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Etnografías de lo digital - UNED

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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

94<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

terra, o nosso lar e o mais precioso <strong>de</strong> tudo, as nossas crianças, o nosso futuro. (WAU)<br />

Há uma luta para manter a própria natureza num estado evolucionário e hierárquico<br />

(estabelecida por uma hierarquia entre raças), luta esta construída <strong>de</strong> maneira<br />

hierárquica (diferentemente para homens e mulheres) para garantir às<br />

“<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s que se produzem como conseqüências do processo evolucionário”<br />

(portanto absolutamente naturais e legitimáveis), o seu direito <strong>de</strong> se reproduzirem<br />

<strong>de</strong>siguais. Como está “a serviço da Vida”, e o “ariano” seria “um instrumento” que<br />

serve a tal “propósito”. Adquirindo a forma <strong>de</strong> mantra, a <strong>de</strong>fesa das crianças<br />

brancas, portadoras da “raiz mitocontrial ariana” (SWP), se a<strong>lo</strong>ja na pauta <strong>de</strong><br />

discussão acerca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, emoldurada na contemporaneida<strong>de</strong> pela volta ao<br />

bio<strong>lo</strong>gismo, no qual o léxico genômico se <strong>de</strong>staca. O discurso racista privilegia o<br />

evolucionismo, e a genômica <strong>de</strong>termina a pauta dos fóruns:<br />

Pergunta: [...] meu primo tem características genéticas italianas e portuguesas, mas<br />

também indígenas (em pequena quantida<strong>de</strong>). Ele possui pele branca e tem<br />

características predominantemente européias, porém, sei que ele também possui<br />

genes provenientes dos povos indígenas, <strong>de</strong>vido a impurificação <strong>de</strong> sua mãe.<br />

Resposta: [...]a pessoa em questão seria 1/8 indígena, em geral os traços <strong>de</strong> miscigenação<br />

costumam aparecer até a 4ª ou 5ª geração, [...] só po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar ariano o que<br />

apresentar menos <strong>de</strong> 32% <strong>de</strong> material genético não ariano.<br />

Sou filho <strong>de</strong> brancos, neto <strong>de</strong> brancos, sou caucasiano, eu posso ter uma mitocôndria<br />

negra? ou talvez um gameta negro, ou células negras? (CORK – Po<strong>de</strong>r Branco)<br />

Não seria melhor pra humanida<strong>de</strong> evitar a reprodução <strong>de</strong> genes ruins (como os meus) e<br />

incentivar a reprodução <strong>de</strong> pessoas com genes bons? (CORK Bio<strong>lo</strong>gia vc Racismo)<br />

O segundo mecanismo articulado pe<strong>lo</strong>s sites, para validar sua agenda <strong>de</strong> lutas, se<br />

amparar numa moldura mítica, formatando espaço <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong> regras,<br />

va<strong>lo</strong>res, gostos, idéias, símbo<strong>lo</strong>s. Revelam um processo que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das "tomadas<br />

<strong>de</strong> posição pela intermediação do espaço <strong>de</strong> disposições, ou do habitus xx<br />

(ARISTOTELES: 1999); ou, em outros termos, ao sistema <strong>de</strong> separações<br />

diferenciais (BOURDIEU 2004:21) xxi " , validados pe<strong>lo</strong>s mitos reproduzidos inúmeras<br />

vezes, e por rituais que asseguram sua manutenção. Estes mitos e rituais, nascem<br />

<strong>de</strong> classificações, originadas, segundo Cornelia Essner, no “dogma racial nórdico”<br />

(ESSENER: 1995: 18 e ss), <strong>de</strong> Hans F. K. Günther, principal i<strong>de</strong>ó<strong>lo</strong>go do racismo<br />

nacional-socialista xxii , e antigo membro da “Liga para a Germanida<strong>de</strong> Pura”. Günther,<br />

informa Essner, obteve uma articulação entre a ciência <strong>de</strong>nominada por ele <strong>de</strong><br />

“bio<strong>lo</strong>gia social” à idéias que incorporavam princípios <strong>de</strong> eugenia. Nesta articulação,<br />

fundamentada na construção <strong>de</strong> uma categoria em torno da idéia mítica “do<br />

Sangue”(Blutmythos), por um “amálgama <strong>de</strong> símbo<strong>lo</strong>s emprestados” (ESSENER:<br />

1995:20), símbo<strong>lo</strong>s estes que resgatavam, inclusive, o dogma da transubstanciação<br />

católico, recusado pe<strong>lo</strong> luteranismo alemão. O “Sangue Nórdico” restava como<br />

“portador da imortalida<strong>de</strong> simbólica” e o povo alemão lhe traria em suas veias. A<br />

carne e o sangue, nórdicos por herança, se transubstanciavam na raça alemã,<br />

perpetuando-se. Esta eternida<strong>de</strong> virtual só materializaria-se, no entanto, se “o<br />

Sangue” permanecesse puro: isto garantiria a evolução “da Raça’, e “o Reich” seria<br />

a força transcen<strong>de</strong>nte que garantiria esta imortalização. Nas URLs pesquisadas, “o<br />

Sangue” verte no vermelho das suásticas, e por ele está disposto a morrer: “Ou o<br />

Estado nacionalista, ou nossos cadáveres”(RH, TV). É o sacrifício da carne,

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