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Etnografías de lo digital - UNED

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III Congreso Online - Observatorio para la Cibersociedad<br />

‘Conocimiento abierto, Sociedad libre’<br />

47<br />

<strong>Etnografías</strong> <strong>de</strong> <strong>lo</strong> Digital<br />

Grupo <strong>de</strong> trabajo<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento das tecno<strong>lo</strong>gias da representação (fotografia, cinema, ví<strong>de</strong>o,<br />

novos media) e a antropo<strong>lo</strong>gia fizeram um percurso parale<strong>lo</strong> reveladores dos<br />

contextos históricos e sócio-políticos. Ambas nasceram como resultantes da<br />

sistematização analítica do fim do sécu<strong>lo</strong> XIX, não se tratando apenas <strong>de</strong> uma<br />

coincidência mas <strong>de</strong> uma participação comum num mesmo processo <strong>de</strong> observação<br />

científica e da expansão industrial (Piault, 1992 e 2000). Esta relação entre as<br />

tecno<strong>lo</strong>gias da imagem e do som, as linguagens que com elas emergem e a<br />

antropo<strong>lo</strong>gia são apresentadas por alguns autores como uma história paralela.<br />

Christopher Pinney (1992) e Sylvain Maresca (1996), história paralela da fotografia e<br />

da antropo<strong>lo</strong>gia; Marc Piault (1992 e 2001), da antropo<strong>lo</strong>gia e do cinema; Jenkins<br />

(2003), Mason e Dicks (2003) em relação às tecno<strong>lo</strong>gias digitais.<br />

O espaço e o tempo mudaram com o <strong>de</strong>senvolvimento das tecno<strong>lo</strong>gias da<br />

representação e da comunicação e a antropo<strong>lo</strong>gia mudou porque a relação<br />

espaço/tempo se alterou profundamente. Se esta questão é central no cinema e nas<br />

novas tecno<strong>lo</strong>gias da informação, comunicação e conhecimento é também<br />

igualmente central na antropo<strong>lo</strong>gia. Ganha no entanto uma maior e mais acentuada<br />

especificida<strong>de</strong> com o <strong>de</strong>senvolvimento dos media <strong>de</strong> massa e dos novos media<br />

digitais (Augé, 1997, Castells, 1999, Geertz, 2000).<br />

A história paralela entre a antropo<strong>lo</strong>gia e as tecno<strong>lo</strong>gias da representação e<br />

comunicação não é, pois, apenas constituída por uma simultaneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> factos, mas<br />

pela forma <strong>de</strong> apreensão da realida<strong>de</strong>, pelas metodo<strong>lo</strong>gias exp<strong>lo</strong>ratórias baseadas<br />

no olhar, na construção do olhar (a observação) e no ouvir (as palavras) e na poética<br />

das construções discursivas e narrativas em antropo<strong>lo</strong>gia e no cinema, sobretudo no<br />

cinema documentário. Não basta porém analisar as proprieda<strong>de</strong>s dos sistemas<br />

visuais e suas estratégias discursivas mas também as condições da sua<br />

interpretação, relacionando esses sistemas particulares com as complexida<strong>de</strong>s dos<br />

processos políticos e sociais dos quais são parte, mas também reduzir as teorias<br />

antropológicas da cultura para as teorias do cinema (Ruby, 1989; Chiozzi, 1989;<br />

Canevacci, 2001). A antropo<strong>lo</strong>gia evoluiu e <strong>de</strong>senvolveu-se paralelamente à<br />

fotografia, ao cinema e mais recentemente aos novos media digitais revelando as<br />

mudanças dos processos históricos, sociais e políticos que os formatam.<br />

A antropo<strong>lo</strong>gia visual surgiu na segunda meta<strong>de</strong> do sécu<strong>lo</strong> XIX quando a fotografia e<br />

o cinema surgem como inventos (invenções técnicas) importantes, mas também<br />

como contributos relevantes para as ciências, para as artes e para o<br />

preestabelecimento <strong>de</strong> novas relações entre as ciências, as artes e os contextos<br />

históricos, i<strong>de</strong>ológicos e culturais no âmbito dos quais surgem estes inventos e a sua<br />

utilização. A partir da segunda década do sécu<strong>lo</strong> XX quando no cinema surge a<br />

va<strong>lo</strong>rização montagem e da linguagem cinematográfica a antropo<strong>lo</strong>gia visual ganha<br />

novos recursos. Paralelamente o documentário ganha relevo (Flaherty e Vertov) e<br />

solidifica-se a antropo<strong>lo</strong>gia <strong>de</strong> terreno com o trabalho <strong>de</strong> campo realizado por<br />

antropó<strong>lo</strong>gos, Bronislaw Malinowski - Argonauts of the Western Pacific (1922),<br />

ensaiando quase simultaneamente metodo<strong>lo</strong>gias semelhantes às do documentário<br />

(Flaherty e Malinowski) na abordagem da realida<strong>de</strong> social, dos factos sociais e<br />

culturais. A partir anos 60 a observação como activida<strong>de</strong> visual, saber ver, é<br />

acompanhada <strong>de</strong> palavras e sonorida<strong>de</strong>s <strong>lo</strong>calmente produzidas, saber ouvir, saber<br />

escutar. Junta-se assim o som directo às imagens no cinema, no documentário e na<br />

antropo<strong>lo</strong>gia.

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