Etnografías de lo digital - UNED
Etnografías de lo digital - UNED
Etnografías de lo digital - UNED
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />
‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />
95<br />
<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />
Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />
mantendo vivo o sangue. O novo Pão e o novo Vinho: a carne dos soldados e o<br />
sangue nórdico <strong>de</strong> suas veias.<br />
Mas, no que consistia a crença “no Sangue”? Em seu texto mais conhecido, A<br />
Racio<strong>lo</strong>gia do Povo Alemão, Hans Günther <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a idéia <strong>de</strong> que todos os povos<br />
da Europa se construíram da mistura <strong>de</strong> três raças: a nórdica, a alpina e a<br />
mediterrânea. A raça nórdica conservaria o melhor material genético, conservando<br />
em si “a própria vida’, afirmava Günther. Para os bió<strong>lo</strong>gos sociais seria <strong>de</strong>ver do<br />
Estado proteger e melhorar o patrimônio genético social, e para isto seriam<br />
convenientes políticas eugênicas claras; pois a mestiçagem seria o que mais <strong>de</strong><br />
prejudicial po<strong>de</strong>ria acontecer ao “povo ariano” pois impediria que a própria Vida , que<br />
corre em “Sangue” continuasse seu caminho evolutivo. A idéia <strong>de</strong> Günther aspirava<br />
um aumento significativo do sangue nórdico no povo alemão, um processo que<br />
<strong>de</strong>nominou Aufnordung (renordificação) (ESSENER: 1995:70). No entanto, esta<br />
teoria, ainda que servisse, em parte, aos interesses do Reich, foi em parte também<br />
recusada por ele: como era possível ler na cultura nórdica uma “natureza superior”<br />
se a “alta cultura renascentista” nascera à beira do Mediterrâneo? Era preciso<br />
repensar os mitos, e amalgamá-<strong>lo</strong>s a outros para emoldurar a proposta do Reich: a<br />
isto, serviu, <strong>de</strong> maneira inusitada o <strong>de</strong>bate acerca da “mestiçagem humana” <strong>de</strong><br />
Eugen Fischer, geneticista e fundador do Instituto Imperador Guilherme: em sua<br />
teoria, o crânio humano se transforma em artefato cultural, e sua forma <strong>de</strong>termina o<br />
grau <strong>de</strong> nobreza da raça. Preservar a raça seria garantir esta nobreza <strong>de</strong> alma<br />
racial, incorporada ao formato <strong>de</strong> seu cérebro. É importante lembrar: em 1935<br />
<strong>de</strong>creta-se a 15 <strong>de</strong> setembro, a “lei <strong>de</strong> proteção do sangue”, que interditava o<br />
casamento entre ju<strong>de</strong>us e alemães, evitando-se, assim a “mestiçagem que po<strong>de</strong>ria<br />
<strong>de</strong>struir toda a harmonia interior do povo alemão”(V88). O mito vincula-se à ciência,<br />
e sentidos e saberes validam, para os sites analisados, sua proposta <strong>de</strong> ódio e<br />
intolerância:<br />
A Todos os Brancos do Mundo Sim, quer gostemos ou não, hoje em dia estamos<br />
imersos na principal revolução mundial que constitui um ponto <strong>de</strong> mudança primordial<br />
na história humana, e o resultado será uma catástrofe <strong>de</strong> proporções gigantescas ou<br />
na introdução <strong>de</strong> uma nova era da gran<strong>de</strong>za e do bem estar da raça humana. Não<br />
apenas o curso da raça humana será afetado <strong>de</strong> forma drástica, mas o ambiente em<br />
que vivemos também. Mas isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da vitória <strong>de</strong> algum dos lados. Se as forças<br />
malignas constituídas pe<strong>lo</strong>s ju<strong>de</strong>us forem vitoriosas, o futuro da humanida<strong>de</strong> será<br />
domado mais <strong>de</strong>z milhões <strong>de</strong> anos da pobreza, da miséria e da bestialida<strong>de</strong>, isso seria<br />
uma situação da qual não haveria nenhuma reversão aon<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ríamos nunca<br />
recuperar. Se por outro lado, a vitória for da Raça Branca, conduzidas pe<strong>lo</strong> programa<br />
e pela visão do Movimento Criador, teremos um mundo bonito e brilhante emergindo.<br />
Será um mundo <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> beleza, um mundo <strong>de</strong> avanços, do bem estar cultural,<br />
econômico e genético. O resultado meus caros Camaradas Raciais Brancos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> como nos esforçamos para nos conduzir a vitória. (CORK – Orgulho Branco)<br />
ETNOGRAFANDO NO VIRTUAL: UM RECORTE ACERCA DAS<br />
TEMPORALIDADES<br />
Jean Paul Sartre, em O Ser e o Nada advoga: o tempo nasce com o homem.<br />
Opondo-se a idéia originalmente concebida nos textos <strong>de</strong> Aristóteles, para quem o<br />
tempo é primeiramente analisado do ponto <strong>de</strong> vista físico, e apenas posteriormente<br />
como um elemento que interfere nas práticas da ética e políticas, Sartre <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ra a<br />
impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar o tempo <strong>de</strong> forma absolutamente objetiva e quantitativa,