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Etnografías de lo digital - UNED

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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

5<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

O estudo das práticas e dos laços sociais <strong>de</strong>senvolvidos no âmbito <strong>de</strong><br />

comunida<strong>de</strong> virtuais 1 implica a construção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong><strong>lo</strong> que esteja adaptado às<br />

especificida<strong>de</strong>s da Internet como espaço e instrumento <strong>de</strong> mediação <strong>de</strong> relações.<br />

Cumpre <strong>de</strong>finirmos, pois, quais são as ferramentas que po<strong>de</strong>m vir a compor um<br />

quadro a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> referências teórico-metodológicas.<br />

Neste tópico, ocuparemo-nos da revisão <strong>de</strong> algumas das contribuições<br />

centrais dos estudos da linguagem e da antropo<strong>lo</strong>gia para a construção <strong>de</strong> um<br />

mo<strong>de</strong><strong>lo</strong> interpretativo capaz <strong>de</strong> levar a cabo a investigação das relações entre<br />

linguagem, cultura, política e virtualida<strong>de</strong>. Ao fim da exposição das referências <strong>de</strong><br />

teoria e método, faremos a composição <strong>de</strong>las em um esquema que permita<br />

contemplar: 1) os laços sociais no trabalho <strong>de</strong> manipulação <strong>de</strong> tecno<strong>lo</strong>gias da<br />

informação; e 2) as práticas <strong>de</strong> linguagem como performances verbais que se<br />

explicam a) pela experiência comunitária dos agentes do movimento <strong>de</strong> software<br />

livre e código aberto, b) pe<strong>lo</strong> contexto no qual são significadas e c) pela historicida<strong>de</strong><br />

dos discursos postos em movimento.<br />

2.1. Historicização das práticas <strong>de</strong> linguagem<br />

Uma via para além do estruturalismo, da hermenêutica e da fi<strong>lo</strong>sofia dos atos<br />

<strong>de</strong> fala foi aberta pela arqueo<strong>lo</strong>gia <strong>de</strong> Michel Foucault. O final da década <strong>de</strong><br />

sessenta foi o período em que o autor compôs suas orientações <strong>de</strong> método (ou um<br />

anti-método apresentado como sugestão <strong>de</strong> plano <strong>de</strong> trabalho), coincidindo com a<br />

queda do estruturalismo na França, com a gran<strong>de</strong> efervescência <strong>de</strong> novos<br />

movimentos sociais e intensa reformulação teórico-paradigmática.<br />

De uma teoria do discurso que se po<strong>de</strong> extrair do trabalho arqueológico <strong>de</strong><br />

Foucault, duas dimensões foram resgatadas para os estudos da linguagem na<br />

França: a história e a prática. Ao mesmo tempo em que o autor sinalizou os limites<br />

da lingüística estrutural <strong>de</strong> Saussure, apontou também para a uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um estudo que contemplasse o uso da linguagem em contextos institucionais,<br />

fazendo a ligação entre linguagem e po<strong>de</strong>r 2 - discurso e suas condições (históricas,<br />

sociais) <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>. A novida<strong>de</strong> trazida por Foucault foi codificada nos termos<br />

<strong>de</strong> uma “articulação 3 entre práticas discursivas e não-discursivas” - sendo as<br />

1 É creditada a Rheingold a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> virtual: “comunida<strong>de</strong>s virtuais são agregados sociais que<br />

emergem na Net quando um número suficiente <strong>de</strong> pessoas levam a cabo discussões públicas <strong>lo</strong>ngas o suficiente,<br />

com suficiente sentimento humano, para formar teias <strong>de</strong> relações pessoais no ciberespaço” (Rheingold, 1993:5<br />

apud Hine, 2000, tradução nossa). Para o exercício antropológico que propomos, essa <strong>de</strong>finição não nos basta<br />

por não contemplar criação/manutenção/supressão <strong>de</strong> laços sociais com o <strong>de</strong>vido rigor. Ela serve, contudo, como<br />

expressão <strong>de</strong> um movimento cultural que é próprio ao entendimento da Internet como um novo espaço cultural, o<br />

lugar e o tempo <strong>de</strong> novos intercursos sociais. É, antes <strong>de</strong> mais nada, um índice da noção <strong>de</strong> Internet como cultura<br />

e não uma ferramenta heurística.<br />

2 A palestra <strong>de</strong> 1971 publicada no Brasil sob o títu<strong>lo</strong> <strong>de</strong> “A Or<strong>de</strong>m do Discurso” reco<strong>lo</strong>ca o problema<br />

nietzscheano da relação entre po<strong>de</strong>r e linguagem em outros termos. É a própria noção <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m do<br />

discurso que habilita o estudo das constrangimentos institucionais às práticas <strong>de</strong> linguagem. A<br />

hipótese sustentada por Foucault é a <strong>de</strong> que “em todas as socieda<strong>de</strong>s a produção <strong>de</strong> discursos é<br />

regulada, selecionada, organizada e redistribuída conjugando po<strong>de</strong>res e perigos”. (FOUCAULT,<br />

2001).<br />

3 A respeito do que referimos como o problema da articulação, Foucault afirma que “a arqueo<strong>lo</strong>gia faz<br />

também com que apareçam relações entre formações discursivas e domínios não-discursivos<br />

(instituições, acontecimentos políticos, práticas e processos econômicos). Tais aproximações não têm<br />

por finalida<strong>de</strong> revelar gran<strong>de</strong>s continuida<strong>de</strong>s culturais ou isolar mecanismos <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong>. Diante<br />

<strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> fatos enunciativos, a arqueo<strong>lo</strong>gia não questiona o que pô<strong>de</strong> motivá-<strong>lo</strong> (esta é a

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