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demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...

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ção Nacional <strong>de</strong> Jornalistas. Então eu fui participar <strong>de</strong> uma eleição<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro e chegando lá fui surpreendido com a notícia <strong>de</strong><br />

que estava eleito presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Jornalistas.<br />

Saía da presidência da Fe<strong>de</strong>ração o caro amigo Freitas Nobre. Só<br />

que eu não podia ser presi<strong>de</strong>nte porque havia me comprometido com<br />

um candidato <strong>de</strong> Belo Horizonte, Marcelo Tavares, que <strong>de</strong>pois assu-<br />

miu o cargo. Eu me recusei terminantemente, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong><br />

ter recebido uma <strong>de</strong>legação do Sindicato. Então eu teria que vo-<br />

tar nele. I<br />

Durante esse tempo eu militei muito em congressos jornalísticos<br />

e congressos promovidos pela União Brasileira <strong>de</strong> Escritores. Em<br />

1950 eu tinha estreado nas letras com a publicação do meu roman-<br />

ce chamado Os Senhores do Mundo. Nesta época eu era repórter,<br />

não policial, mas <strong>de</strong> informações gerais. Eu convivia muito com<br />

o povo das chamadas classes subalternas e Os Senhores do Mundo<br />

eram aquelas pessoas que viviam marginalizadas da socieda<strong>de</strong> e que<br />

eram <strong>de</strong> fato marginais. O livro se ocupa <strong>de</strong>ssas pessoas. O ro-<br />

mance regional era o estilo da época. Mais do que regional, local.<br />

Foi editado pelo meu jornal em 1950.<br />

INTERCOM — O senhor <strong>de</strong>clarou que com o livro Como Fazer um<br />

Jornal começava a aparecer o estudioso Luiz Beltrão, que encarava o<br />

Jornalismo como matéria que evi<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>veria ser ensinada<br />

para os que <strong>de</strong>sejassem se tornar profissionais <strong>de</strong> imprensa. Mas<br />

como surgiu efetivamente o professor Luiz Beltrão ensinando aluno<br />

<strong>de</strong> Jornalismo?<br />

Prof. Luiz Beltrão — Em 1951, eu participei do 59 Congresso Nacio-<br />

nal <strong>de</strong> Jornalistas, realizado em Curitiba. Eu já estava convencido<br />

nesta época <strong>de</strong> que não somente era possível apren<strong>de</strong>r Jornalismo,<br />

como <strong>de</strong>via se apren<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>via se prestigiar os cursos <strong>de</strong> Jornalis-<br />

mo e como se <strong>de</strong>via até não permitir que continuassem jornalistas sem<br />

uma formação superior. Nem naquela época, nem hoje, eu acredi-<br />

to na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação específica <strong>de</strong> um indivíduo numa pro-<br />

fissão <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong>. Eu acho que o indivíduo <strong>de</strong>ve ter curso su-<br />

perior, porque na universida<strong>de</strong> é on<strong>de</strong> se pesquisa, é on<strong>de</strong> se faz ex-<br />

periência. Quem ganha Prêmio Nobel no mundo são professores <strong>de</strong><br />

universida<strong>de</strong>s que fazem experiência <strong>de</strong>ntro da própria universida-<br />

<strong>de</strong>. Quer dizer, é necessário existir cursos específicos <strong>de</strong> formação<br />

jornalística, mas mais necessário ainda é a formação universitária<br />

do aluno e o jornalista naquela época não tinha essa formação su-<br />

perior.<br />

Então ocorreu que neste Congresso eu apresentei uma tese. Eu<br />

me lembro do momento da discussão da tese. Ela caiu nas mãos<br />

<strong>de</strong> um jornalista comunista para ele dar o seu parecer. Então este<br />

jornalista puxou a brasa para a sardinha <strong>de</strong>le, porque eu falava que,<br />

na União Soviética, como nos Estados Unidos, na Alemanha e na<br />

França, havia cursos <strong>de</strong> Jornalismo. Eu mostrava que cada país<br />

<strong>de</strong>fendia a sua concepção <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acordo com a formação<br />

<strong>cultura</strong>l que tinha. Houve, então, um levante contra a minha tese,<br />

ou melhor, não contra a minha tese mas contra o parecer daquele<br />

jornalista comunista.<br />

INTERCOM — E quem era este jornalista?<br />

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