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Etnografías de lo digital - UNED

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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

54<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

manifestações mais radicais aponta para que a escrita em antropo<strong>lo</strong>gia seja um<br />

“acto criativo individual mais semelhante à escrita <strong>de</strong> ficção do que a qualquer visão<br />

da pesquisa etnográfica como base <strong>de</strong> uma ciência social. Assim, tais produtos não<br />

estão realmente acessíveis à avaliação crítica <strong>de</strong> uma colectivida<strong>de</strong> informada nem<br />

são compreendidos em termos <strong>de</strong> uma onto<strong>lo</strong>gia realista. Uma resposta a esta<br />

perspectiva tem sido a produção <strong>de</strong> trabalhos altamente reflexivos – mais relatos<br />

subjectivos da forma como o trabalho <strong>de</strong> campo afectou o etnógrafo do que relatos<br />

<strong>de</strong> compreensão ou perspectivas adquiridas acerca da natureza das outras<br />

pessoas... Outra abordagem favorecida é passar a apresentação ao outro pe<strong>lo</strong><br />

emprego do uso extensivo <strong>de</strong> transcrições <strong>de</strong> gravações com pouco ou nenhum<br />

comentário ou análise clara... Outras técnicas pós-mo<strong>de</strong>rnas são esforços que<br />

permitem que a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> perspectivas apareça através <strong>de</strong> tentativas para ser<br />

multitextuais – no seu uso menos estandardizado, frequentemente materiais não<br />

verbais como fotografias e filmes, objectos <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> doméstica, o corpo, poemas<br />

– e multivocal – na sua apresentação <strong>de</strong> diferentes perspectivas sem tentar or<strong>de</strong>nálas<br />

ou avaliá-las” (Davies, 1999: 15-16). Outra forma <strong>de</strong> reflexivida<strong>de</strong>, para que a<br />

perspectiva pós-mo<strong>de</strong>rna aponta, relaciona-se com as questões éticas e políticas<br />

<strong>de</strong>correntes das activida<strong>de</strong>s e do processo <strong>de</strong> investigação. Estas perspectivas mais<br />

radicais são frequentemente criticadas como excessivamente viradas para o interior,<br />

incapazes <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r algo exterior a nós próprios e <strong>de</strong> conduzir a uma<br />

perspectiva pessimista e improdutiva da investigação em antropo<strong>lo</strong>gia.<br />

Numa perspectiva <strong>de</strong> antropo<strong>lo</strong>gia reflexiva, os antropó<strong>lo</strong>gos não po<strong>de</strong>rão limitar-se<br />

às questões <strong>de</strong>correntes da escrita por estritas razões normativas, para melhor fazer<br />

etnografia. Isto seria <strong>de</strong>sconhecer o objecto fundamental da antropo<strong>lo</strong>gia, que não é<br />

a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um real positivo e trans-histórico, mas <strong>de</strong> um real resultante <strong>de</strong> um<br />

entrecruzar <strong>de</strong> olhares entre culturas diversas, histórica e culturalmente<br />

<strong>de</strong>terminadas. Neste sentido, tem a antropo<strong>lo</strong>gia actualmente <strong>de</strong> ser reflexiva e <strong>de</strong><br />

efectuar um retorno aos lugares a partir dos quais, até agora, construiu o seu olhar<br />

sobre (acerca <strong>de</strong>) os outros. Neste movimento <strong>de</strong> “repatriamento”, é inevitavelmente<br />

levada a interrogar-se sobre os seus pontos negros e os seus pressupostos teóricos<br />

que são o exotismo e a alterida<strong>de</strong>. A menos que se contente em repatriar consigo o<br />

tradicional e histórico olhar exótico, para o esten<strong>de</strong>r, sem alterar formas e processos,<br />

à socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, na qual procura espaços marginais e pré-mo<strong>de</strong>rnos prontos a<br />

tomar em conta a sua busca persistente do exotismo.<br />

[...] não se trata apenas <strong>de</strong> ficar naqui<strong>lo</strong> que o investigador diz e edita a propósito da<br />

sua prática mas <strong>de</strong> se interrogar igualmente sobre o que fez, sobre a maneira como<br />

proce<strong>de</strong> no texto etnográfico para dar forma aos seus objectos. Esta reflexivida<strong>de</strong> do<br />

etnó<strong>lo</strong>go sobre si mesmo parece justificar-se do ponto <strong>de</strong> vista da natureza e do<br />

projecto da antropo<strong>lo</strong>gia. Com efeito, se o antropó<strong>lo</strong>go preten<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r coisas<br />

sobre a socieda<strong>de</strong> em geral e sobre a sua em particular por meio das culturas que<br />

toma por objecto, po<strong>de</strong>-se legitimamente admitir que a observação das práticas no<br />

interior da sua comunida<strong>de</strong> científica po<strong>de</strong> ajudá-<strong>lo</strong> a melhor compreen<strong>de</strong>r a forma<br />

<strong>de</strong> fazer e <strong>de</strong> pensar em antropo<strong>lo</strong>gia.<br />

Além disso, uma tal perspectiva reflexiva permite abandonar as dicotomias habituais<br />

entre sujeito e objecto, interpretação e explicação, observação e teoria, na origem <strong>de</strong><br />

numerosos malentendidos senão <strong>de</strong> falsos <strong>de</strong>bates, em antropo<strong>lo</strong>gia e mais<br />

geralmente nas ciências sociais. Permite um ponto <strong>de</strong> vista «construtivista» sob cujo<br />

ângu<strong>lo</strong> a <strong>de</strong>scrição ou a interpretação aparecem como um «assunto <strong>de</strong> grau» <strong>de</strong> que

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