo, os artefatos cibernéticos por eles utilizados para<br />

construir, legitimar e reproduzir este discurso, me valhi <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> dados que eu <strong>de</strong>senvolvi, no qual anotei a i<strong>de</strong>ntificação<br />

<strong>de</strong> cada site, seu nome, como é dado pelas tags xxvii no código fonte, e que se posiciona no site na barra superior,<br />

a URL, o “en<strong>de</strong>reço” legível do site na re<strong>de</strong>, e o e a classe <strong>de</strong> discurso predominante no site: racista, neonazista, revisionista.<br />

Também registrei o Designer e a Programação para posterior análise, e todos os elementos referentes à forma e ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do site em questão, a ferramenta <strong>de</strong> construção e outras informações <strong>de</strong> programação disponibilizadas pe<strong>lo</strong><br />

código fonte, o nível <strong>de</strong> Interativida<strong>de</strong>, um resumo da Programação Visual (<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> cores, símbo<strong>lo</strong>s, formas, fontes), e o<br />

nível <strong>de</strong> Acessibilida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> um espaço para outras informações necessárias. A seguir, foram classificados os diversos<br />

conteúdos, se havia artigos, chat, fórum, links, biografias, os temas abordados, o público a quem preten<strong>de</strong> se dirigir, se<br />

i<strong>de</strong>ntifica as Imagens e símbo<strong>lo</strong>s presentes, e se adiciona outras informações que se fizerem necessárias. Por fim, algumas<br />

perguntas facilitaram a apreensão discursiva: Como o site aborda o tema racismo? Que verbos são utilizados, em que tempo e<br />

modo? Como são utilizadas figuras <strong>de</strong> linguagem, metáforas e ana<strong>lo</strong>gias? Há abordagem <strong>de</strong> temas sociais, históricos? Como é<br />

<strong>de</strong>senvolvida? Que dados, estatísticos são utilizados, e <strong>de</strong> que forma? Como se relaciona com a questão do negro? Como ele<br />

é apresentado? Que espécie <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> se busca evocar? Espera-se submissão ao texto? Como o discurso reduz,<br />

enfatiza, associa elementos? Como ele constrói seu objeto? O que se espera do leitor, do internauta? Como a Internet é<br />

discutida no site? Como é utilizada nele? O que os links disponibilizados revelam acerca do site? Este banco <strong>de</strong> dados “varreu”<br />

os sites nele inteiramente copiados, em busca das palavras chaves <strong>de</strong>terminadas. Foram excluídas da busca artigos, numerais<br />

e pronomes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não estivessem contidos em expressões, verbos <strong>de</strong> ligação, interjeições, conjunções e preposições.<br />

Foram mantidos substantivos, próprios e comuns, verbos, adjetivos e advérbios. A tabela a seguir mostra, nos sites<br />

etnografados, as palavras e expressões que mais apareceram no corpo do texto:<br />

Tabela Um

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