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Etnografías de lo digital - UNED

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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

45<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

Cultural Critique Marcus e Fisher, 1986) na antropo<strong>lo</strong>gia, ao questionar a noção <strong>de</strong><br />

“terreno”, como lugar objectivo circunscrito num espaço e num tempo, apontando<br />

para uma antropo<strong>lo</strong>gia multissituada (no espaço, tempo e posicionalida<strong>de</strong>) visando<br />

harmonizar a mobilida<strong>de</strong> das forças sociais (<strong>de</strong>s<strong>lo</strong>calização) com a sua fixi<strong>de</strong>z<br />

(<strong>lo</strong>cal), para a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretações dos fenómenos sociais (pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vozes) e para formas dialógicas <strong>de</strong> abordagem do “terreno” e <strong>de</strong> construção<br />

discursiva. Remetem para formas mais criativas, mais conscientes e mais<br />

participativas <strong>de</strong> escrita sem perda das qualida<strong>de</strong>s da investigação académica do<br />

passado (An<strong>de</strong>rson, 1999). Clifford sugere que embora a etnografia não possa<br />

escapar ao reducionismo, po<strong>de</strong> mover-se além das molduras historicamente<br />

abstractas (1988:23). Seguindo esta via, os media digitais em etnografia po<strong>de</strong>m ser<br />

um meio <strong>de</strong> expandir <strong>de</strong>terminados aspectos tradicionais da disciplina, tais como a<br />

estrutura narrativa, a intersubjectivida<strong>de</strong>, a polivocalida<strong>de</strong>, as linearida<strong>de</strong>s e a<br />

utilização pedagógica. Contendo potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conjugar várias formas <strong>de</strong><br />

análise, <strong>de</strong> reflexão, <strong>de</strong> interpretação, e <strong>de</strong> vozes (incluindo a dos sujeitos da<br />

pesquisa), tem o potencial <strong>de</strong> ir além do processo <strong>de</strong> “<strong>de</strong>screver” a cultura para<br />

tentar o centro da própria “experiência da cultura”. Experiência como processo em<br />

que o utilizador dos media digitais, na sua perspectiva hipermediática po<strong>de</strong>rá<br />

adoptar ao fazer o seu estudo e análise antropológica, projectar sua própria<br />

pesquisa, interpretar <strong>de</strong> formas múltiplas a informação etnográfica (An<strong>de</strong>rson, 1999).<br />

O trabalho <strong>de</strong> investigação em Antropo<strong>lo</strong>gia é por si próprio hipermediático 35 na<br />

medida em que envolve a observação multissensorial, a elaboração das inscrições<br />

<strong>lo</strong>cais – registos, transcrições, as ligações entre saberes (<strong>lo</strong>cais e g<strong>lo</strong>bais, microsociais<br />

e macro-sociais, concretos e abstractos), entre dados e teoria. A própria<br />

situação do trabalho <strong>de</strong> campo po<strong>de</strong>rá enten<strong>de</strong>r-se como um processo <strong>de</strong> imersão<br />

semelhante ao do utilizador no hipertexto/hipermédia embora <strong>de</strong> natureza muito<br />

mais complexa (liminarida<strong>de</strong>, trajectórias não lineares, metamorfose, multiplicida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>scentramento, orquestração) e a apresentação final dos resultados (integração da<br />

experiência realizada na instituição - antropo<strong>lo</strong>gia) uma forma <strong>de</strong> criar todo o tipo <strong>de</strong><br />

ligações múltiplas entre dados e interpretação, múltip<strong>lo</strong>s intertextos: <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong><br />

múltiplas vivências, qualida<strong>de</strong>s perceptivas, perspectivas <strong>de</strong> observação e análise,<br />

<strong>de</strong> confronto entre os dados e a teoria, ou mesmo a selecção e utilização dos media<br />

que se vão incorporando na investigação e na relação com o terreno, com os pares,<br />

com a comunida<strong>de</strong> científica, com as instituições. Trata-se pois <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong><br />

montagem (Piault, 2000, Tomas, 1994, Ribeiro, 2000, Bairon, 2003) ou <strong>de</strong> edição 36 .<br />

Permitindo armazenar e organizar uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação, as<br />

tecno<strong>lo</strong>gias digitais e hipermédia tornam possível apresentar todo o percurso <strong>de</strong> um<br />

investigador, articular o processo <strong>de</strong>senvolvido ao <strong>lo</strong>ngo <strong>de</strong> décadas e as contínuas<br />

reescritas do percurso. Os diversos estudos acerca <strong>de</strong> uma mesma problemática ou<br />

a partir <strong>de</strong> um mesmo terreno po<strong>de</strong>rão igualmente ser objecto <strong>de</strong> integração. Claro<br />

35 Para Gosciola “actualmente a hipermédia caminha para <strong>de</strong>senvolver-se e penetrar nos mais<br />

diversos meios <strong>de</strong> comunicação, como aconteceu com a TV. Essa verda<strong>de</strong>ira fricção e<br />

contaminação tecnológica e <strong>de</strong> linguagem, dada a convergência das tecno<strong>lo</strong>gias digitais, tem o<br />

po<strong>de</strong>r reconhecido <strong>de</strong> acelerar os processos comunicacionais. Uma “nova linguagem para um<br />

novo meio” (a hipermédia) já era uma necessida<strong>de</strong> prevista por Vanevar Bush (1945: parte 3).<br />

Essa linguagem está presente em cada obra hipermidiática <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua roteirização até a sua<br />

estruturação <strong>de</strong> conteúdos e links, que, como veremos, é a autoração” (2003).<br />

36 Daí o facto <strong>de</strong>, a nível tecnológico, se referir sempre a necessida<strong>de</strong> tecnológica <strong>de</strong> um potente<br />

editor (nossa opção iniciática – authorware).

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