demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...
demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...
demo comunicação e cultura - Centro de Documentação e Pesquisa ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
parte e um momento, e que é muito mais dinâmica e, historicamen-<br />
te, muito mais po<strong>de</strong>rosa do que elas. Mas, como verda<strong>de</strong>ira ou ilu-<br />
sória realização da vonta<strong>de</strong> social e do contrato "<strong>de</strong> todos entre to-<br />
dos", uma constituinte po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve levar em conta questões relati-<br />
vas k <strong>cultura</strong> — como processo, como po<strong>de</strong>r, como instituição, co-<br />
mo simbolo, como patrimônio — e <strong>de</strong>ve procurar estabelecer prin-<br />
cípios não tanto <strong>de</strong> "salvaguarda", mas <strong>de</strong> realização da <strong>cultura</strong> co-<br />
mo uma experiência participada, aberta, enfim, verda<strong>de</strong>iramente <strong>de</strong>-<br />
mocrática.<br />
INTERCOM — Até que ponto a Comunicação, compreendida aqui<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o simples contato entre os indivíduos até os mais sofisticados<br />
meios eletrônicos, é um processo impulsionador na evolução <strong>cultura</strong>l?<br />
Prof. Carlos R. Brandão — Creio po<strong>de</strong>r respon<strong>de</strong>r isto <strong>de</strong> uma ma-<br />
neira muito simples. Até pouco tempo atrás a <strong>cultura</strong> da humani-<br />
da<strong>de</strong>, a <strong>de</strong> cada povo, a <strong>de</strong> cada tribo, era basicamente como aqui-<br />
lo que os homens faziam e transformavam ao se relacionar com a<br />
natureza. Hoje em dia, uma compreensão mais atual da <strong>cultura</strong><br />
prefere vê-la muito mais como símbolos e relações entre homens<br />
através <strong>de</strong> símbolos, do que como objetos e produções dos homens<br />
sobre a natureza. Afinal, sabemos hoje que a <strong>cultura</strong> é menos o que<br />
os homens fazem e mais o que eles se dizem. Ora, isto não é outra<br />
coisa senão <strong>comunicação</strong>.<br />
INTERCOM — Em suas pesquisas atuais sobre a <strong>cultura</strong> brasileira,<br />
os problemas <strong>de</strong>correntes da Comunicação estão sendo consi<strong>de</strong>rados?<br />
Prof. Carlos R. Brandão — De alguma maneira sim. Minha última<br />
pesquisa, entre camponeses tradicionais <strong>de</strong> São Luís do Paraitinga,<br />
em São Paulo, abordou a questão da reprodução do saber. Isto é,<br />
eu quis compreen<strong>de</strong>r como as pessoas dali transmitem umas às ou-<br />
tras, no trabalho, em casa, fora <strong>de</strong>la e até na escola, diferentes mo-<br />
dalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conhecimento necessário. Ora, sem estar propriamen-<br />
te investigando meios <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong>, eu estive todo o tempo pes-<br />
quisando modos <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong>. Espero que até o fim do ano o<br />
primeiro <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> três trabalhos <strong>de</strong>sta pesquisa seja publi-<br />
cado pela Brasiliense. Ele aborda a questão das relações entre a cul-<br />
tura camponesa e a escola rural e seu nome provavelmente será:<br />
O Trabalho <strong>de</strong> Saber.<br />
21